Capítulo 1

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Essa é uma história clichê sobre reinos, política e guerras... E como um bom clichê, esse também começa com uma valsa.

O pôr do sol marcava o início das horas mais perigosas, mas eu não poderia mandar que meu exército recuasse. Estávamos cercados, os olhos brilhantes e ferozes ao nosso redor não escondiam isso. Era tudo o que conseguíamos ver na escuridão daquela floresta.

O príncipe dos itzans travava uma batalha pessoal contra mim e pouco distante dos outros, eu estava cercada também. Todos estavam exaustos, mas eu sabia que eles seriam obrigados a recuar se conseguisse sua cabeça naquele momento, por isso continuava tentando.

Flautas, violinos e palmas.

O casal gira mais uma vez naquele círculo confuso, porque o príncipe desapareceu como fumaça quando minha espada o atingiria.

Flautas, violinos e palmas.

Eu sabia que ele ainda estava por perto, sua magia não o permitia ir muito longe. Olhei em volta enquanto tentava encontrá-lo, ouvindo apenas sua risada.

Os olhos. Aqueles olhos azuis brilhantes o denunciavam mesmo em meio à escuridão. Tentei golpear novamente, sem poder demonstrar que a espada já parecia tão pesada quanto uma besta selvagem naquela altura. Não. Os outros dependiam de mim e seus gritos desesperados apenas me motivavam a continuar.

Flautas, violinos e palmas.

Ele desviou mais uma vez, segurando a lâmina com sua própria mão antes que ela atingisse seu rosto. Seu olhar continuava vazio apesar da dor que a ferida provavelmente causou, não demonstrava nada.

Olhei para baixo ao sentir uma pontada dolorida e notei o corte que ultrapassava minha armadura pesada, na altura da minha costela. Aquele... Como ele conseguiu?!

Flautas, violinos e palmas. O casal gira mais uma vez.

Eu precisava afastar minha espada de sua mão antes que ele me golpeasse mais uma vez. Girei, jogando todo o peso do meu corpo para o lado, torcendo para que essa força fosse o suficiente para que minha lâmina ficasse livre. O príncipe desapareceu novamente.

Agora o rastro do sangue que escorria de sua mão o denunciava ainda mais do que seus olhos cintilantes, mas isso não me dava qualquer vantagem. Ele era rápido até demais para mim, era preciso reconhecer, e eu estava ferida. Uma ferida ardente que queimava. Maldito. Provavelmente sua lâmina estava embebida em veneno.

Meu corpo já estava enfraquecido por causa dos dias sem comer e das lutas que não acabavam, e embora fosse a menor e mais fraca, era também a mais ágil e poderosa. Todos os outros contavam comigo e morreriam se eu permitisse que o príncipe sombrio vencesse.

Eu estava desesperada. Olhei em volta e meu olhar cruzou com o de Ermy, um soldado que era meu amigo mais próximo. Ele também estava assustado, seu rosto era o perfeito retrato de todos os outros argians naquela floresta.

Não, eu não tinha tempo para ceder ao medo. Eu sentia o veneno da lâmina do príncipe sombrio tomar meu corpo, queimando cada vez mais. Aquele era o meu exército e ele não teria triunfo. Eu ainda era a mais ágil.

Soltei minha espada. Naquele momento o itzan deve ter pensado que havia ganhado aquela batalha. Eu podia sentir seu sorriso, por mais que estivesse escondido. Alguns pararam para observar. Eu precisava de apenas um pouco de fôlego... O suficiente.

Corri como nunca antes, juntando todas as forças que ainda restavam em meu corpo, ignorando o quanto meus pulmões e meu corpo queimavam por causa do veneno. Corri, porque a vida do meu povo dependia disso. Corri enquanto recitava as palavras que levariam toda a minha força. Se eu falhasse, aquela também seria a morte de todas as pessoas que eu amava.

O Príncipe Sombrio [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora