Há oito meses atrás aceitei minha parceria com Lucien e há um mês virei Grã-Senhora da Corte Diurna. Sim, isso tudo parece ser uma loucura e realmente é, mas finalmente acho que encontrei meu ponto de paz em Lucien, meu parceiro. Antes era tudo tão novo, toda minha antiga vida, meus planejamentos, tudo destruído em um único dia. Eu estava confusa com a nova vida de feérica, meu noivado arruinado, meus... poderes e um macho desconhecido que afirmava ser minha alma gêmea. Ele não era, eu tinha certeza que não era, minha alma gêmea havia me rejeitado e destroçado meu coração. Mas então eu me permiti conhecê-lo por inteiro, sem restrições e percebi que tinha me apaixonado perdidamente por cada parte sua, cada cicatriz, cada história, cada momento que passamos juntos e por fim aceitei. Ficamos trancafiados em um quarto na Casa do Vento por seis dias, fazendo... vocês sabem o que estávamos fazendo. Ir para a Corte Outonal não era uma opção, então permanecemos em Velaris por duas semanas, até que... Descobrimos sobre a verdadeira paternidade de Lucien. Rhysand e Feyre já sabiam e por esse motivo meu parceiro quase os estrangulou.
Estávamos juntos na cama, de novo. Eu e Lucien, nossos corpos emaranhados e eu nunca estive tão feliz. Então ele brilhou intensamente, seus cabelos ruivos reluziram como se fossem o próprio Sol e imediatamente eu soube. Existem algumas peculiaridades de meus poderes que ninguém sabe, nem mesmo meu parceiro. A clarividência é conhecida como meu único dom, mas... há certo tempo, espectros de luz me rondam, estão sempre comigo, eu os sinto enrolados em meu corpo, enrolados em meu ser, fazem parte de mim. Eles conversam comigo, me contam coisas e me protegem quando necessário. Sei que não recebi isso do Caldeirão, pois senti as luzes pela primeira vez quando enfiei a Reveladora da Verdade na garganta do Rei de Hybern e desde então me acompanham para onde quer que eu vá, me deixando informada sobre diversas coisas e uma delas foi relatada a mim no momento em que servi a primeira refeição à Lucien, Helion era seu pai e meu parceiro seu único herdeiro. Escondi o choque e me preparei durante duas semanas para contar à ele, porém Beron foi mais rápido ao decepar a cabeça do então Grão-Senhor da Corte Diurna.
"Beron pegou o Grão-Senhor aos beijos com Vatra Vanserra. a Senhora da Outonal." -Me disse uma das luzes.
''Decepou a cabeça de Helion tão rapidamente que o mesmo não teve tempo de se defender." -Disse outra.
Tudo isso aconteceu enquanto eu encarava o novo Grão-Senhor da Diurna brilhando em cima de mim, dentro de mim, meu parceiro. Escondi todo o choque novamente, deixando apenas o espanto transparecer. Ninguém pareceu perceber as luzes me rondando, provavelmente não podiam ser vistas, mas Azriel, ele me olhava com estranheza, como se indagasse se havia algo diferente em mim. Depois de quase nos beijarmos naquele maldito solstício, nunca mais o vi. Escolhi fazer isso para o nosso próprio bem, aquilo nunca daria certo, não era certo. As luzes me informavam sobre algumas coisas sobre ele, mas certa vez, revelaram que agora o mesmo tinha uma parceira, Gwyneth Berdara, pedi para que não dissessem mais nada sobre ele ou ela e desde então não tenho mais notícias do mesmo.
Após dois dias da descoberta da morte de Helion, eu e Lucien partimos para a Corte Diurna, Rhysand e Feyre nos deram muito apoio e assim, fomos recebidos pelo povo.
Todos se curvaram para nós, nos louvaram como se fôssemos deuses, foram devotos na coroação de Lucien e se mostraram um povo caloroso comigo e eu novamente encontrei outro ponto de paz, aquela Corte, ali era o meu lugar.
Nos próximos dias eu e Lucien nos casamos e não apenas ele, mas também o povo insistiu para que eu fosse coroada Grã-Senhora e assim aconteceu.
Minha coroa é bem parecida com a de Lucien, folhas de ouro douradas com uma insígnia flamejante e uma safira branca na ponta, enquanto a dele tem um diamante laranja e brilhante como seus cabelos. Torneada em meu braço, uma cobra feita inteiramente de ouro idêntica a de meu parceiro. Foi difícil para Lucien superar todo o problema da morte de seu pai e ainda governar uma Corte, mas aos poucos superaremos todos o nossos traumas, juntos, pois é isso que parceiros fazem. Feyre me envia cartas regularmente me parabenizando e conversando comigo, sinto uma saudade imensa de minha irmã, levando em conta que não há vejo a oito meses seguidos e mal posso esperar para nos encontrarmos novamente.✣
Fiz um bom trabalho ao cuidar dos jardins da Corte Diurna, eram bonitos antes, mas não se assimilavam a beleza estonteante de agora. Peônias alvas como o luar dispõem-se na entrada principal e adiante dentes de leão, ipês e magnólias exuberantes. Eu adoro cuidar destes viridários, flores são importantes para mim, me salvaram em um momento que ninguém mais pôde. Continuo admirando o pôr do sol magnífico da varanda de meu quarto, as luzes se extinguindo do céu e dando espaço para os pequenos pontos de luz tranquilizadores ocuparem o horizonte ametista. Escuto o som da maçaneta girando e vejo um Lucien exausto adentrando a suíte.
