Capítulo 56: Misty é a resposta.

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Voltamos para o Chalé Azul na mesma velocidade que saímos do Chalé Vermelho. Kylian e Erick estavam carregando o tio de Zaia, já que ele não parecia nem um pouco bem, desmaiando depois do nosso primeiro salto com a esfera. Mas pelo menos agora estava em segurança.

Não precisamos ir muito longe, porque encontramos Amélia na escadaria principal do chalé, ao lado de Ágatha, Margo e Aurora. Olhei na direção de Sky, vendo a surpresa nos olhos dele por encontrar a mãe ali. Eu esperava que aquilo significasse que tínhamos boas notícias. Mais boas notícias.

—Pelos anciãos, o que aconteceu com ele? —Aurora indagou, levando a mão ao peito ao ver o estado que o tio de Zaia se encontrava.

—O resgatamos do Chalé Vermelho. Os guerreiros não pegaram leve com ele. —Falei, assim que subimos as escadas até onde elas estavam. —Mas pelo menos agora ele está em segurança. Um problema a menos.

—Por favor, o levem até a enfermaria. —Amélia pediu, parecendo com um pouco de pena do homem, porque o estado dele realmente não era dos melhores. —Ágatha, vá chamar a bruxa. Ela já deve ter se recolhido pelo horário. Mas não podemos esperar até amanhã para que ele seja atendido.

—Avise a Ayla. Acho que ela vai querer ficar com ele enquanto não encontramos a Zaia. —Margo afirmou, antes que Ágatha desaparecesse. A guerreira revirou os olhos, como se não estivesse com paciência para aquilo, mas não resmungou quando pediu para os gêmeos a seguissem.

—Vocês correram muito risco indo até o Chalé Vermelho. Mas pelo menos agora Raven não tem mais o motivo que fez Zaia o seguir. —Aurora murmurou, lançando um olhar orgulhoso a nós quatro, como se estivesse feliz por termos feito isso, mesmo sendo perigoso.

—O que está fazendo aqui, mãe? —Sky questionou, subindo os poucos degraus que o separavam dela. —Tem alguma notícia da Zaia?

—Não, ainda sem notícias. —Ela lançou a ele um olhar questionador, enquanto eu me dava conta de que Sky não tinha citado o nome de Mia na pergunta. A mãe dele também notou, já que ergueu as sobrancelhas e abriu um leve sorriso, como se entendesse alguma coisa. —Mas tive uma ideia. Na verdade, era uma solução óbvia que demorei demais pra me dar conta.

—Como assim? —Eu, Sky e Caio indagamos ao mesmo tempo, arrancando uma risada de Aurora, que olhou pra cada um de nós com uma expressão divertida.

—Vamos ver se eu estou certa. Por favor, venham comigo. —Aurora falou, desviando de Sky para descer as escadas.

Nos a seguimos até o subsolo, o que me fez sentir um arrepio desagradável na espinha, porque esperava não precisar entrar em um lugar como aquele tão cedo, mesmo que fosse no Chalé Azul. A ideia de como o Chalé Vermelho era tão diferente do nosso era óbvio, mas não percebi que eles eram tão cruéis assim, a ponto de machucar alguém completamente inocente e que não sabia de nada.

—Margo? —A chamei, enquanto descíamos as escadas que davam para as cavernas lá embaixo. Ela se virou, enquanto eu me encolhia assim que recebi um tapa no ombro. Com força o suficiente para arder. —Ei, por que fez isso? O que foi que eu fiz?

—Eu fiquei preocupada com você, seu idiota! —Resmungou, fazendo meu queixo cair, enquanto eu escutava Sky e Caio tentando não rir atrás de mim, já que eles se engasgaram de uma forma nada natural.

Me encolhi ainda mais quando Margo me lançou um olhar furioso e se afastou a passos pesados, alçando Amélia e Aurora que iam mais na frente. Olhei por cima do ombro, observando Sky e Caio ainda tentando disfarçar a risada, enquanto eu esfregava meu braço dolorido, me sentindo muito confuso.

—Não entendo porque ela me bateu se estava preocupada. —Falei, engolindo em seco, sentindo meus sentimentos por Margo tão confusos naquele instante. A conhecia a tempo suficiente para gostar mais dela do que seria recomendado. Mas ela nunca havia olhado pra mim de outra forma.

—Não se pode entender as mulheres, Percy. —Caio afirmou, dando um tapinha no meu ombro, antes de passar por mim junto com Sky, enquanto eu ficava parado no meio das escadas.

—Ei, desde quando você e a Mia tem alguma coisa? —Questionei, tropeçando para alcançá-los, antes de parar de súbito quando Caio se virou e agarrou minha camisa.

—Fale baixo. Você sabe como relacionamentos entre chalés e acampamentos são terminantemente repreendidos. —Caio sibilou, lançando um olhar de esgueira para Amélia, para ver se ela estava prestando atenção, antes de olhar pra mim de novo quando viu que estava tudo bem. —Não é porque estamos trabalhando juntos agora que signifique que ficaria tudo bem se Amélia descobrisse que uma das suas ajudantes mais próximas tem um envolvimento com o segundo no comando de um acampamento.

—Cara, eu não sabia. —Sussurrei, erguendo as mãos para cima como se estivesse me rendendo. —Só achava que a Mia era super certinha.

—Mas ela é. Por que acha que ela ainda está nessa porra de chalé em vez de comigo no acampamento? —Caio indagou, com um tom de voz resignado, como se isso fosse o motivo de várias discussões deles.

—Venham logo vocês dois. Não quero perder nada. —Sky exclamou, fazendo eu me afastar de Caio, antes de descermos o restante das escadas até onde ele não esperava, com uma expressão impaciente.

Não perguntei mais nada de Mia e muito menos questionei Sky sobre Zaia, porque tinha a sensação que isso seria passar algum limite com Sky. Só porque ele estava aqui ajudando, não significava que éramos melhores amigos, mesmo que ele me suportasse na maior parte do tempo.

Aurora caminhou ao lado de Amélia e Margo até a jaula onde Misty estava trancada. As correntes de volta as suas patas, porque era óbvio que os guerreiros ainda teriam medo dela, mesmo que ela tivesse se tornado amigável com a chegada de Zaia ao chalé.

—O que vai fazer, mãe? —Sky questionou, se apressando até as grades quando Aurora as abriu e entrou lá dentro junto com o dragão.

—Misty é a resposta. —Aurora sorriu para Misty quando ela se ergueu. O enorme corpo fazendo Aurora parecer minúscula perto das garras do dragão. —Ela é a única que pode encontrar a Zaia.

—Isso é uma péssima ideia! —Sky exclamou, enquanto observávamos Aurora se aproximar sorrateiramente do dragão, que ainda a observava atentamente, muito ciente da presença da elemental na sua jaula. —Mãe!

—Precisamos da sua ajuda, Misty. Zaia precisa da sua ajuda. —Aurora se abaixou e começou a soltar as correntes, fazendo um ruído desagradável ecoar pelas paredes rochosas daquelas cavernas.

Podia ver a tensão nos ombros de Sky, como se esperasse que Misty atacasse sua mãe a qualquer momento. Mas ela não fez isso, se limitando a abaixar a cabeça e ganhar um cafuné no início da longa garganta, enquanto o sorriso de Aurora era quase grande demais.

—Dizem que dragões reconhecem outros elementais. —Amélia afirmou, observando a cena com muito interesse. —É claro pra mim que os dragões são muito mais inteligentes do que nos.

—Encontre ela pra nós, Misty. —Aurora se afastou quando Misty se ergueu novamente, abrindo as asas longas e brancas. —Nós mostre o caminho até ela. Até Zaia.

Como se Amélia estivesse certa sobre eles serem mais inteligentes do que nós, Misty lançou um último olhar na direção da elemental do ar, antes de saltar pela abertura da caverna bem a cima da jaula, desaparecendo em um piscar de olhos quando se ergueu nos céus.


Continua...

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