Capítulo 54: Tudo aqui é feito para enganar vocês.

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Ergui a cabeça e encarei a entrada da caverna, engolindo muito lentamente quando um arrepio desagradável percorreu meu corpo. Quando olhei na direção de Mia, ela estava olhando para a entrada também, parecendo assombrada com o que quer que vivesse lá dentro. Sabia o que eram as criaturas das sombras, mas não tinha ido tão longe a ponto de conhecer cada uma delas.

—O vale todo é protegido por magia. Assim nenhuma criatura consegue sair, mas nós conseguimos entrar. —Raven parou ao meu lado, olhando para dentro da caverna como se ela fosse um meio para um fim. Nenhum medo ou arrependimento nos olhos. —E o único meio de entrar lá é por essa caverna.

Raven se inclinou do meu lado, estendendo o mapa pra mim, enquanto Max removia as cordas que prendiam as mãos de Mia as suas costas e jogava minha espada bem ao lado dela. Mia me encarou enquanto removia a mordaça, com uma expressão de pura cautela e um certo medo.

—Uma espada, um mapa e uma esfera. —Raven murmurou, enquanto Max tirava a esfera do bolso e jogava na frente de Mia, que lançou a ele um olhar raivoso. —Quando achar a espada, utilize a esfera para sair da floresta. Estarei esperando aqui. Não tente nada, Zaia. Eu ainda estou com seu tio, lembre-se disso.

Peguei o mapa das mãos dele com força, lançando a ele o olhar mais mortal de todos, querendo que ele soubesse o quanto eu o odiava por tudo aquilo. Raven sorriu, como se minha raiva só o agradasse, antes de se afastar de mim, até onde os guerreiros vermelhos nos observavam. Me levantei e fui até Mia, ajudando-a a ficar de pé, enquanto recuperava minha espada.

—Boa sorte. Acho que vocês vão precisar. —Raven sibilou, antes de simplesmente virar as costas e desaparecer na floresta junto com os guerreiros vermelhos.

Apertei o cabo da espada com força, ficando muito tentada com a ideia de simplesmente disparar atrás dele e o atacar. Mas se eu fizesse isso, talvez jamais conseguiria recuperar meu tio. Ele precisava ser minha prioridade no momento. Mas tarde talvez, quando eu estivesse livre, poderia dar um jeito em Raven.

—Zaia...

—Não precisa ir comigo. —Falei para Mia, antes que ela conseguisse falar o que pretendia. Não iria obrigá-la a entrar lá. Poderia dar um jeito de achar a espada.

—Acha mesmo que eu vou te deixar sozinha? —Indagou, me lançando um olhar que parecia mais descrença do que qualquer outra coisa. Encolhi meus ombros, sabendo que estávamos com problemas, antes de me virar para encarar a caverna.

—O que vamos fazer? —Indaguei, erguendo a espada e a escorando no meu ombro, sentindo a tensão em todos os meus músculos.

—Bom, vamos entrar lá, achar a espada e tentarmos sair vivas. —Mia afirmou, como se fosse óbvio. —Você precisa de mim para usar o mapa dos desejos. Acredite quando eu digo, você não vai querer entrar lá sozinha para procurar a espada.

—Por que esconder a espada em um lugar como esse? —Indaguei, enquanto nós duas seguíamos para a entrada da caverna fria e úmida, que parecia exalar uma sensação de morte.

—Os anciãos costumam fazer escolhas que nós não entendemos. —Mia deu de ombros, antes de balançar a cabeça. —É, provavelmente, a espada mais poderosa do nosso mundo, ligada a uma grande profecia. Eu não fico surpresa com a ideia de eles a terem escondido aqui.

—O que exatamente tem nesse vale? —Questionei, sentindo outro daquele arrepio desagradável pelo meu corpo, porque entramos na caverna, com nossos passos e nossa respiração causando um eco pelas paredes rochosas.

—Coisas muito piores do que lobos negros. —Sussurrou, me fazendo olhá-la por um segundo, porque a voz de Mia veio repleta de hesitação, como se ela não quisesse falar aquilo em voz alta.

As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora