Alcatéia

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No dia seguinte, após a invasão do atirador à academia, a única aula que tiveram pela manhã foi a de latim e feitiços simples. Depois do almoço, todos estavam descansando debaixo de uma árvore no jardim de trás da casa. Ainda estavam um pouco atordoados pelo ocorrido da noite passada, principalmente Shinso. O jovem alegou não ter conseguido dormir direito depois daquilo, o que era compreensível. Por causa disso, decidiram ficar no jardim depois do almoço. Com o estômago já cheio, junto da atmosfera relaxante do local, talvez pudessem descansar o que não foi possível na noite anterior.
Alguns estavam deitados só olhando o céu, outros lendo algum livro, ou então arrancando a grama do chão. Shinso estava deitado com o livro cobrindo seu rosto, dormindo. Já deduziram que Nemuri não daria aula para eles hoje, já que não havia os chamado até o momento. Talvez estivesse cansada, visto pelo estado dela na noite anterior, ou então ocupada. Era até aceitável, já que ninguém naquela casa estava no clima para ter aula.
Mirio chegou na porta que dava para o jardim, os vendo ali, desanimados. Estava preocupado com o bem estar deles, visto que não haviam conversado muito sobre o que ocorreu. O loiro se aproximou dos amigos.
— Vamos ter alguma aula agora? — Tsuyu perguntou ao vê-lo, e então o resto do pessoal voltou a atenção para Mirio. Até mesmo Shinso havia acordado.
— Não, a Nemuri está recebendo uma visita agora. Desculpa ter te acordado, Shinso. — Mirio se desculpou, sem graça.
— Tudo bem. É até melhor, se não eu não durmo à noite. — Shinso fechou o livro, o colocando no chão.
— Só vim ver como vocês estão. Acho que não muito bem, pelo visto.
— Um pouco melhor do que ontem, pelo menos. — Shinso respondeu, e todos concordaram.
— Bem, fico feliz em saber disso. Estava começando a ficar preocupado.
— E a Nemuri, como está? Ficamos preocupados com ela ontem. — Momo perguntou pela soberana.
— Pelo visto ela tá um pouco melhor hoje também. Mas como eu disse, ela tá ocupada com a visita. Acho que vocês não terão aula com ela hoje. — Mirio os respondeu, vendo-os ainda meio desanimados. — Mas se isso for um problema, posso dar aula pra vocês. — Ele disse, brincando.
— Eu posso escolher não ter aula? — Jirou falou, deitando sua cabeça no colo de Momo.
— Eu tô com você amiga! — Mina concordou com a amiga, fazendo o resto do pessoal rir.
— Talvez eu precisasse de uma aula. Acho que não aguento mais ficar aqui parada. — Ochako falou, esticando as pernas.
— Nerd! — Jirou falou, ainda deitada, arrancando risadas dos outros.
— Bem… uma coisa que me chamou a atenção ontem, mas acabei não falando por causa de tudo que aconteceu… — Mirio acabou se lembrando de algo que percebeu, mas acabou deixando passar batido. — Momo, você tinha dito ontem que conseguiu fugir do cara e aparecer na sala. Com "aparecer", você quis dizer…
— Quis dizer que eu, de fato, apareci na sala. — Ela respondeu. — Foi uma coisa bem doida, mas em um momento eu tava na cozinha, e no outro apareci na sala.
— E você acha que pode fazer isso de novo?
Assim que ele pediu, Momo ficou em silêncio para se concentrar. No mesmo instante ela sumiu de onde estava, aparecendo atrás de Mirio. Todos olharam para ela, surpresos.
— Que demais! — Midoriya olhava para ela, maravilhado.
— Ai, como eu queria saber fazer isso também. — Mina estava empolgada com o poder da amiga.
— Nada impede vocês de tentarem também.
Todos se entreolharam, entusiasmados com a ideia. E depois de um tempo se concentrando e tentando, logo todos já estavam sumindo e aparecendo em outros lugares do jardim. Estavam se divertindo feito crianças.
— Tá com você! — Jirou apareceu do lado de Momo, encostando em seu ombro e sumindo de novo.
Momo encostou no ombro de Mirio, e assim como Jirou, também sumiu. Mirio sorriu, vendo quem pegaria dessa vez. E assim se iniciou uma brincadeira de pega pega, com todos usando o teletransporte. Todos riam, corriam e apareciam um do lado do outro. Aquilo conseguiu melhorar o dia péssimo que estavam tendo.
— Peguei! Não vale pegar de volta. — Ochako pegou Tsuyu, e logo depois sumiu do lado dela.
Ela riu, fugindo da amiga e correndo para perto da porta que dava para dentro da casa. Por causa de toda a adrenalina da brincadeira, mal notou que havia alguém em sua frente, mais exatamente, duas pessoas. Acabou esbarrando nos dois rapazes, vendo se tratar de Bakugou e Kirishima. Ela os olhou, surpresa por estarem ali.
— Ah… oi! O que fazem aqui?
— A Nemuri nos chamou. Já que vocês estão sofrendo ataques de caçadores de bruxas, então ela quer nossa ajuda. — O loiro a respondeu. Aparentemente eles eram a visita que Mirio falou. — Err… — Bakugou parecia querer dizer mais alguma coisa, mas estava sem jeito.
— É que a gente… queria ver se você estava bem. — Por fim, Kirishima acabou falando por ele. Ochako sorriu ao ver que se preocuparam com ela. — Acho que você parece bem agora. Já tá até se divertindo com seus amigos. — O ruivo riu ao ver os outros os observando de longe.
Ochako olhou para trás, vendo seus amigos olharem para ela.
— Tá todo mundo aí? — Uma voz vinda de dentro da casa os chamou a atenção. Um outro rapaz loiro apareceu. Ochako supôs ser um dos amigos dos dois. — Opa, e aí, tudo bem?
— Esse é o Denki. Ele é da nossa alcatéia. — Kirishima o apresentou.
— Eu falei que a gente não ia demorar. — Bakugou reclamou por ele ter ido atrás dos dois.
— A Nemuri que falou pra gente vir. Afinal, nunca fomos apresentados às bruxas.
Ochako viu mais algumas pessoas chegarem no jardim. Eram mais quatro garotos e uma garota. O resto do pessoal que observava de longe se aproximaram para ver do que se tratava.
— Sinto muito pela intromissão do Denki. Eu disse para virmos todos juntos até aqui. — O rapaz de cabelos pretos e óculos se desculpou. — Sua soberana pediu a ajuda de nossa alcatéia, então ela achou melhor que nos conhecêssemos. Eu me chamo Iida. Esses são Sero, Tetsutetsu, Monoma e Kendo.
— Pelo visto vamos passar a nos ver com frequência. Podem ir se preparando, pois o treinamento vai ser pesado. — Monoma se gabava das habilidades dos lobisomens, e Kendo o encarou, brava pela arrogância do loiro.
— Treinamento? — Ochako perguntou, confusa.
— Nosso alfa e sua soberana concordaram que a junção da força física com a magia daria a vocês uma certa vantagem caso sofram outros ataques. — Kendo reformulou a fala ousada de seu amigo.
— E enquanto isso, os dois tentarão investigar de onde vêm os ataques. — Iida completou.
— Que legal! — Mina, como sempre, era a mais animada para aprender coisas novas.
— Já vou avisando que não vou pegar nem um pouco leve. — Monoma falou, fazendo os outros rirem, menos Kendo que o repreendeu mais uma vez.
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Shoto andava até a casa do amigo mais uma vez. Havia voltado para sua casa na noite anterior para arrumar suas coisas para poder visitar sua mãe. Viu o carro do pai do Inasa estacionar na frente da casa. O homem saiu do carro, e parecia muito irritado. Shoto se perguntou se ele havia passado a noite toda fora, e onde ele estava.
Inasa saiu pela porta da frente, e seu pai nem mesmo o cumprimentou, esbarrando no ombro do filho e entrando. O jovem ignorou o pai aborrecido, vendo que Shoto havia chegado. Ele sorriu, acenando para o amigo.
— Bom dia, Shoto! E então, podemos ir?
— Claro! Sua mãe não se importa mesmo de usarmos o carro dela?
— Não mesmo. Ela até comprou alguns lanchinhos pra gente comer no caminho. — Ele mostrou a sacola cheia de comida.
— Que fofa! — Shoto sorriu com a boa vontade da mãe dele.
— Vamos logo, antes que o trânsito fique engarrafado.
Os dois entraram no carro e colocaram os cintos.

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