Capítulo 1 - O sol pediu a lua em casamento

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NOTAS: Por favor, lembrem que essa fic é angst e o fim é kirideku, eu quase postei ela ontem kkkkk, mas preferi pegar o tema Moon que é o que tirou essa ideia (super antiga) do papel. Então ninguém dizendo que eu fiz propaganda enganosa com esse cap fofinhokkkkk avisades? Boa leitura!



Katsuki observou o Sol. Ele caminhava orgulhoso envolto em um manto dourado, conversava com todos, sorria em todas as direções. Ele bufou. Desviou o olhar e voltou-se ao seu livro, desinteressado, até que ouviu um pigarro suave, o brilho dourado ao redor dele já entregando quem o interrompia.

Lua olhou para cima, dando de cara com o Sol, que sorria gentilmente.

— Eu, er... queria conversar com você, será que podemos?

Bakugou fechou o livro audivelmente, ajeitando sua postura e focando seu olhar unicamente no homem à sua frente. Eijirou engoliu em seco e se sentou à sua frente, fora do espaço que o tapete de Bakugou cobria, como que com medo de se aproximar demais dele.

Ótimo. Katsuki ainda assombrava outros astros e seres divinos com seu mau humor, como deveria ser.

— Talvez seja melhor falar de uma vez, não é? Lua, Katsuki Bakugou... Eu-Eu estou apaixonado por você. Sempre estive, eu já te amo há muito tempo.

Bakugou riu. Aparentemente, não tinham medo dele o suficiente.

— O quê?

— E-Eu amo você.

Bakugou queria rir de novo, porém o rosto nervoso de Kirishima dizia que era sério. Ele não estava brincando. Katsuki olhou ao redor, procurando pela tola estrela que ficava para cima e para baixo atrás do Sol, Denki. Ele não estava em lugar nenhum. Não era uma pegadinha a qual todos os amigos dele estavam assistindo?

O que diabos deu na cabeça do Sol para se apaixonar pela Lua?

— Olha, não entendi de onde esse sentimento veio. Mas não rola, tá? Não sinto o mesmo. — Katsuki respondeu, sua expressão neutra, ainda esperando que fosse uma pegadinha.

— Tudo bem. Cê pode pensar e depois a gente conversa sobre isso. T-tudo bem. — Kirishima levantou e saiu, andando rápido e de cabeça baixa.

Bakugou observou o Sol até não poder mais alcançá-lo com a visão. Nenhum dos amigos dele pulou de um esconderijo ou algo do tipo. Desconfiado, ele abriu o livro que lia, sem realmente conseguir focar nas letras.

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Katsuki observava as flores de cerejeira caírem. Era seu pequeno espetáculo particular, sua pequena diversão. Era silencioso, calmo e bonito. Ele amava fazer aquilo sozinho e era por isso que agora estava irritado.

— O que você quer?

— Você já pensou no que eu te disse? — Eijirou questionou, bem humorado.

Katsuki suspirou.

— Que eu me recorde, eu te rejeitei. Tenho rejeitado há uns quinhentos anos.

— Meu lema é nunca desistir! É isso o que ser másculo significa. Nós temos a eternidade, afinal.

Kirishima sorriu com um sorriso brilhante para ele. Bakugou desconfiava que ele nem tinha mais esperanças de verdade, mas insistia questionando para não perder o costume. Apenas por curiosidade, claro que nada mais — absolutamente nada mais — , ele decidiu conceder algo para Eijirou.

— Um encontro. Você tem um encontro e nada mais. — Ele falou, em tom de ameaça.

A expressão de Eijirou passou por várias coisas ao mesmo tempo, até fixar-se numa alegria tremenda, um sorriso que quase rasgava as bochechas dele.

— Um encontro. Tudo bem. Eu vou organizar tudo e você vai ver, você vai se apaixonar por mim, Katsuki Bakugou!

E assim, ele saiu correndo. Bakugou riu.

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Katsuki encarou o chão à sua frente com desdém. Eijirou sentava de forma polida, na posição de lótus, em meio a uma diversidade de comidas. Ao redor dele, frutas, pães, tortas, e muita, muita carne. Muito sabiamente, ele escolheu um local distante do Palácio Divino, no meio das florestas, no meio do bosque de cerejeiras. Pétalas das flores caiam sobre a toalha e o cabelo dele, emoldurando também a comida.

Bakugou tentou não demonstrar seu prazer com a escolha do local. Era previsível que ele decidisse ficar perto das cerejeiras, pois o gosto de Bakugou por elas não era nenhum segredo, ele era apenas esperto. Não demonstrava carinho nem atenção alguma, claro que não.

Ele se sentou em frente ao Sol, porém distante. A expressão séria e indiferente.

— Você quer provar? — Eijirou ofereceu o petit gateau, acompanhado com sorvete de morango.

O filho da puta tinha até alterado o acompanhamento comum, sorvete de baunilha, preferindo o sabor de sorvete favorito de Katsuki. Ainda sem dizer nada, ele assentiu, procurando uma colher com os olhos.

Kirishima foi mais rápido e ergueu o prato e a colher, tirando uma porção do petit gateau e oferecendo ele mesmo à Lua. Bakugou semicerrou os olhos, tentando buscar todo o ódio dentro de si para expor em sua face. Aparentemente, ele não achou muito, pois Eijirou permaneceu sorrindo largo e oferecendo a colher para ele.

Contrariado, Bakugou aceitou, provando o doce com timidez, enquanto Kirishima o alimentava com cuidado.

— O que você anda lendo?

— Fedro, de Platão. — Bakugou respondeu, enquanto Eijirou tirava mais uma porção do prato.

Lua abriu a boca, esperando ser alimentado com mais, porém Kirishima engoliu sua porção, comendo da mesma colher. Katsuki corou. Se por raiva ou vergonha, ele nem queria saber.

— Sobre o que é?

Bakugou encarou Kirishima por cerca de um minuto inteiro. Ele queria, do fundo de seu coração, surtar de raiva, rir na cara dele e sair andando. Debochar de tudo aquilo.

Contudo, percebeu que não podia. Não podia porque, na verdade, não queria.

Estão, ele se pôs a explicar tudo o que tinha lido em Fedro até então.

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Katsuki se pegou encarando Eijirou.

Os dias não eram bem marcados no reino divino como eram no reino humano. A temperatura e a claridade dependiam do humor de All Might, o Ser Supremo. Por isso mesmo, Katsuki sempre tinha para si a beleza das cerejeiras, que estavam sempre florescendo e em seu auge, não importa quando olhasse.

Por isso mesmo, Bakugou tinha apenas sua própria noção de tempo para perceber que já tinha passado horas ali na floresta, na companhia de Sol. Ele geralmente não falava muito, mas se pegou contando sobre diversos livros humanos e divinos que leu. Kirishima não era um frequentador ávido da biblioteca divina como ele, entretanto, podia notar o interesse especial que ele tinha pelos livros que envolviam a humanidade. De fato, eram os preferidos dele.

Ainda assim, Kirishima falava mais. Ele contava histórias supostamente engraçadas que roubavam um bufar de desdém de Katsuki. Comentava sempre sobre os humanos, o que os via fazer, o que os assistia alcançar. Falava literalmente sobre tudo, até mesmo os docinhos que trouxera viravam uma odisseia completa. Ele comia a carne como um lobo faminto, mas sempre dividia os doces com Bakugou, alimentando-o com a própria mão. À esse ponto, nem conseguia mais fingir que estava irritado ou tímido com esse ato.


NOTAS: Dia 28 saem os dois últimos capítulos!

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