31- Aposta?

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Lili recostou a cabeça na parede.

Nenhum voo saindo hoje à noite significava que ela teria que dormir no aeroporto. Claro, ela poderia ir para um hotel, mas, por algum motivo, queria sentir pena de si mesma.

Bem, era isso e a pequena oportunidade de ela conseguir um voo mais cedo que o de Dylan.

Isso era tudo que ela precisava.
Sentar ao lado de Jake depois de dormir com o irmão dele.
A vida dela era como um seriado de TV dramático.

Ela balançou a cabeça e estremeceu.

O aeroporto estava deserto. Não estava ajudando seu péssimo humor. Talvez ela
realmente devesse ir a algum lugar para não terminar chorando sozinha num canto. Isso seria o fim da linha.

Pegando o celular, ela apertou MENU, mas a tela estava preta. Ela o sacudiu — não que sacudir um telefone ajudasse em alguma coisa.

Morto.
Como seu coração.
Quem diria.

Ela o jogou de volta na bolsa e suspirou. Talvez, se fechasse os olhos por um tempo, ela conseguisse dormir um pouco.
Mas, no instante em que eles se fecharam, ela ouviu uma voz.

— Ei...

Os olhos dela se abriram.

— Dylan?

— Eu sei, eu sei. Eu deveria estar no condomínio ou sei lá onde, mas fiquei entediado. E a vovó saiu dizendo alguma coisa sobre comer sobremesa com o vizinho longe dos olhos vigilantes da família, e isso me deixou ainda mais entediado. E a mamãe e o papai estavam tratando a situação como uma nova lua de mel, se é que você me entende. De qualquer maneira, decidi que nada era pior do que isso, por isso fui pra casa.

— Ah. — Lili se ajeitou no assento e interrompeu o contato visual.

— Mas aí — Dylan continuou a falar —Cole tinha saído, e a vovó estava resmungando
alguma coisa sobre o maldito neto. Não consigo evitar de pensar que ela estava se referindo a mim.

Lili bufou.

— O quê? — Dylan a cutucou. — Nenhuma observação petulante? Nenhuma concordância? O que há de errado? Você tá doente ou alguma coisa assim?

Ela sacudiu a cabeça e caiu no choro.

— Meu Deus, me desculpa. Me desculpa mesmo. Eu não sabia que você estava triste. Sou um canalha egoísta, às vezes. O que há de errado? Você tá doente? Você tá bem? —Dylan a puxou para abraçá-la.

A sensação era estranha, nem um pouco parecida com Cole. Era reconfortante até
certo ponto, mas só como um amigo, não como uma alma gêmea.

Ela estremeceu, tentando recuperar o fôlego.

— Nada. Tá tudo bem, tá... — Ela continuou a soluçar apesar de querer parar.

— Lili? — sussurrou Dylan no cabelo dela. — O que há de errado? O que aconteceu?

— Cole.

— Vou matá-lo. — Dylan a afastou e se levantou. — Foi ele que fez isso com você? É por isso que você está chorando? Aquele filho da...

— Não, não. — Lili fungou. — Fui eu também. Fomos nós dois. Mas, no fim, foi ele.

— Hein? — Dylan se agachou até seu olhar ficar no mesmo nível do dela. — Por que não começa do início?

Ele não tinha ideia. Esse homem perfeito não tinha ideia da dor que lhe causara. Bem, ele ia saber agora.

— Na verdade... — A voz dela oscilou. — Começa com você.

THE BET. (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora