[✓]𝐂𝐨𝐫𝐭𝐞 𝐝𝐞 𝐂𝐚𝐨𝐬 𝐞 𝐒𝐨𝐦𝐛𝐫𝐚𝐬| ᵃᶻʳᶦᵉˡ

Capítulo 1 - 𝐏𝐚𝐫𝐭𝐞 𝐔𝐦

NARRADOR

Um grito ecoou pela cela fria junto com uma gargalhada cruel. Serena estava amarrada em uma cadeira enquanto sentia cortes fundos serem feitos pelo seu corpo, ela gritava sentido as lágrimas escorrerem pelo seu rosto enquanto se perguntava o que havia feito para merecer aquilo.

— Oh! Não chora, meu bichinho. — Kieran fala acariciando o rosto pálido da garota. — Isso é por uma boa causa, você sabe que precisamos ficar juntos. Você é minha, Serena. E em breve será minha esposa.

— Eu jamais me casaria com alguém podre como você. — Ela cospe as palavras e Kieran sorri agarrando seu pescoço.

— Sim, você vai! Irá se casar comigo e será minha rainha. — A cada palavra ele apertava mais seu pescoço impedindo-a de respirar. — Então iremos tomar Prythian, escravizar a todos e fazê-los beijar meus pés.

— Boa sorte para conseguir isso sozinho. — Serena fala com dificuldade quando ele larga seu pescoço.

— Quem disse que farei sozinho? É pra isso que eu tenho você, bichinho. — Ele se ajoelha à sua frente. — Você trará o caos e eu terei você ao meu lado, amor.

— Eu jamais ficaria ao seu lado. — Serena puxa as correntes tentando atacá-lo. — Você vai cair, Kieran. E eu serei responsável por isso.

Era uma promessa que Kieran ouvirá desde a primeira tortura, os olhos sem brilho da garota e o ódio em suas palavras assustaria qualquer um.

Menos ele.

— É o que veremos. — Ele sorri antes de ir até a porta. — Levem-na.

Há 115 anos atrás o pai de Serena a vendeu para Kieran, o herdeiro de Hybern. Ela sabia que Harvyn – seu pai – a odiava, ele fazia questão de deixar isso bem claro, mas Serena jamais imaginou que ele a venderia para alguém como se ela não valesse nada.

A mãe de Serena, Astrid, morreu quando Serena completou 75 anos.

Astrid e Harvyn não se casaram por amor e sim, por causa de uma aliança. Cinco anos depois do casamento, Astrid encontrou seu parceiro, os dois se encontravam sem que Harvyn soubesse e quando ele descobriu ficou furioso. Harvyn não amava Astrid, mas quando descobriu que ela o traía, o mesmo a estuprou a deixando grávida.

Quando Serena nasceu, uma névoa preta e vermelha rondava seu corpo como um tipo de proteção e no mesmo dia, seu pai matou o parceiro de sua mãe. Astrid ficou devastada e não cuidou de sua filha nas primeiras duas semanas, mas Harvyn a obrigou, não ligou para sua dor e fez ela cuidar da menina e lhe ensinar tudo o que Serena deveria saber.

Em um dos dias em que aprenderia algo novo, Serena encontrou sua mãe deitada na cama, seu rosto estava pálido e ela tinha um sorriso no canto dos lábios. Serena chorou, chorou por amá-la e por ela ser a única pessoa que se importava com a garota, mas ela não culpava sua mãe pois sabia que a pior dor era de quando se perdia seu parceiro.

Harvyn não se importou com a morte da esposa e uma semana depois apresentou Serena para Kieran. No começo a garota o achou lindo, gentil, uma ótima pessoa...

Era apenas uma máscara.

Ao descobrir seus planos, Serena tentou avisar seu pai, mas Harvyn já sabia de tudo e no mesmo dia Kieran a levou para Hybern e a aprisionou em uma das torres mais altas.

Serena sabia que os outros grão-senhores não faziam ideia que o Rei Hybern tinha um herdeiro. Kieran era um sádico, ele era pior que seu pai e a garota temia por todos de Prythian.

— Acorda! — Serena acorda em um pulo ao sentir seu corpo entrar em contato com a água, ela solta um resmungo de dor pelo esforço e puxa o ar trêmulo para os pulmões.

A maior parte do tempo, Serena ficava em uma cela que só tinha espaço para seu corpo. Ela passava meses sem sair dali, ficava em pé, com fome, sentindo frio por conta do vento gelado e da água da chuva que entrava pela parte de cima da cela que era aberta e quando pegava no sono, jogavam um balde de água em seu corpo ou batiam no portão de ferro a assustando. Serena só saia dali quando Kieran se lembrava da sua existência e ela preferia que ele não lembrasse, afinal Kieran só tirava ela da cela para tortura-lá e estuprá-la.

É claro que Serena tentava lutar contra aquilo, mas Kieran usava algo que fazia ela não conseguir se mexer, mas ela ainda sentia. Sentia os tapas que ele lhe dava, seu membro se movimentando dentro dela e era obrigada a escutar as palavras sujas que Kieran dizia até ele se sentir satisfeito.

Serena olhou para cima e observou as estrelas abraçando o próprio corpo. Ela amava observá-las, gostava de contá-las para ver se esquecia nem que fosse por alguns segundos o lugar que ela estava.

“Por favor, por favor. Me tire daqui.”

Eram as palavras de súplica que rodavam em sua cabeça enquanto implorava sentido as lágrimas molharem seu rosto.

“Alguém, por favor, me envie alguém…”