Capítulo 58: Tulipas negras.

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Mia me arrastou pela floresta até encontrar uma caverna. Tínhamos deixado um rastro de sangue pelo chão. O meu sangue, já que minha perna não parava de sangrar e todo o movimento até a caverna só piorou isso. Minha cabeça estava pesada e zonza, além de eu sentir vontade de vomitar.

—Quer dizer que você é uma guerreira nível um, de segunda geração? —Mia questionou, enquanto colocava mais lenha na pequena fogueira que ela havia conseguido fazer, utilizando sua magia da luz. Balancei a cabeça que sim, enquanto ela parecia genuinamente surpresa.

Ela tinha tentado limpar a mordida, mas não havia nada naquela floresta que pudesse ajudar. Aquilo me fez odiar Raven de uma maneira profunda que eu não achava ser possível. Eu iria morrer ali por conta daquela espada, enquanto ele estaria livre pra encontrar outra pessoa e mandá-la até aqui para morrer também.

—Elemental da água, na verdade, porque Adam está morto e a filha dele também. —Mia me lançou um olhar cauteloso que queria dizer que ela sentia muito pela minha mãe. Não tinha lembranças dela e nem do meu pai, então era fácil superar, mesmo que eu ainda sentisse uma pequena dor no coração sempre que pensava neles.

—Não tenho o poder ainda, Mia.

—Mas ele está aí dentro. Só precisa despertar. —Mia afirmou, me fazendo morder o lábio, pensando em como isso poderia ser feito. Não conhecia magia direito e nem sabia como ela funcionava. —Podemos pensar nisso depois que sairmos desse lugar horrível. Depois que eu enfiar uma faca no coração do Raven.

—Tem certeza que o fogo não vai chamar a atenção dessas criaturas? —Indaguei, olhando para a floresta do lado de fora da caverna, me perguntando o que mais estava espreitando atrás daquelas árvores negras.

—Eles não gostam de fogo, assim como qualquer outro animal. —Mia afirmou, me fazendo ficar um pouco mais tranquila. Só um pouco, porque minha cabeça estava começando a doer, de uma forma que eu tinha a sensação que iria me matar.

—Criaturas das Sombras. —Neguei com a cabeça ao dizer aquilo, achando que era melhor manter o nome nos meus pensamentos. —Pensei que nada os espantava.

—Acredite, muitas coisas os espantam. Mas nada que tenhamos aqui, além de fogo.

Mia olhou para a floresta também, como se estivesse pensando muito longe. Fiquei em silêncio, sentindo minha dor de cabeça aumentar ainda mais, assim como os calafrios que percorriam o meu corpo a cada instante, me deixando rígida. Minha perna já não doía mais, dando a sensação de estar dormente.

Fechei meus olhos, deixando minha mente vagar pelo meu tio, que eu esperava que estivesse bem, mesmo que não seguro, mas bem. Pensei em como Ayla estaria se saindo em Falésia sem mim. Ela sempre amou tudo que era relacionado a esse mundo, o que me dava a sensação de que não levaria muito tempo para se acostumar com esse lugar.

Então pensei em Sky e na expressão furiosa que estava no rosto dele quando o mandei embora, antes de ir com Raven. Ele deveria estar no seu acampamento agora, dando ordens e fazendo acordo com bandidos. Acho que se soubesse onde eu estou, faria uma aposta de quanto tempo eu conseguiria durar aqui.

—Estou ficando preocupada com você. —Mia murmurou, e eu abri os olhos quando escutei ela se aproximar de mim. —Você está mais branca do que o normal. Nem preciso colocar a mão em você para saber que está queimando de febre.

As Crônicas de Scott: A Profecia / Vol. 1 Onde histórias criam vida. Descubra agora