Mackenzie riu da minha expressão de incredulidade, antes de virar as costas e desaparecer na rua parcialmente escura. Meu coração disparou, subindo até minha garganta. Parecia que alguém estava tentando o arrancar do meu peito. O apertando até a dor ser quase insuportável demais.
Me virei, empurrando a porta para tentar abri-la, vendo os olhos de Margo se voltarem pra mim com preocupação. Forcei a porta a se abrir, odiando aquela maldita coisa velha por estar trancada. Sky tentou segurar meus ombros, mas eu o empurrei para longe, puxando aquele mapa de dentro da bolsa que eu carregava. Quando o abri, não havia qualquer marca em formato de lua sobre aquele lugar, como se a bruxa nunca estivesse existido ali.
—Zaia... —Sky tentou me tocar de novo, mas eu o empurrei, me afastando da porta, apenas para pegar embalo e bater meu corpo contra ela. A porta se abriu com tudo, me levando para o chão da loja de antiguidades escura e silenciosa.
—Cecília! —Exclamei, ficando de pé, enquanto disparava até as escadas, vendo que Margo e Sky estavam vindo atrás de mim. —Cecília!
—Zaia, é melhor não fazer isso. —Margo protestou, mas eu a ignorei, assim como afastei as mãos de Sky, quando ele tentou me segurar pela terceira vez.
—Não me toque! —Rosnei as palavras, enquanto entrava no andar de cima.
A casa estava tomada pela escuridão e o silêncio era quase sufocante. Minha garganta começou a se fechar quando comecei a averiguar cada cômodo daquele lugar, me recusando a acreditar que ela havia partido. Escorreguei no chão quando entrei no quarto, levando a mão até os lábios quando finalmente a encontrei, completamente imóvel sobre a cama. Nem precisava toca-la para saber que o corpo estava frio como gelo, assim como sua pele parecia um cinza pálido.
—Merda. —Escutei Sky sussurrar atrás de mim, enquanto eu enfiava o punho na boca para não gritar, sentindo as lágrimas manchando meus olhos.
Dessa vez, quando Sky me segurou, deixei que ele me puxasse para fora do quarto. Margo entrou assim que ele me tirou dali, me levando até a sala. Engoli todas as lágrimas, sentindo um buraco se abrir no meu peito quando pensei no quão merda tudo estava ficando. A cada quatro passos à frente, eu dava cinco para trás.
—Zaia, eu sinto muito. —Sky sussurrou, deslizando a mão até a minha. A puxei para longe dele na mesma hora, odiando o calor da sua pele em contato com o meu e o que ela me fazia sentir até naquele momento.
—Você disse que ela era uma bruxa. Você disse que ela era jovem! —Exclamei, dando um empurrão nos ombros de Sky, vendo-o fechar os olhos lentamente e engolir em seco. —E agora ela está morta!
—Eu sei. —Sky umedeceu os lábios com a língua, negando com a cabeça. —Mas eu estava errado e você estava certa. Ela não era jovem. E o tempo dela se esgotou aqui. Eu não tinha como imaginar que ela estaria tão perto assim de partir.
Olhei pra ele furiosa, mesmo que Sky não tivesse culpa sobre aquilo. Eu só queria descontar minha raiva em qualquer um, porque estava começando a odiar aqueles dois mundos. Não haviam feito nada de bom pra mim a minha vida toda. E agora, eu estava enfiada em um buraco fundo, sem saber como sair, enquanto as pessoas começavam a morrer ao meu redor. Primeiro David e agora Cecília.
Me afastei de Sky, escondendo o rosto entre as mãos, enquanto respirava fundo e tentava conter as lágrimas que insistiam em sair. O nó na minha garganta me impedia de respirar direito, enquanto meu coração doía com se tivesse sendo partido em milhares de pedaços. Era quase insuportável demais de aguentar.
—Zaia? —Escutei a voz baixa de Margo, o que me obrigou a passar a mão pelo rosto e me virar para encara-la. Margo me encarava com pesar, enquanto erguia a mão e estendia um papel pra mim. —Encontrei isso ao lado dela. Está com o seu nome.
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As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1
FantasyLIVRO 1 (AS CRÔNICAS DE SCOTT) Dois mundos divididos por uma barreira mágica. Arcádia, uma terra cinzenta e sem vida, onde os humanos lutam para sobreviver todos os dias, já que a fome e a miséria andam lado a lado com eles. Falésia, um mundo repl...