Capítulo 43: Vou cuidar disso.

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Disparei pela rua escura, vendo que a maioria das tochas já havia se apagado por conta da chuva. A lama saltava pelas minhas pernas e eu precisava me cuidar para não escorregar e cair do chão, enquanto virava a esquina e corria na direção da casa de Ayla. Podia sentir a presença de Margo e Sky atrás de mim. Os dois não hesitaram em correr para me alcançar.

—Zaia! —Sky gritou meu nome, enquanto eu deixava a rua principal e virava em outra esquina. A rua vazia e escura parecia assustadora com o brilho dos relâmpagos no seu. Mas meu coração se acalmou quando finalmente visualizei a casa de Ayla. —Espere... Zaia!

Meus pés tropeçaram uns nos outros, escorregando na lama. Me preparei para cair de cara naquela água suja, antes da mão de Sky agarrar meu braço e ele me impedir de cair. Soltei o ar com força, quase trombando contra Sky quando ele me puxou pra cima.

—Eu preciso chegar até a casa da Ayla. —Afirmei, me soltando da mão dele, observando seus olhos buscando qualquer explicação no meu rosto.

—Qual o problema, Zaia? —Margo questionou, seguindo meus passos apressados quando voltei a me mover, dessa vez andando de forma rápida, porque estava quase lá.

—Ele é agressivo... O pai dela é agressivo. —Expliquei, sabendo que pelo silêncio dos dois, eles podiam entender minha preocupação naquele momento. Eu só precisava vê-la e saber que ela estava bem.

Os dois se apressaram em me alcançar assim que subi os degraus da varanda da casa. A construção antiga estava caindo aos pedaços. Onde deveria haver uma janela, havia uma lona no lugar, impedindo que o vento gelado jogasse a água lá dentro. Parei na frente da porta, batendo contra a madeira sem parar. Quando ela se abriu, tropecei para trás ao dar de cara com o pai de Ayla.

—O que quer aqui? —Rosnou, com o bafo de bêbado chegando até meu rosto, me fazendo exibir uma careta.

—Onde ela está? —Questionei, tentando ignorar o embrulho no meu estômago. Ele fedia mais do que um porco, além de estar claramente bêbado. Não conseguia imaginar como Ayla podia suportar aquilo por tanto tempo.

—Não é da sua conta. —Cuspiu, fazendo meus lábios se comprimirem em frustração e meu sangue ferver.

—Eu só vou perguntar mais uma vez. —Sibilei, levando a mão até o cabo da espada, vendo que os olhos dele acompanharam o movimento. —Onde ela está?

—Vá embora da minha casa! —Ele bateu o pé com força no chão, fazendo toda a estrutura da casa estremecer como se fosse cair sobre nossas cabeças.

—Não vou sair até saber que a Ayla está bem. —Exclamei, usando um tom de voz tão alto quanto o que ele havia usado comigo.

—Zaia?

A voz hesitante de Ayla veio de algum cômodo da casa, alta o suficiente para eu ouvir, ao mesmo tempo que parecia que ela não tinha certeza de que era eu. Meu coração disparou e sem pensar eu empurrei o pai dela de frente da porta, na tentativa de passar. Mas assim que passei por ele, sua mão se fechou no meu pulso e eu quase fui para o chão, antes de ver o brilho da lâmina de Sky pressionando o peito dele.

—Tire a mão dela. —Afirmou, com os olhos faiscando de raiva quando empurrou a ponta da lâmina contra o peito dele, o fazendo soltar meu braço e cambalear para trás. —Toque nela de novo, seu bêbado imprestável, e eu arranco sua mão fora.

Ajeitei a manga da minha jaqueta e corri em direção ao corredor nos fundos, empurrando as portas pelo caminho na tentativa de encontrá-la. Nunca tinha entrado naquela casa, porque Ayla jamais me permitiu entrar naquele lugar. Normalmente ela corria pra minha casa quando o problema chegava.

As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora