Leve Confusão

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Narrador


Sarah não sabia onde enfiar a cara diante da situação que havia arrumado. Foi pega no pulo falando de sua chefe e logo após passou por um — o segundo naquele dia — gay panic ao vê-la tão bela a sua frente. Não sabia explicar ao certo mas havia falhado miseravelmente em tentar disfarçar sua confusão.

Por sorte, a advogada pensara que seu rosto completamente vermelho como pimentão se tratava do flagrante que havia feito, mas na verdade a babá estava totalmente "quebrada" com a visão dela de roupa social, aquilo estava causando pensamentos impróprios na mulher.


— E então, Sarah, você acha que eu sou uma megera? — perguntou divertida e semicerrou os olhos.


— N-nao! Era só um jeito de dizer... E-eu... Perdão senhora, não me demita eu imploro. — a loira quase ajoelhou-se na frente dela.


— Acalme-se, Andrade, não vou demiti-la. — diz ao passar por ela — Não hoje — sussurra em seu ouvido, tão baixo que apenas a babá conseguiu ouvir.


O corpo de Sarah reagiu no mesmo instante àquele simples gesto. Seus pelos arrepiados quase a entregaram, mas as crianças e os funcionários estavam muito entretidos com a presença inusitada da senhora Freire para poderem nota-los. A mulher agradeceu mentalmente por não deixar transparecer que seu nervosismo era por conta da proximidade e da voz aveludada de sua chefe sussurrada em seu ouvido.


"Controle-se, Sarah!", pensou a babá.


— Vamos aproveitar a presença da mamãe Freire pra cantar a sua musiquinha, Sarinha. — sugeriu Gil.


E naquele instante a loira queria esganar o seu amigo até a morte. A tal musiquinha era algo inusitado que havia inventado para divertir as crianças, a risada era sempre garantida, até mesmo Vitória ria da mulher cantando. Agora, cantar para a dona Juliette estava fora de cogitação, era vergonha demais, ou melhor, humilhação demais.


— Shiu! Não vou cantar nada. — tratou de dizer logo. A essa altura seu rosto estava vermelho como pimentão, o que divertiu muito a dona da casa que estava amando a situação.


— Ah, Sarinha, cante para nós. — provocou Vitória. A loirinha mais nova amava colocá-la em situações de vergonha e agora com certeza era um desses momentos.


— Agora estou curiosa com essa música, vamos, senhorita Andrade, cante para nós. — diz Freire, com um sorriso cínico nos lábios.


"Merda!", xingou mentalmente.


Sarah sabia que a dona da casa também estava se divertindo com aquela situação cabulosa em que a babá havia se metido e sentia uma vontade enorme de voar no pescoço de sua chefe para tirar aquele sorrisinho do rosto dela.


"Como é possível que ela consiga me deixar feito boba num instante e completamente irritada em outro?"


— Não acho que a senhora irá gostar da música — diz ela, tentando manter a calma.


Por um Triz - SarietteOnde histórias criam vida. Descubra agora