Milagres

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Sarah Andrade



— Você está demitida.


Pisquei algumas vezes para ter certeza de que estava ouvindo direito. Ela havia mesmo dito aquilo?

Estava pronta para erguer minha cabeça e lhe dar uma boa resposta quando a sala foi invadida por um Gilberto afobado.



— A senhora não pode fazer isso! A Sarah não teve culpa. Foram as crianças que aprontaram com ela, jogaram um balde de tinta verde enquanto a pobre só queria agrada-los com alguns biscoitinhos deliciosos! — disse de uma vez, fazendo com que toda a pose da senhorita Freire fosse embora.



— Como? — perguntou incrédula e alternou o olhar entre mim e Gilberto. — Por que não me disse isso Sarah? Merda. — passou suas mãos pela face e me encarou. — Aposto que essa não foi a única travessura que você encobriu, certo?



— Eu só não queria arrumar briga com eles... Só estava tentando me aproximar, não sei... Me desculpe. — um suspiro escapou de meus lábios e eu abaixei a cabeça.



— Os quatro, entrem agora! — Juliette gritou e as crianças entraram com umas carinhas de cachorro sem dono. Senti um aperto no peito, não poderia defende-los agora. — Então quer dizer que nessa última semana vocês vêm aprontando com a babá? Vocês realmente não levaram a sério o meu último aviso, não?



— Mamãe! Eu não tive culpa, a Vitória me obrigou! — Júlia começou falando e apontou para Vitória que encarou a menor com raiva.



— Não importa quem obrigou quem ou quem deixou de fazer, todos serão punidos. Comecem pedindo desculpas para a senhorita Andrade, agora! — vociferou.



— Realmente não é necessário, senhorita Freire. — digo num tom calmo.



— Mas é claro que é, Sarah! — bufou — Eles precisam aprender que nem sempre vão conseguir o que querem. E digo mais, da próxima vez que eles aprontarem, não esconda, eles não podem achar que vão sair impunes pelas besteiras que fazem.



— Me desculpe. — murmurrei.



— No momento não quero ouvir as desculpas da sua boca. — começou e encarou os quatro que ainda estavam ali parados. — Mas sim deles. — apontou para cada um.



Bento foi o primeiro a se mexer, como o pequeno não falava, apenas caminhou até mim e segurou a minha mão. Um sorriso enorme tomou conta do rosto dele e eu não pude me conter, o peguei no colo e enchi seu rosto de beijos.

Por um Triz - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora