ᴇʟᴇ ɴᴀ̃ᴏ ʀᴇsɪsᴛɪᴜ...

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Ia falar que a Carol tava muito bonita nessa ft mas a patroa tá bonita sempre.

— Ele está dizendo que é uma emergência. Pode devolver o telefone ao quando terminar.

Pego o aparelho das mãos dela e o apoio no meu peito com ambas as mãos.

Mas depois rapidamente o afasto, porque tenho medo que ele, do outro lado da linha, consiga ouvir meu coração martelando. Baixo os olhos para o telefone e inspiro devagar.

Nem acredito que estou reagindo desse jeito. Eu nem imaginava o tamanho da minha expectativa para o dia de hoje até a ameaça de que talvez seja tirado de mim. Levo lentamente o telefone à orelha. Fecho os olhos e digo baixinho:

— Alô? — No mesmo instante reconheço o suspiro que vem do outro lado. É loucura que eu sequer precise ouvir a voz dele para reconhecê-lo. Ele está incrustado em minha mente nesse nível. Até o som da sua respiração é familiar para mim.

— Oi — diz ele.

Não é o cumprimento desesperado que eu queria ouvir. Preciso que ele passe a impressão de estar em pânico por causa do atraso. Como se ele estivesse acabando de sair do avião e morrendo de medo de que eu fosse embora antes de ele ter a oportunidade de chegar aqui. Em vez disso, é um oi preguiçoso. Como se ele vesse sentado numa cama em algum lugar, relaxado. Não me transmite pânico nenhum.

— Onde você está? — Faço a tão temida pergunta, sabendo que ele está prestes a me responder que está a quase 5 mil quilômetros de Nova York.

— Los Angeles — diz ele.

Fecho os olhos e espero que as próximas palavras, mas elas não vêm. Ele não consegue continuar com nenhuma explicação, o que só pode significar que se sente culpado.

Ele conheceu alguém.

— Ah. Tudo bem

Procuro não transparecer, mas minha tristeza é perceptível.

— Desculpe — diz ele. Ouço a verdade em suas palavras, mas não me reconforta.

— Está tudo bem?

Ele não responde de imediato a minha pergunta. O silêncio aumenta entre nós até que ele respira fundo.

— Carol — diz ele, a voz falhando ao pronunciar meu nome. — Nem mesmo sei como contar isso gentilmente, mas... Sabe meu irmão? Rafa? Ele... hum... sofreu um acidente dois dias atrás.

Tapo a boca com a mão enquanto as palavras dele chegam até mim.

— Ah, não. Ele está bem?

Mais silêncio, depois um "não" fraco.

A palavra sai tão baixa que é como se nem mesmo Arthur acreditasse.

— Ele... hum... não resistiu, Carol.

Sou incapaz de responder. Não sei o que dizer. Não tenho nada de útil para falar. Não conheço Arthur o bastante para saber como consolá-lo por telefone e não conheci Rafael o suficiente para expressar minha tristeza por sua morte. Vários segundos se passam, até Arthur voltar a falar:

— Eu teria ligado antes, mas... sabe como é. Não fazia ideia de como entrar em contato com você.

Balanço a cabeça como se ele pudesse me ver.

— Pare com isso. Está tudo bem. Sinto muito, Arthur.

— É — diz ele, triste. — Eu também.

Quero perguntar se há algo que eu possa fazer, mas sei que ele deve estar cansado de ouvir isso. Mais silêncio toma a linha e sinto raiva de mim mesma por não saber reagir. É simplesmente tão inesperado, nunca vivi nada parecido com o que ele deve estar passando, então sequer tento fingir empatia.

The Date~Volsher Adaptation~Onde histórias criam vida. Descubra agora