sacrilégio
substantivo masculino
1.
pecado grave contra a religião ou contra as coisas sagradas.2.
profanação de lugares, objetos e pessoas que apresentam caráter sagrado.
O céu ainda estava escuro e com algumas estrelas quando você acordou. O dormitório dos empregados era o único cujas janelas ficavam abertas e um vento frio acariciou sua pele, fazendo você resmungar um pouco, criando forças para se levantar. No seu colo o gato preto dormia encolhido, fazendo você o encarar em silêncio antes de fazer carinho na cabeça do bichano que logo se pôs a ronronar. Com cuidado você o pôs sobre a cama e se levantou, pronta para mais um dia de trabalho.
--//--
— Folga? — Foi a única coisa que você disse enquanto encarava a governanta do castelo. Descansar era algo bom, mas ter um dia inteiro só para você? O que diabos esperavam que você fizesse com aquilo?
— Hah, você é a primeira pessoa que fica descontente com isso. Até parece que gosta de ser escravizada, francamente... Mas ordens são ordens e nós também merecemos um dia de descanso. Leia um livro, visite sua família ou conheça gente nova, tanto faz. Se não sabe o que fazer, vá até a capela e reze por iluminação... Agora vamos, suma da minha frente.
E você caminhou corredor afora ainda incrédula. Não tinha família que você pudesse visitar, assim como você não sabia ler - pro seu desprazer - e conhecer gente nova? Pff, era uma promessa que você se fazia todas as madrugadas, mas bastava acordar e encarar os rostos dos seus colegas de trabalho que a ideia logo sumia da sua mente. O gato contava como alguém novo?
Absorta nesses pensamentos, você nem percebeu onde estava até fechar as portas da capela atrás de você. Lá dentro estava vazio e a luz de velas iluminava o local fechado onde haviam bancos de madeira enfileirados até próximo do pequeno degrau onde ficava um púlpito e logo atrás, pinturas dos Quatro Lordes do vilarejo e centralizada entre eles a imagem de Mãe Miranda, tão inexpressiva quanto você lembrava desde a sua infância. Frustrada com a sua mente, você suspirou por ter de parar ali de todos os cantos do castelo. Pelo menos não havia ninguém, logo, de certa forma se tornava agradável...
Você sentou num dos bancos e entediada, deixou seus olhos passearem pela decoração do local, pelas velas cuja vida útil já estavam próximas do fim, o velho tapete vermelho que se estendia por todo o trajeto do púlpito até as portas pesadas de metal... E por fim nos retratos dos quatro lordes, mais especificamente, em Alcina Dimitrescu. O olhar penetrante da mulher mesmo naquela pintura já lhe deixava sem ar, e você não podia evitar se não pensar nas vezes em que aquelas mãos gigantes tocaram sua pele, arrancando cada reação possível do seu corpo... Você instintivamente fechou as pernas enquanto o calor subia pelo seu estômago. Era incrível como apenas pensar em Dimitrescu já lhe deixava subindo pelas paredes, como se você finalmente presenciasse o despertar sexual de um adolescente só que um pouco mais tardio. E logo depois você encarou a pintura de Miranda, que fazia seu estômago embrulhar sem o mínimo esforço. Você a culpava por boa parte das coisas que ocorreram em sua vida... Sentir enjôo era o mínimo que podia fazer.
Primeiramente pra quê você havia pisado naquele lugar, não é? Você tinha ojeriza à religião. Mas toda paz e a imagem de Dimitrescu lhe encarando... Uma ideia surgiu na sua mente, tão impura quanto boa parte das coisas que passavam pela sua cabeça, e sua primeira reação foi sorrir. Com agilidade você levantou as saias de seu vestido e quando uma de suas mãos lhe tocou por cima da roupa íntima, já dava pra sentir o quanto você escorria de excitação. O simples pensamento de corromper um lugar sagrado como aquele e sentir prazer na frente daquela figura indiferente... Seus olhos se fecharam enquanto seus dedos achavam o ponto exato onde tocar, fazendo um som audível de prazer sair da sua garganta. Seu indicador e dedo médio deslizaram por toda a abertura por baixo da calcinha, molhando os dedos antes de subir ao clitóris e o pressionar com cuidado, fazendo movimentos circulares enquanto fechava os olhos e pensava... Em Alcina lhe tocando, os dentes afiados passando sobre seu pescoço, o gosto dela em seus lábios... — Aaah, merda... — Você já sabia como seu corpo funcionava e logo o ritmo de seus dedos aumentou, o banco de madeira fazia um leve barulho a cada movimento de seus quadris mas você não ligava. Sua mente agora estava com Lady Dimitrescu, as lembranças de seus corpos em atrito passando pela sua cabeça, a voz dela dizendo como você era uma boa garota... Os sons de prazer saíam sem nenhuma repreensão de seus lábios, deixando um local sagrado como aquela capela repleto de malícia, seus dedos alternando entre os movimentos circulares sobre o clitóris e toques sugestivos na entrada de sua vagina até finalmente... O choque de prazer estremecer seu corpo e fazer você ir ao céu e voltar por alguns instantes, fazendo ecoar um último gemido meio cortado pelos ares. Seu corpo relaxou sobre o banco e você finalmente abriu os olhos, encarando o castiçal do teto ao mesmo tempo que retomava o fôlego. Seu coração batia acelerado e você sentia-se ainda mais excitada depois daquele orgasmo, a sensação de ter feito algo impuro fazendo você sorrir para o quadro de Miranda antes de lamber os próprios dedos, aproveitando seu gosto antes de limpar a mão sobre o uniforme. Suas pernas estavam um pouco trêmulas de tanto que aquilo havia lhe afetado e quando você olhou para baixo, percebeu a poça transparente que havia ficado sobre o banco. Não dava pra evitar uma leve risada da situação toda.
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Her Holy Light
Fanfictionsacrilégio substantivo masculino 1. pecado grave contra a religião ou contra as coisas sagradas. 2. profanação de lugares, objetos e pessoas que apresentam caráter sagrado.