-Tudo correu bem? -Pergunto em relação à reunião com Vassa.
A mulher pássaro. Eu costumo comparecer em todas as reuniões da corte, discutir potenciais aliados, administrar contas e exércitos enormes, dentre outros deveres que ser uma Grã-Senhora exige, mas quando se trata de Vassa... Nunca me senti confortável perto da rainha humana, talvez por ciúmes de meu parceiro, algo que eu não queira admitir, mas querendo ou não está evidente. A proximidade deles é grande, porém é claro, sei que Lucien não sente nada além de amizade e afeto genuíno pela garota. Não sei qual é a verdadeira causa do meu desconforto e falta de afinidade com Vassa, mas de qualquer forma, Lucien não parece perceber. Também não acho válida minha presença nessas reuniões, já que não se tratam sobre discussões estritamente políticas e sim de assuntos pessoais, como o fato de a maldição que pairava sobre a mortal, desaparecer repentinamente.
-Sim, não conseguimos entender exatamente o que aconteceu, mas agora temos certeza de que o Koschei e as outras rainhas estão mais do que preparados para atacar e o mais perigoso, têm sede de vingança e sangue. -Ele diz enquanto desamarra as linhas da camisa branca, deixando a mostra o belo peitoral bronzeado.
Ele me dirige um sorriso malicioso.
"Não temos nenhuma informação sobre o paradeiro da mulher pássaro, senhora." -As luzes contatam.
Isso me intriga, algo que nem mesmo as luzes conseguem captar ao menos uma pequena informação.
Lucien caminha até mim e desliza as mãos por meus ombros, meus braços, até segurar minhas mãos e beijá-las.
-Acho que talvez a maldição lançada sobre Vassa, tomasse certo poder do Koschei. Por isso a libertou, já que não tem controle total sobre os mesmos nesse corpo e também está planejando atacar. -Eu digo.
-Talvez. -Lucien murmura enquanto beija meu pescoço.
-Lucien, isso é sério, estou falando sobre algo que coloca a vida de todos nós em risco. -Digo com dificuldade. -Uma potencial nova guerra.
Meu parceiro levanta a cabeça de meu pescoço e olha em meus olhos.
-Isto. -Ele diz apontando entre nós. -Isto sim é algo sério, seríssimo.
Solto uma pequena gargalhada e o beijo, me entrego a ele, meu parceiro, mais uma vez.
✣
O sol nascia brilhante no céu, lindo. Minha cabeça está apoiada no peito dourado de Lucien, tão calmo e sereno que não sinto vontade nenhuma de acorda-lo, mas...
-Ei. -Digo baixinho e ele abre os olhos imediatamente, me apertando contra ele.
-Estou aqui. -A voz gutural devido ao despertar.
-Sinto falta de Feyre e... Nestha. -Nós nos resolvemos, eu e Nestha, mas nunca teremos a mesma relação. Estamos mudadas agora, não sei quanto, mas talvez muito, levando em conta que não a vejo há quase um ano. Minhas irmãs não vieram em minha coroação luxuosa e exagerada, tudo estava muito corrido na Corte Noturna. Porém, Nestha, nem sequer me enviou uma carta, correspondência, cartão postal ou qualquer coisa, Feyre me disse que ela está bem, encontrando a verdadeira felicidade com seu parceiro, Cassian, eu espero que realmente esteja. -Acho que devemos visitá-las.
-Quando quer ir?
-Hoje, talvez? -Pergunto fazendo uma voz doce e rouca
-Certo. Iremos hoje. -Seus lábios puxaram-se para cima em um sorriso divertido.
✣
Decidimos que não iríamos atravessar, então, resolvemos que usar nossos pégasus seria uma boa opção. Não apelidei o meu ainda, mas venho pensando frequentemente em qual nome devo dá-lo. Voar em pégasus é, provavelmente, a única atividade que se iguala ao prazer que tenho ao cuidar de minhas flores.
Em certo ponto, avisto Velaris, uma cidade estonteante como sempre. Guiamos nossos pégasus para o chão e quando aterrissamos, as memórias vislumbram minha mente. O Rio Sidra, a Casa do Vento, as noites acordadas que passei horrorizada com... meus poderes, as noites acordadas que passei comemorando com minha família e os dias que passei chorando, assustada, destruída, estilhaçada e... Esqueço todos esses pensamentos quando vejo Feyre e Nestha, minhas irmãs.
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A Court of Shadows and Sunrise
Teen FictionEsta é minha ideia de como será o próximo livro de acotar, ainda não pensei em uma boa sinopse. Espero que gostem.