O Encontro Inesperado

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A música voava em espirais pelas janelas abertas do carro. A casa ficava em um bairro cosmopolita da cidade. Era grande e vários carros estavam estacionados em frente a ela. A porta estava convidativamente aberta. Pessoas entravam e saiam, e Lilian perguntava-se como os vizinhos ainda não haviam reclamado do barulho. Antes de descer do carro, sentiu a atmosfera do local, já se preparando para o que iria encontrar.

No entanto, no local onde costumam ficar sofás e poltronas, encontrou apenas alguns casais conversando.

— A festa de verdade é lá dentro — Frank disse, puxando Lilian e a namorada em direção ao quintal.

Gramado, música, piscina e pessoas mais velhas que ela: a festa poderia ser resumida assim. Em um ou outro ponto, avistou pessoas conhecidas. Em sua maioria, gente do terceiro ano.

— Ei! — Uma menina alta caminhou até eles. — Não sabia que você vinha, Lilian! — Ela gritou, sorrindo. — Querem tomar alguma coisa?

A menina os conduziu ao lugar onde estavam guardadas as bebidas. Aparentemente, era ela quem dava a festa. Havia algo, porém, que Lilian não compreendia. Como uma garota que nunca vira na vida sabia seu nome? A questão a incomodou por alguns instantes, mas foi completamente esquecida quando depositaram uma garrafa de cerveja em sua mão.

Lilian nunca havia bebido nada alcóolico em sua vida antes. A menina piscou para ela e murmurou um “não conte ao seu pai”. Diante da lembrança do pai, Lilian pensou em recusar a bebida, mas, em seguida, desistiu. Apenas afastou-se, sem impedimentos, com a cerveja na mão, deixando Alice e Frank com a estranha que sabia seu nome.

Caminhou pelo espaço da festa, ouvindo uma música que não gostava. Meia hora já passara e a única coisa que sentia era sono e arrependimento. Não estava se divertindo. A garrafa já estava quente em sua mão, e quase não fora tocada. Continuou andando sem rumo, até encontrar a sala pela qual chegara ao jardim.

Muitos outros casais estavam ali. Lilian abriu caminho por entre eles e foi para a porta. Sentou no passeio. Ficou ali, observando a rua e as casas modernas enquanto bebericava a cerveja quente. Em algum momento, soltou os fios ruivos e fechou os olhos verdes, perdendo-se em seus próprios pensamentos. Quando os abriu novamente viu que alguém lhe fazia companhia.

A princípio, não o reconheceu. Porém, ao olhar com mais atenção soube exatamente quem era. O cabelo desgrenhado, os óculos redondos e os tênues lábios não deixavam engano. Era aquela a pessoa que ela menos esperava encontrar naquele local.

James falava com alguém ao telefone. Aparentemente, a pessoa do outro lado da linha não dizia coisas agradáveis. Toda vez que seu rosto encontrava um ponto de luz, Lilian via nele irritação. Quando a chamada foi encerrada, ele descansou a cabeça nos joelhos. Passou a mão pelos fios escuros e olhou para o lado. Só então pareceu notar Lilian.

— D-desculpe... Ficar ouvindo sua conversa... — Lilian fitou o chão, envergonhada.

— Não... Tudo bem. — James piscou algumas vezes e então sorriu — Não sabia que vinha a este tipo de festa.

— Eu não venho. — Lilian respondeu rapidamente, percebendo que ele não acreditara muito nela. — Só estou aqui por que...

James riu.

— Entendo — disse, mesmo sem entender. — Está esperando alguém?

— Alice e Frank. Vim com eles. ― Ela explicou, apontando para a festa atrás deles.

Agora, desejava ardentemente que seus amigos saíssem de lá e decidissem voltar para casa.

— Você quer ir embora, não é? — Ele perguntou, pondo a mão no antebraço da garota, que assentiu. — Se quiser, te dou uma carona.

Lily ApaixonadaOnde histórias criam vida. Descubra agora