A única vez que algo deu certo

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Quando acordou no meio da noite, sentia-se estranha, atordoada, vazia...
Não sabia explicar a sensação. Mas não estava com um único resquício de sono.

Levantou-se da cama sem pressa, ficou parada ali ao lado da sua cama por uns segundos. O chão do quarto aos poucos deixou de ser frio, ficando em uma temperatura adaptável em seus pés.

S/N olhou para trás, mais especificamente em sua cama.
Ela permanecia dormindo, lá. A sensação de olhar para si mesma dormindo era, sem dúvida, a mais esquisita que já havia sentido antes, mas tinha certeza que medo não era algo a se adicionado se ela tentasse explicar o que sentia ali.

Não estava nem um pouco assustada. Perante a tudo que já viu, isso aqui nem lhe causava frio na barriga ou arrepios.
Seu olhar foi guiado para frente, vendo a porta fechada do quarto. Ela seguiu para lá em passos cuidadosos, mesmo que tivesse a certeza de que não iria acordar ninguém.

Sua mão atravessou a maçaneta da porta.

Encarando a mão por alguns segundos, S/N se perguntava como aquilo seria possível. Talvez tudo não passassem de sonho.
Sem mais delongas, S/N atravessou a porta do quarto, nesse meio segundo, ela sentiu a respiração ficar mais tensa, porém voltou ao normal quando se viu fora do quarto.

Ainda estava lúcida, então fez um tuor pela própria casa.
Passou pela sala, pelo corredor, pela cozinha e pelo quarto dos pais. Não havia nada de novo, nada fora do lugar, nada que ela não já tenha visto antes.
Apenas um silêncio reconfortante tomando a casa.

Ela refez o caminho até quarto, atravessou a porta como antes e congelou ao ver que seu corpo não estava na cama.

~ Não entre em pânico... É apenas um sonho maluco!

Então por que ela não acordava?

Aterrorizada com o que estava acontecendo, ela olhou para os lados, nada havia mudado desde que se deitou para dormir.

Havia uma luz refletida pela janela entre-aberta do quarto, ela notou uma sombra.
Ela mesma.
Sentada sob a janela, observando o tempo calmo e a leve chuva que começava a cair do lado de fora. Ela viu o próprio corpo estender o braço pela janela, molhando a mão.

Até agora, não achava isso possível. Mas ver seu corpo agindo sem ela a fez com que percebesse o pouco controle que tinha sob as próprias habilidades paranormais.
S/N aproximou-se lentamente. Seu corpo físico pareceu ouvir algo se aproximando, pois reagiu virando a cabeça para ela.

Olhos abertos, azuis e cintilantes. O seu corpo estava consciente.
Definitivamente não era ela ocupando seu corpo ali.

- Quem... Quem diabos é você? - S/N gaguejou.

Aquela coisa (seja lá o que fosse), não a respondeu imediatamente.

- Fuyuki Hashire. - Ela respondeu, não era a sua voz também.
- Quem...
- Eu já fui como você, já tive a sua idade também. Faz quanto tempo desde que me senti assim?... Oh... Quase duas décadas eu acho. Eu teria 37 anos de idade atualmente se não tivesse me matado.

Era ela. A mulher que S/N tanto via. Ela sabia que havia algo nessa casa que a incomodava, não era algo de sua cabeça. Bingo!

- Como você... fez isso?
- Não teria feito se você não tivesse deixado eu o fazer. Vi você saindo do próprio corpo e não resisti, não deve fazer isso com tanta segurança assim. Sorte sua que foi eu, já imaginou se seu corpo fosse tomado por um assassino em série já morto? Tome cuidado, menina!
- Vai devolver o meu corpo?
- Eu só... queria saber como era sentir uma última vez.
- Sentir o que... Exatamente?
- Sentir-se viva. Desde que percebi que você poderia me ver, eu tenho tentado contato. Mas não sabia como fazer, no final das contas, só te deixei assustada. Desculpe por tudo isso.
- Por que você se matou?
- É difícil explicar. Mas sei que não era o meu tempo ainda... Também não é o seu tempo. Você ainda tem muito o que viver.

O que diabos você vê?! (Imagine Bakugou)Onde histórias criam vida. Descubra agora