O Início 1-2

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Amanheceu. Exatamente cinco e meia da manhã da segunda, segunda feira do mês.
Era uma manhã tipica do inverno gélido do Michigan. Apesar do despertador, só despertei com o barulho da janela, essa que não teria sido fechada corretamente, batendo conforme o vento soava por ela.
O quarto estava um gelo, meus pés pareciam anestesiados e meus lábios se tremiam enquanto respirava profundamente, buscando coragem para me levantar da cama gelada e fechar corretamente a janela causadora de tudo isso. Muitas coisas estavam passando pela minha cabeça, não tinha ainda um plano pra quando chegasse na escola e isso me preocupava. Estava com medo de pagar um mico logo no meu primeiro dia de aula.
   
   Me vi fora dos meus pensamentos quando escutei dois toques na porta do quarto. Era o meu Pai! O homem de cabelos grisalhos pediu licença e se colocou dentro do quarto. Eu estava tão cansada que por reflexo cobri meu rosto com o cobertor e suspirei pesado enquanto escutava o barulho dos passos do homem mais velho. Ele fechou a janela que batia e fazia o barulho que me acordou, puxou a cadeira da escrivaninha para perto da cama em que estava deita e chamou minha atenção chamando pelo meu nome.

     —Aylla, eu acho que não vai ser tão ruim assim. Essa escola é legal e... você também, vai se enturmar rápido. Tenho certeza que vai.
       Ele disse e se levantou enquanto eu tirava o cobertor do rosto. Talvez ele estivesse certo e eu só estava exagerando um pouco. Ou não.
  
—Se arruma ai e confere a sua mochila antes de descer. Se for rápida, ainda conseguimos tomar café da manhã na lanchonete do Don.
          Disse e saiu do quarto.
   Bom.... Eu não tinha muitas escolhas então me arrumei e conferi a mochila da escola.

        Nós saímos da casa, meu pai tomou seu café na lanchonete do seu amigo Don. Estava tão ansiosa que não tive nem apetite para comer ou beber algo antes de ir pra escola. Não consigo descrever em palavras todas as sensações que oscilavam pelo meu corpo, minhas mãos estavam suando perante ao frio que estara fazendo.
  O caminho pra escola foi bem tranquilo, meu pai parecia animado por mim e ansioso também. Era legal isso por um lado tendo em vista que nunca tive ninguém entusiasmado por mim antes. Não é querendo julgar a minha mãe, eu a amo, mas, ela nunca deu tanta atenção para as minhas questões e nunca se fez entusiasmada com as minhas escolhas ou com coisas que ja tive que enfrentar pra amadurecer. Confesso que uma parte de mim estava feliz em ver aquilo vindo do meu pai. Ele não parece ser uma má pessoa e isso me intriga por não saber o real motivo do abandono da minha mãe. enfim... muito cedo pra questionar isso.
    
Me mantive em silêncio durante o trajeto até a escola, apenas observando o caminho e a vista da janela do carro enquanto me perdia em pensamentos e suposições diante da melodia de "Sidewalk", obrigado The Weeknd.
      Diante a escola. Haviam muitos alunos ali na frente e por um momento, todos pareciam estar com os olhos presos ao carro do meu pai, esse qual eu estava dentro, talvez por ser diferente e eles nunca terem o visto por ali. Não sei, só sei que agora eu estou muito nervosa e mesmo diante ao frio, sentia meu corpo soar.

   —Eu tenho que ir né?
         a minha voz saiu direcionada ao homem mais velho, enquanto arrancava os fones do meu ouvido e me preparava para deixar o carro e me por diante a todas aquelas pessoas.

  
— Sim. Fica tranquila e tenta aproveitar o seu primeiro dia filha. Qualquer coisa me liga, se sentir mal ou sei lá. Vai lá e confia
     O homem de meia idade disse com um sorriso de incentivo.

    É agora ou nunca. Eu saí do carro com a mochila em um dos ombros, mãos nos bolsos e com um olhar confiante. Não queria deixar visível que eu estava amedrontada embora eu realmente esteja, quem não estaria né? Entrar na escola no meio do ano letivo é o pesadelo de qualquer estudante do ensino médio.
  Enquanto andava em direção a entrada da escola, fui parada por um grupo com umas 4 pessoas, duas meninas e dois meninos. Eles estavam sorrindo e aparentemente vieram até mim para me recepcionar ou começarem com a chacota com a novata aqui

   —Senhorita.....? Bom eu sou o Mike, eu já sei o seu nome, Aylla Willians né? O seu nome está circulando pela escola tem umas duas semanas. Seja bem vinda!!
        disse o menino de cabelos loiros e sorriso largo enquanto ria ironicamente em meio a suas boas vindas.
Enquanto ele falava a minha cabeça ficava "meu nome? circulando pela escola? Duas semanas?????" estava confusa. todos ali já sabiam quem eu sou?

        —Mike, você vai deixar ela sem graça falando assim.
      Oi Aylla, Eu sou a Mia, essa é a Elle e ele é o Jhony. Nós somos da sua turma e... talvez seja menos desconfortável a sua adaptação se nos tornarmos amigos.
           A menina de cabelos escuros e descendências orientais se apresentou pra mim e apresentou também os amigos que a acompanhavam.

    —Ta, vem vamos comer alguma coisa antes do sinal tocar e irmos pra primeira aula. Você vem né Ally?
                  A outra menina que estava junto deles disparou a mim.

  Eu não estava nem um pouco preparada pra essa recepção, não soube como responder a eles de imediato e nem como reagir a suas palavras, mas, confesso que fiquei um pouquinho aliviada por já ter companhias pra comer nos intervalos. Se não fosse por isso e me conhecendo bem, eu não faria amizades ali nem tão cedo.
  Todos eles pareciam ser pessoas legais e extrovertidas. Mia aparentemente é a cabeça deles, a mais centrada e educada. Mike é o típico cara sem noção, que sai falando o que cai na telha. Elle parece ser mais reservada e direta, poucos rodeios, vai direto ao ponto e, o Jhony? Ele é o nerd do grupo, estava com a cara em algum jogo no celular, na hora eu nem reparei direito no seu rosto e na sua presença.
      Me sentei com eles em uma das mesas do grande refeitório. Diferente deles, eu sou vegetariana e enquanto eles comiam bacon e hambúrguer, eu me satisfazia com fatias de chuchu, cenoura e maçã.

 
   —Então a minha chegada não foi novidade pra ninguém aqui?
       Perguntei pros jovens que estavam ali junto a mim
    

Blood MoonOnde histórias criam vida. Descubra agora