Eu adoro Olimpíadas. No caso, para ver do sofá mesmo, já que minhas habilidades esportivas se resumem a 100 sono com olheiras, levantamento de bocejos e preguiça artística.
Mas muito me encanta acompanhar as provas, até as que não entendo muito bem (com algumas exceções, tipo o rúgbi, que não me animou nem um pouco). Conhecer as histórias - muitas vezes de superação inspiradora - dos atletas e o caminho que percorreram até chegar ao pódio é sempre interessante.
Considero um privilégio testemunhar a História Olímpica sendo feita e ter visto, mesmo que pela TV, fenômenos como Usain Bolt e Michael Phelps, por exemplo; assistir a consagração de brasileiros como Daiane do Santos, César Cielo e mais recentemente a Fadinha do Skate, Rebeca Andrade, Mayra Aguiar, Ítalo Ferreira e todos os nomes por quem torcemos mesmo sem conhecer e que, por ventura, não terminem com uma medalha.
Mas outra coisa tem me chamado bastante atenção nesta edição dos Jogos, algo que certamente não é novidade, mas que só agora me saltou aos olhos: As formas dos atletas. E falo das formas físicas mesmo.
Há atletas dos mais variados aspectos e, ainda que as modalidades apresentem uma leve padronização por conta do tipo específico de preparo que cada uma demanda, é possível ver claramente que cada corpo é distinto.
Se nas pistas de atletismo há atletas mais magros ou musculosos, no arremesso de discos e no judô, não são poucos que um olhar desatento e preconceituoso arrancaria comentários de "como estão acima do peso". No vôlei de praia, a brasileira Rebecca Silva tem formas que alguns podem apontar como "rechonchuda", o que, indiferente da injustiça, não a coloca como inferior às adversárias, pelo contrário, a atleta atua em alto nível, se destacando e com chances reais de pódio.
O que significa algo que deveria ser óbvio: não temos forma padrão. Não somos iguais (fisicamente). Ser magro não é sinal de ser saudável e nem tão pouco ser gordo é doença ou preguiça. É algo que deveria ser mais do que óbvio, na verdade.
Sério, observe os atletas, cada um deles. Todos chegaram nas Olimpíadas depois de extensa rotina de treinos, com acompanhamento médico, nutricional, e etc. E é muita prepotência o piloto de sofá que fica sem fôlego depois de dois lances de escada achar que, por pesar mais, determinada pessoa é menos saudável.
A magreza, tão idolatrada hoje em dia, ou todos os procedimentos estéticos utilizados para que alguém pareça magro (ou saudável), muitas vezes são apenas uma embalagem bonitinha para abrigar os mesmos problemas, que são resolvidos apenas com uma rotina não sedentária, alimentação mais saudável, e uma boa dose de força de vontade.
E claro, sentir-se bem com a própria imagem e cultivar a autoestima é fundamental para saúde mental, mas é preciso entender que não existe padrão.
Afinal, se atletas olímpicos podem ser magros, gordos, altos, baixos, musculosos ou não, e ainda assim conquistarem o lugar mais alto do pódio, por que não podemos seguir o exemplo? Pode não valer medalha, mas, sem dúvida, é um ótimo passo para uma vida mais feliz.
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Todos os Corpos em Tóquio
RandomOs Jogos Olímpicos sempre são uma atração fantástica, onde os melhores do mundo se encontram. Além dos objetivos em comum, todos eles tem muitas diferenças que vão além das histórias de vida e incluem a aparência.