Capítulo 6

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Sempre tive o costume de acompanhar meu pai em suas tarefas, principalmente durante as manhãs. Eu estava sentada em uma cadeira próxima ao trono de meu pai no salão principal do castelo enquanto o via julgar alguns casos dos cidadãos do reino. Os reis eram os juízes em Aruna para resolver os casos que os guardas não puderam.


Alípio entrou no salão quando não havia mais ninguém e ajoelhou-se para reverenciar o rei. Ele estava acompanhado por outros três soldados e seu olhar demonstrava certo pavor.


— O que houve? — O rei Malkiur perguntou quando deu permissão para que os guardas levantassem.


— É o príncipe de Senka, majestade. Ele está tomando o centro de treinamento e ninguém consegue fazê-lo parar. — Alípio contou para o rei e eu arqueei as sobrancelhas quando o soldado olhou para mim. — Precisamos de você, alteza.


Kardama havia dito que resolveria a situação da mentira dos soldados, mas não contou o que faria. Fiquei curiosa para descobrir o que o príncipe estava fazendo e também tive medo de que desrespeitasse minha exigência e matasse alguém. Eu ainda não confiava nele, apesar de nosso acordo.


— O que está acontecendo, Helene? — Meu pai, que não sabia nada sobre aquela situação, perguntou assustado.


O rei não tinha qualquer interesse em saber sobre o que acontecia com o exército, mas aquela situação parecia ter perdido o controle e essa ideia era assustadora. Respirei fundo antes de contar parte do ocorrido.


— Os soldados agiram pelas minhas costas e mentiram para mim, então o príncipe Kardama pediu autorização para intervir nessa situação e eu concordei, levando em consideração que em apenas alguns meses ele será meu marido. — resumi. — Mas agora preciso impedir que ele se exceda.


O rei estendeu o braço em frente ao meu corpo para me impedir de andar quando tentei levantar para acompanhar os guardas até o centro de treinamento. Franzi o cenho e o encarei confusa.


— O príncipe de Senka está agindo em sua defesa e com autorização. Não deve interferir, Helene. — Meu pai falou com certa irritação e inclinou seu rosto para os soldados em sua frente. — Quantos já morreram?


— Ninguém, senhor, mas... — Alípio gaguejou ao ver o olhar furioso do rei.


— Iremos intervir apenas se ele perder o controle e matar muitos. Até lá, que isso sirva de aviso. Nenhum desrespeito à coroa de Aruna será tolerado. O custo da nossa proteção é a fidelidade. — O tom de voz do rei Malkiur estava alterado, então ele encostou suas costas no trono confortavelmente e balançou a mão para que os três saíssem.


Quando os guardas do palácio fecharam as grandes portas atrás de Alípio e seus companheiros, o rei Malkiur riu e inclinou seu corpo em minha direção para falar mais baixo.

O Príncipe Sombrio [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora