Capítulo 53: Floresta noturna.

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Zaia

Abri meus olhos lentamente, sentindo a claridade excessiva da manhã me incomodar, me obrigando a apertar os olhos fechados com força, antes de piscar várias vezes até me acostumar. A floresta ao meu redor estava silenciosa, mas viva o suficiente para eu saber que estava em Falésia e não em Arcádia. Meu corpo estava amarrado contra uma árvore. A casca arranhando minha pele.

Franzi a testa, antes de olhar para o lado quando escutei passos na grama se aproximando. Uma careta se formou no meu rosto quando vi Raven se aproximando, com passos quase graciosos. A expressão era quase tranquila demais, me fazendo pensar onde o cara que eu havia conhecido no Chalé Azul tinha ido parar.

—Ah, que bom que está acordada. —Raven abriu um sorriso, se aproximando até se abaixar na minha frente. —Espero que esteja muito bem disposta hoje. Tenho um trabalho pra você.

—Onde eu estou?

—Bem longe daquele vilarejo onde você nasceu. —Afirmou, me fazendo revirar os olhos e ranger os dentes com força. —Você já foi mais simpática, Zaia. Andar com o Sky mudou muito você. Ainda dá tempo de te alertar do quão sujo ele é?

—Não fale dele! —Exclamei, sentindo meu sangue ferver com a falsa boa moral de Raven. Vi a surpresa brilhar nos olhos dele, como se não estivesse esperando pela minha reação.

—Ora, ora, o que temos aqui. —Raven pegou alguns fios do meu cabelo e deslizou para trás da minha orelha, enquanto eu tentava fugir do seu toque. —Cuidado com o que sente pelo Sky, Zaia. Ele tem o costume de destruir tudo que toca.

—É você quem está fazendo isso no momento. —Sibilei, observando a expressão dele ficar dura, como se ele desejasse me rebater. Mas o vi comprimir os lábios e se afastar de mim. —O que você quer, Raven? Por que está fazendo tudo isso?

—A profecia... —Ele me encarou, parecendo um fantasma de tão pálido e imóvel que estava. —O que ela diz?

—Eu não sei. —Menti, observando-o morder o lábio e negar com a cabeça, me encarando de uma forma que deixava claro que sabia que eu estava mentindo e que aquilo não o agradava nem um pouco. —O que você quer?

—Max! —Exclamou, sem tirar os olhos de mim, como se quisesse ver todas as minhas reações. —Traga-a aqui agora!

Olhei para o lado quando escutei passos se aproximando, sentindo meu coração disparar com a ideia de ver meu tio. Raven ainda não havia falado nada sobre ele, mesmo que ele fosse o motivo de eu estar ali. Mas se ele estivesse bem, valeria a pena. Mas não foi ele que surgiu na floresta sendo arrastado por Max. Era Mia, com as mãos amarradas e uma mordaça na boca, parecendo furiosa, porque se debatia e grunhia.

—Vai me dizer agora? —Raven questionou, enquanto eu sentia um arrepio desagradável atravessar meu corpo.

—O que fez com o Percy?

—Nada. —Raven riu, dando de ombros, enquanto meu sangue começava a ferver de raiva. —Eu ia traze-lo. Mas me dei conta de que Mia poderia ser mais útil pra você do que um guerreiro que nem sabe lutar com uma espada direito.

—Você é um filha da puta cruel! —Exclamei, forçando as cordas que me prendiam contra aquela árvore, mesmo que fosse em vão. Mas eu daria tudo pra acertar Raven pelo menos uma vez. —Onde está meu tio? O que você fez com ele?

—A profecia, Zaia, o que ela diz? —Raven questionou, ignorando a raiva que ameaçava explodir de dentro de mim naquele momento. Olhei para Mia, sentindo o ar escapar dos meus lábios quando Max puxou uma faca e colocou no pescoço dela. —Seu tio está bem. Agora sua amiga? Eu não teria tanta certeza. Não enquanto não me falar o que a profecia diz. E acredite quando eu digo, seria uma pena matá-la, porque você vai mesmo precisar dela.

As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora