18. A verdadeira ameaça

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— Amarelo, fale comigo, por favor

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— Amarelo, fale comigo, por favor. – disse, estalando os dedos na frente do rosto dele em busca de alguma reação.

— Ele tá em choque. – alertou o Ciano, de braços cruzados. Meu irmão analisava o corpo inconsciente do Preto na Enfermaria, reparando nos cabos presos nas veias do braço dele e no barulho das máquinas que acompanhavam os sinais vitais.

O Preto ainda estava inconsciente, porém estável. Não demoraria para que acordasse e pudesse nos dizer quem o atacou.

— Encontramos o corpo no corredor da elétrica. – Continuou o Ciano. – Alguém enfiou uma faca no peito do Azul. Pela quantidade de sangue nas mãos nas mãos do seu novo namorado, só pode ter sido ele.

— Não é hora pra isso! – me virei, bravo, na direção dele. – Saia daqui! Vá ajudar o Verde a trancar o local do crime e faça as suas tasks!

— Não se esqueça que quero o corpo para autópsia – interrompeu o Rosa. – Talvez eu encontre alguma pista pra descobrirmos quem é o assassino.

Ciano concordou e deixou a Enfermaria. Ele estava irritado com algo. Em outras circunstâncias, pararia tudo para perguntar se ele estava bem, mas precisava me concentrar no que era importante de verdade.

Esperei que o Rosa limpasse as mãos do Amarelo e checasse se estava tudo estava bem com ele antes de buscar por algum sinal daquele rapaz doce e frágil que não merecia ter presenciado uma cena bárbara como aquela. Coloquei minha mão sobre a face dele e esperei pacientemente por alguma resposta.

Lá fora, conseguia ouvir o desespero das pessoas. As teorias e conspirações deviam ter começado e, mesmo sentindo que deveria estar com os outros, cuidando de tudo, não me movi até ter certeza de que o Amarelo estava bem.

— Vermelho... – a voz dele me fez sorrir.

— Graças a Deus! – falei, aliviado – Você tá bem? Quer um copo d'água?

— Vermelho! – ele agarrou meu colete, me abraçou forte e começou a chorar, em desespero. – Foi horrível! Horrível!

Afaguei seu cabelo, olhei de canto de olho para o Rosa e com um gesto pedi para que nos deixasse a sós. Aquele era um momento delicado, não sabia o que tinha acontecido, mas duvidava que o Amarelo fosse capaz de matar alguém.

Ele tremia em meus braços, chorando compulsivamente e respirando cada vez mais pesado. Com ele sentado na maca, curvei o corpo para continuar acariciando seu cabelo e esperei até que todo aquele desespero se dissipasse e Amarelo começasse a falar.

— Tentei ajudar, mas o Azul já tava morto! Juro que tentei, o sangue escorreu de um jeito... É como se eu estivesse de volta na Terra... Eram tantos cortes, tantas feridas... A faca tava bem no meio do peito dele.

— Calma. Olha pra mim. – guiei seus olhos até os meus lentamente e tentei mostrar um semblante sereno. – Tenta relaxar o corpo, se concentra só na minha voz e me conte devagar tudo o que houve. Passo por passo, sem pressa.

— O reator estava falhando, precisava de alguém pra me ajudar a consertar porque sozinho era impossível. Achei que pudesse encontrar um de vocês na elétrica, então desci até lá e quando cheguei no corredor encontrei o corpo do Azul no chão. – Ele chorava cada vez mais. – Corri até ele, gritei por ajuda, mas ninguém me ouviu. Gritei tanto, Vermelho...

— Tá tudo bem, eu tô aqui agora. – o abracei novamente antes de voltar às perguntas, sempre em um ritmo mais lento para que ele não voltasse ao estado catatônico de antes. – Não tinha ninguém por lá? Lembra de ter visto outra pessoa?

— Não, eu estava o tempo todo no reator. Assim que saí de lá fui direto pra Elétrica, não tinha absolutamente ninguém além do Azul!

A Elétrica fazia parte da ronda do Azul, ele era o responsável por caminhar por aquela parte do corredor enquanto Ciano ficava com a ala norte. Pensei na última vez em que vi meu colega de trabalho e nas pessoas que encontrei pelo caminho.

Minha mente começou a fazer uma lista mental de possíveis suspeitos. O Amarelo estava abalado demais para fazer algo, o Rosa esteve o tempo inteiro com o Preto na Enfermaria e a Branco não teria como ter matado alguém e ido calmamente para a navegação conversar comigo.

Entre os que restavam, estavam Verde, Ciano e Roxo.

No fim, lembrei de como o Verde agiu estranho em nosso último encontro, de um jeito que me perturbou e me fez imaginar o que ele estaria disposto a fazer para evitar uma tragédia igual a que destruiu seu acampamento na Terra.

Precisava agir antes que fosse tarde demais.

— Fique aqui, tá bem? O Rosa vai te ajudar enquanto converso com os outros.

— Por favor, não me deixa sozinho!

— Vai ficar tudo bem, querido. O Rosa vai cuidar de você. – expliquei, calmamente. – Os outros precisam saber o que houve, vou conversar com eles e mais tarde venho ver como você está.

Dei um beijo de despedida nele e saí dali rapidamente.

Todos os demais estavam enfileirados na parte de fora da Enfermaria, no corredor, cochichando uns com os outros e esperando um pronunciamento sobre o que tinha acontecido.

A hora de mentir tinha acabado. Precisava contar para todos a verdade: da morte da Laranja, do desastre no setor de luxo e a morte do Azul.

Querendo ou não, era minha responsabilidade e não iria me isentar de revelar todos os detalhes.

— Cuide do Amarelo. – Sussurrei para o Rosa, que concordou e saiu dali para entrar novamente na Enfermaria.

Quando me virei para os outros, foquei meu olhar em Verde e imaginei o que deveria fazer com ele quando explicasse tudo aos demais. Ninguém estava seguro.

— Sinto informar. – comecei, respirando fundo e me preparando para o mar de confusão que começaria assim que fizesse aquele pronunciamento. – Temos um assassino entre nós.

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