O Lorde Mountobbani - Mounbridge 01

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Mounbridge House, Londres

 Esta autora está simplesmente deslumbrada com a notícia que alcançou-me no dia anterior. Todavia, devo segurar minha pena e conter minha empolgação.
 Há cinco dias lhes informei sobre a chegada de um famoso conde à Londres, que finalmente retornara depois de tanto tempo longe. Após o baile de Lady F., há pouco tempo, também mencionei a hipnotizante dança deste mesmo lorde com a esbelta e reconhecida Lady M., que atraíram todas as atenções possíveis para si e a excitante valsa, que retirou o fôlego de muitos dos presentes. 
 Um passarinho contou-me que o lorde M. foi à casa da dama para um cortejo ontem à tarde, e como se isto não fosse emoção suficiente para nossos pobres corações, ambos ainda foram vistos passeando juntos pelo lago Serpentine, no Hyde Park, com a mãe e um dos cães de caça da jovem – mais conhecidos como seus irmãos – lhes acompanhando um pouco atrás. 
 Lhes garanto, queridos leitores, que finalmente temos um verdadeiro e possível casal emocionante nesta temporada.
 Para os demais, eu desejo boa sorte nesta competição acirrada, afinal, superá-los se tornou uma tarefa muito árdua, e ouso dizer, impossível. 

Crônicas da Sociedade Britânica 
15 de abril de 1811

A sala de visitas da residência dos Mounbridges não estava completamente cheia, mas havia um número considerável de cavalheiros no recinto, todos tentando atrair a atenção da exuberante Catarina, que estava sentada em uma poltrona, infeliz com muitos dos desagradáveis pretendentes que tentavam inutilmente conquistá-la com tolas poesias e outros galanteios.

A condessa conseguiu, depois de muito se esforçar, afastar Harry e Benjamin da irmã, deixando-a no centro do recinto, recebendo todas as atenções. Ambos se encontravam isolados em um canto da sala e nenhum pouco felizes, principalmente o mais velho dos dois, que não gostava nada dos olhares maliciosos ou da lábia de muitos dos libertinos presentes.

Catarina se encontrava exausta de tanto sorrir falsamente para os patéticos homens ao seu redor. Era horrível saber que quem ela conseguiu encantar, eram eles. Sentia-se péssima. Desapontada consigo mesma era o mais correto.

— ...e o meu pobre coração transborda de felicidade — recitou lorde Percy Finningham, completando sua – Catarina julgava ser fúnebre – poesia. Ela somente sorriu de canto em agradecimento, e desejava nunca mais vê-lo novamente. 

Catarina pôde avistar, de soslaio, Benjamin segurando o riso do outro lado do recinto, encarando ela e o lorde Finningham, obviamente se divertindo com a situação deprimente que a irmã estava envolvida, o que a fez cerrar os punhos e cravar as unhas nas palmas das mãos, mas a mesma suspirou pesadamente em seguida, relaxando todos os músculos tensionados.

Harry estava ao lado do irmão. Com seus braços cruzados e olhos semicerrados, ele avaliava minuciosamente cada jovem que se aproximava da irmã, julgando-os internamente, isso era fato.

A condessa se encontrava em uma poltrona ao lado da filha, sorrindo abertamente para cada rapaz que se aproximava para lhe elogiar, em uma vã tentativa de encantar a mais jovem das duas com meras palavras galanteadoras dirigidas à matriarca dos Mounbridges.

Catarina não achava que aquilo pudesse piorar, mas, para sua sorte e imensa surpresa, uma luz se acendeu sobre sua cabeça, como um raio de Sol penetrando nas nuvens cinzentas após a chuva.

Seus olhos piscaram atordoados algumas vezes, tentando ter a certeza de que estava vendo bem, e de que não era uma peça pregada por sua imaginação fértil, e no momento, bastante desesperada.

Ele havia comparecido...

Ah, agora Catarina sentia-se bem consigo mesma, e sem dúvidas, deveras aliviada.