SHOWER (wilmon)

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      Ninguém casa pra separar.

Principalmente se esse casamento foi com o amor da sua vida e vocês tiveram que ir contra tudo e todos, fazer literalmente uma revolução, para ficarem juntos.

É ainda mais difícil pensar em separação quando o amor é absolutamente o mesmo dos primeiros dias, e a admiração mútua apenas cresceu no dia a dia, durante a convivência, e o orgulho da pessoa que você ama apenas se intensificou com o passar dos anos. Mas e se a paixão esfriar? 

Se não existir mais diálogo ou momentos de apenas ficar sem fazer nada juntos, porque você é casado com o rei da Suécia e ele parece mais e mais ocupado a cada dia? Se dormir ao lado dele fosse, em alguns momentos, como dormir ao lado de um estranho, porque vocês por vezes não se vêem por meio mês e parece que, a cada novo intervalo de tempo separados, mais e mais em mundos diferentes vocês se encontravam?

Simon não se lembrava exatamente de quando o seu príncipe encantado Wilhelm, se tornou o Rei Wilhelm, que pertencia a toda uma nação, menos a ele. Certamente foi em algum momento daqueles 10 anos de casamento. Ele só não conseguia lembrar exatamente quando... Com toda certeza foi gradualmente. Não aconteceu do dia para a noite, Wilhelm simplesmente não acordou do nada e decidiu se tornar tão distante, tão indiferente. Não mesmo. E Simon nem percebeu toda a merda se tornar grande demais, ele nem teve a chance de tentar alcançar novamente o homem que amava, porque quando se deu conta, ele já estava longe demais.

Tão longe... Perto dos olhos, mas inalcançável ao toque. Era essa a sensação que Simon vinha tendo frequentemente nos últimos meses, e ele não gostava dela.

Exatamente como agora. Simon via claramente um sorridente Wilhelm, mesmo que por entre tantas pessoas, conseguia imaginar com facilidade o motivo do riso educado dele, mesmo que tantas vozes tornasse as coisas em sua cabeça extremamente embaralhadas e confusas.

Ele queria tanto ir pra casa. Queria tanto sua cama impregnada com uma mistura de seu cheiro junto com o de Wilhelm, o silêncio confortável, que só não era absoluto por causa da respiração forte de Wilhelm ao seu lado e do ar-condicionado, que mesmo odiado por Simon, sempre permanecia ligado quando Wilhelm estava no palácio porque o rei não conseguia dormir sem aquele frio artificial.

Mas Simon não sabia quanto tempo mais teria que aguentar aquele jantar de caridade cheio de gente rica, que estavam mais preocupadas em ostentar suas vidas ricas e poder dizer que estavam em um jantar rico com o rei, do que em realmente doar alguma coisa para as crianças famintas. Eles até doavam alguma coisa, um dinheiro de troco para o tamanho de suas fortunas, mas só porque era pré requisito para estar ali. Hipócritas. Se ele pudesse, apenas iria embora sem nem mesmo se preocupar em se despedir, mas ele não podia. Wilhelm estava ali e Simon ainda tinha que manter a reputação da família real impecável, agindo como o ótimo enfeite ao lado de Wilhelm que era. Bonito, sorridente e educado. E sair antes de Wilhelm sem dar alguma face a todos ali seria tudo menos bonito e educado. Simon também não poderia demonstrar ser muito mais do que aquilo em público.

Simon agora era um duque, título esse que lhe foi concedido após Wilhelm virar rei, pois ele se recusou a herdar o título de príncipe do marido e Wilhelm simplesmente riu por horas quando Simon, muito seriamente, propôs que lhe chamassem de Rainho. Sim, rainho, por que não? Era isso que ele era, não é? Marido de um rei. Então rainho parecia muito bom para Simon quando Wilhelm o obrigou a aceitar um título oficial, forçando-o a deixar seu tão agradável "nome de pessoa normal" para trás, o último fio que o ligava ao Simon plebeu que ele tinha sido por quase duas décadas. Mas, acabou que todas as opções, tanto as propostas por Wilhelm quanto as de Simon— Rainho e continuar um plebeu sem título— foram recebidas sem muito entusiasmo por quem as ouviam. Até que Sara sugeriu um sorteio, e 10 minutos depois, a Suécia tinha ganhado mais um duque.