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Três anos depois...
Rafael
Finalmente o último ano de faculdade. Eu adiantei algumas cadeiras, deixei algumas para lá, mas consegui me formar e ter todas as minhas horas extras. Fiz isso porque queria me formar junto da Isa, ela atrasou um pouco por causa do seu intercâmbio, mas agora ela conseguiu e vai colar grau junto de mim.
Ainda falta um semestre para finalizar tudo, eu estava bem tranquilo com poucas cadeiras e meu estágio, e tudo correndo do jeito que eu queria. Eu já tinha cumprido o estágio obrigatório, e agora eu só estagiava, pois gostava muito do que fazia e ter o meu próprio dinheiro era maravilhoso.
Meus pais estavam muito animados com a minha formatura. Meu pai falava pra todos os amigos do trabalho que eu iria me formar no final do ano e minha mãe contava para todas as amigas dela que eu já estava quase concluindo meus estudos. Era muito bom ser o motivo de orgulho deles.
Mas o destino brincou comigo. Minha mãe adoeceu logo no meu primeiro mês do meu último semestre. Ela foi perdendo as forças devagar e pensávamos que era somente uma gripe, mas quando ela teimava em não melhorar fomos ao médico.
E a notícia que tivemos abalou o meu mundo e o da minha família. Minha mãe foi diagnosticada com câncer de pulmão. O tumor era inoperável. Ele estava bem desenvolvido, só poderíamos fazer o tratamento para uma possível pausa no crescimento do tumor.
Fomos a diversos hospitais, fizemos diversos exames, e infelizmente todos deram a mesma coisa. As esperanças eram poucas, mas eu ia me agarrar a elas com toda a minha força.
A cada sessão da quimioterapia o meu chão ia desabando, queria permanecer forte por ela, mas era muito difícil. O mundo parecia girar tão rápido que me jogaria pela tangente. Quis diversas vezes jogar tudo pro alto e ficar com a minha mãe, mas a dona Lucia era forte, e me impediu todas as vezes que eu quis fazer isso. Ela disse que não iria a lugar nenhum enquanto não me visse de beca e com meu diploma.
O tumor não parava de crescer, e os médicos conversaram com a minha mãe sobre as possibilidades que ela tinha. Eu não tive coração para escutar a conversa. Mas as conversas que eu tinha com ela eram praticamente as mesmas.
– Mas mãe, serão somente alguns semestres... – tinha faltado a aula de hoje para ficar de olho nela. Meu pai tinha ido ao mercado comprar algumas coisas para a despensa.
– Nada disso meu filho – ela fala sentada no seu novo sofá favorito na nossa sala. – Eu só quero que você continue com a sua vida normalmente.
– Mas a minha vida não está mais normal mãe...
– Vai ficar meu Rafa. O mundo não pode parar só porque eu estou morrendo...
