Sarah Andrade
Nossos olhares estavam presos um no outro, ninguém se mexeu, era como se estivéssemos presas num transe e ninguém fosse capaz de interromper.
Mas eu tinha que acabar com isso.
Balancei minha cabeça soltei a mão da mulher, ela parecia um tanto desnorteada como eu, mas fez o possível para não deixar transparecer mais, voltou a sua "pose classuda" e me encarou, agora com os braços cruzados abaixo dos seios.
— Um ótimo jeito de começar no seu novo trabalho. — comentou, arqueando uma sobrancelha e entortando levemente a boca. { Um ato que achei adorável, seria cômico se não fosse trágico. }
— Me perdoe! Eu só... Me desculpe — engoli seco, sentindo minhas mãos suarem.
— Vou deixar passar — diz enquanto caminha para trás da enorme mesa — Desta vez. — me olhou rapidamente e então se sentou em sua poltrona. — Então senhorita...?
— Andrade! Sarah Andrade. — estendi minha mão e me arrependi no mesmo instante, ela apenas me encarou e desviou o olhar para a tela do seu computador. Recolhi minha mão, levemente envergonhada, e me sentei na cadeira de frente para ela.
— Bem, senhorita Andrade, a empresa me mandou seu currículo. — diz pegando uma pasta vermelha que estava sob a mesa.
Oh não. Merda, merda, merda. Havia um currículo, ela iria lê-lo e logo descobriria minha farça. Comecei a entrar em pânico e a suar frio quando sua voz soou novamente me deixando em choque
— Sarah Andrade, trabalhou como babá por dois anos na casa dos Albuquerque Trindade, formada em pedagogia...
A essa altura eu já não prestava mais atenção no que ela dizia. Como era possível? Era muita coincidência que a moça que não chegou se chamava Sarah também. Estava aliviada e com medo diante de tanta coisa dando certo de uma vez, é como se a qualquer momento algo ruim fosse acontecer e acabar com todo meu alívio.
— Então você fala inglês fluentemente? — sai do meu transe ao ouvir sua questionamento.
Ok, isso era assustador, a mulher do currículo tinha alguns pontos em comum comigo e um deles era o fato de falar inglês. Assenti, confirmado a sua pergunta.
— Eu sou muito exigente, senhorita Andrade, não gosto de funcionários petulantes e muito menos desajeitados. — pontuou — Bem, iremos fazer um mês de teste, caso você se dê bem e se adapte a rotina das crianças, o emprego é seu. — diz e rabisca algo em um papel, logo em seguida ela o empurra em minha direção.— Esse vai ser o valor que irá receber pelo mês de teste e, se conseguir o emprego, será o seu valor mensal.
Uou! Tudo isso? Eu poderia ficar rica com três meses de salário. Ok, não rica, mas com um bom dinheiro para não passar fome.
— Como eu avisei na agência, preciso de alguém que possa passar as noites aqui, isso não é um problema para você, certo? — assenti e ela continuou — Ótimo, você começa todo os dias as 6:00 e está liberada as 18:30 quando já tiver arrumado as crianças para dormir. Casos especiais podem acontecer, como alguma festa ou jantar, nessas vezes irei pagar hora extra e nos fins de semana você está livre.
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Por um Triz - Sariette
RomanceDurante uma fuga da polícia, Sarah Andrade acaba parando na mansão Freire, onde conhece Juliette, uma advogada fechada para o amor, que vive para o seu trabalho e seus quatro filhos; Vitória, Gustavo, Júlia e Bento. No meio da confusão de sua chegad...