Por favor, diga sim. Por favor, diga que ainda não terminou de se apaixonar por mim.
— Este ano, você precisa ficar aqui, por sua família. Sabe disso tão bem quanto eu, Arthur A última coisa de que precisamos é um namoro por telefone. E é exatamente o que vai acontecer, porque vamos passar cada segundo livre querendo falar um com o outro em vez de nos concentrar em nossos objetivos. Vamos alterar tudo ficando juntos, e não devia ser assim. Ainda não. Precisamos terminar o que começamos.
Deixo que tudo isso entre por um ouvido e saia pelo outro, porque não é a resposta que quero. Eu me abaixo até meus olhos ficarem na altura dos dela.
— Sim ou não.
Sua respiração sai trêmula. E, então, em um péssimo esforço para aparentar sinceridade, ela fala:
— Não. Não, Arthur. Volte para dentro e termine seu livro.
Outra lágrima cai, mas desta vez é do meu olho.
Dou um passo para trás e a solto. Ela abre a janela ao se sentar no banco traseiro do táxi, mas não olho para seu rosto. Encaro o chão abaixo de meus pés, querendo ver se vai se dividir em dois e me engolir inteiro.
— O que quero mais do que tudo é que o mundo todo ria de você, Arthur — Ouço as lágrimas na voz dela. — E isto não vai acontecer se eu não fizer o que você fez por mim no dia em que nos conhecemos. Você me deixou livre. Você me encorajou a ser livre. E quero o mesmo para você. Quero que você siga sua paixão, e não seu coração.
O táxi começa a se afastar e por uma fração de segundo penso que talvez ela vá perceber que suas prioridades são estúpidas, porque minha paixão é ela. O livro é só uma desculpa. Debato comigo mesmo se devo correr atrás dela, oferecendo uma performance digna de livro. Eu poderia ir atrás do táxi e quando o carro parar, posso abrir a porta, puxá-la para meus braços e dizer que estou apaixonado por ela. Que terminei de me apaixonar por ela no mesmo instante que comecei, porque foi um mergulho lá do alto até o fundo. Um Instante, um amor totalmente instantâneo.
Mas ela detesta amor instantâneo, ao que parece ela detesta amor semi-instantaneo, amor lento amor em ritmo de lesma, amor em geral e...
— Merda!
Xingo a rua vazia, porque, pela primeira vez recebo exatamente o que mereço
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No escuro dela, ela fica em silêncio. No meu escuro, ela grita.