único

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— papai, tem um monstro embaixo da cama.

Aquela frase não pegou changbin desprevenido de jeito nenhum, afinal, era a quarta vez que ouvia durante aquela semana.

Quando fechou o baú de brinquedos do menor e ficou de pé, seus olhos capturam a expressão amedrontada do menininho. O moreno sabia que jeongin não era de mentir, ele sempre foi muito honesto sobre o que estava sentido e era nítido o medo nos olhos amendoados e brilhantes do seu filho naquele momento.

Changbin não tardou em abandonar o restante dos brinquedos que carregava nas mãos em cima da cômoda ao lado do abajur de lua, ocupando o espaço na beiradinha da cama do yang. Jeongin mantinha o rostinho contorcido numa careta assustada, as mãozinhas puxava o cobertor de carrinhos até altura do nariz, os olhos felinos eram facilmente lidos e changbin os conhecia como a palma da sua mão. A mão suave do mais velho repousou sobre os fios negros e brilhantes do menininho, um meio sorriso compreensível cresceu em seus lábios, tentando aliviar a dor do menor com apenas aquilo.

— eu tô com medo. — a vozinha abafada pelo cobertor saiu trêmula. Aquilo fez o coração do seo apertar, odiava vê-lo daquele jeito.

— papai vai expulsar esse bicho feio daqui. — apertou de leve a barriguinha do garoto, este que riu baixinho ainda se escondendo dentro do cobertor grosso.

— eu quero o papai chan. — o sorriso de changbin diminuiu o suficiente para apenas ficar uma linha reta em seus lábios, ele buscou a pelúcia de lobinho em cima da cômoda e entregou ao garotinho, este que sem pensar duas vezes agarrou a pelúcia contra o peito e esfregou de levinho o rosto no tecido cinza que formava o lobinho de olhos puxadinhos e sorriso contente.

— ele daqui a pouco chega. — informou com um sorriso complacente, voltando a cobrir corretamente o menor.

Changbin observou jeongin se aninhar na cama confortavelmente, ficando de pé aos poucos sem que ele notasse, tomou distância até a porta sem tirar o olho do garotinho, mas assim que tocou na maçaneta da porta o yang sentou na cama subitamente com os olhinhos cheios de lágrimas e os bracinhos para cima, as mãos gorduchas abrindo e fechando a fim de chamar o mais velho de volta para sua cama.

— ei, neném, não chore. — imediatamente changbin retornou, sentando no mesmo lugar e abraçando o menino contra seu peito, acariciou levemente seus cabelos e sussurrou palavras de conforto e beijos por seus fios cheirosos.

— tem monstro, papai. — jeongin choramingou contra a camisa do mais velho. — innie tem medo, não me deixa sozinho.

O moreno suspirou baixinho, pegando o garotinho de três anos e corpinho rechonchudo no colo, aconchegando ele em seu peito.

— tudo bem, binnie vai ficar aqui com você. — acariciou os cabelos do garotinho, esticando sua mão livre até a cômoda, pegou a chupeta com desenho de um cachorrinho no meio e colocou nos lábios finos do menor, aninhando ele melhor em seus braços antes de ficar de pé.

Ainda agarrado a pelúcia de lobinho que tinha o cheiro do seu outro pai, jeongin adormeceu lentamente nos braços fortes de changbin. O moreno continuou cantarolando variadas canções de ninar que aprendeu ao decorrer de sua carreira como pai de primeira viagem até o yang estar totalmente adormecido, levou ele com cuidado até a cama e repousou seu corpo molinho de sono no colchão macio, o cobrindo com o cobertor colorido antes de tomar postura e estalar as costas no processo.

Antes que pudesse sair, jeongin se remexeu na cama e segurou na mão do seo, impedindo que ele desse mais um passo. Changbin suspirou novamente e se abaixou rente a cama, innie estava com os olhinhos fechados, os cílios finos sendo espremidos pela ação, as maçãs do seu rosto estavam levemente rosadas e um biquinho adorável esculpia seus lábios. Então o moreno decidiu deixar a luz ligada e deitou-se ao lado do filho, a cama era pequena até mesmo para ele, mas ainda assim ele se espremeu na ponta e deitou a cabeça no espacinho pequeno que sobrou do travesseiro. Jeongin se virou em sua direção, as mãos pequenas tocaram o rosto redondo de changbin, tocando desde suas bochechas até seus olhos, os dedos finos tatearam todo pequeno detalhe do rosto maduro do pai mesmo com seus olhinhos fechados.

Ficou com o garoto até que ele estivesse ressonando baixinho, e talvez tenha ficado mais um pouquinho depois dele pegar no sono ressaltando nele mesmo cochilando naquele minúsculo espaço.

Não soube exatamente que horas acordou com um leve agrado em seus cabelos, quando abriu os olhos pesados viu a silhueta esguia de chan rente ao seu corpo, o cabelo dele estava uma bagunça, os fios tingidos de vermelho espalhados para todos os lados, o cheiro de sabonete que transbordava do seu corpo indicava que ele tinha acabados de sair do banho, o pijama que ele usava era composto por uma camisa branca lisa e uma calça listrada. Ele sorriu carinhosamente para seu esposo e seu garotinho que antes dormiam agarrados.

Changbin tomou o maior cuidado possível ao ficar de pé e sair da cama de fininho com chan em seu encalço, antes de sair do cômodo, ligou a luz do abajur e a babá eletrônica que jeongin preferia pensar que era um walk tok super moderno, os dois saíram do quarto juntos fechando a porta devagar para não assustar o menino, suspirando em alívio em ter aquela tarefa do dia concluía.

— amanhã você irá colocar ele pra dormir. — desabou nos braços do ruivo, escondendo o rosto na curvatura do seu pescoço. Chan riu acolhendo o corpo pequeno, acariciando as costas do seo como forma de reconforta-lo. — cuidar de um bebê é tão difícil. — choramingou o menor.

— eu sei, amor. — não conseguia evitar sua risada em ver o menor com um biquinho cansado e a voz falha. Changbin estava nitidamente exausto.

— ele sente sua falta. — ergueu o queixo, o apoiando no ombro do mais velho, aproximou devagar a pontinha do nariz na pele alva e sensível do seu pescoço, esfregando ali apenas para sentir o cheiro agradável que exalava do corpo do maior impregnar em seu olfato.

— vou tentar chegar mais cedo amanhã, assim você pode descansar. — prometeu, colocando uma mecha de cabelo do seo atrás da orelha, erguendo o rostinho cansado do moreno pelo queixo, ele parecia que dormiria ali de pé apoiado em seu corpo a qualquer momento.

— ele disse que novo que tinha um monstro embaixo da cama. — informou ao mais velho, se afastando devagar dele.

— e o que você disse?

— que vou pegar o bicho feio na porrada. — o jeitinho que ele falou era semelhante a uma criança arteira e foi impossível para o ruivo não explodir em risadas.

— você é impossível. — changbin deu de ombros, mostrando pouco interesse.

— vou tomar banho, não durma sem mim. — balançou o dedo indicador e o médio em um V na direção do bang, seus olhos sendo semicerrados no processo, uma tentativa falha de botar medo no maior.

— não farei isso.

Changbin sumiu pela porta do banheiro, deixando chan para trás.

Enquanto esperava o menor tomava uma ducha, o ruivo retornou ao quarto do seu garotinho para checar se ele ainda estava dormindo, abriu a porta lentamente para não fazer barulho e espiou, jeongin ainda dormia agarrado a pelúcia de lobinho que chan tinha comprado de presente para ele numa viagem. Como era muito ocupado com o trabalho, acabava passando muito tempo fora de casa, e aquela pelúcia era quase um substituto do bang, changbin até mesmo tinha espirrado um pouco do perfume do australiano no lobinho para acalmar o yang uma vez, tal coisa que realmente funcionou para surpresa do casal.

Chan entrou no quarto novamente, encostando a porta e deixando o barulho sutil da água do chuveiro caindo para trás, caminhou pelo carpete até a cama pequena, sua mão grande acariciou o rosto delicado de jeongin, um sorriso pequeno crescia das pontinhas do seus lábios até formar as pequenas covinhas que decoravam suas bochechas, ele se abaixou rente ao pequeno e depositou um singelo selar em sua testa, ajeitando a franja grandinha do menino sobre seus olhos logo em seguida.

— papai vai te proteger desse monstro malvado. — proferiu baixinho, segredando somente a ele e a jeongin que ressonava baixo. Chan ficou de pé, sorrindo besta pela imagem adorável do moreninho adormecido.

Assim que escutou o barulho da água cessar, presumiu que changbin já estivesse saindo do banheiro, então rapidamente ajeitou a coberta de carrinhos no corpo do yang e saiu do quarto apressado.

Pai, Tem Um Monstro Embaixo Da Cama!Onde histórias criam vida. Descubra agora