Narrador
Por volta de 22:30 da noite, Juliette estacionava seu carro na entrada principal de sua casa. Estava radiante e completamente leve depois do dia animado que tivera ao lado de seus velhos amigos. Havia gostado até mesmo do momento em que João a arrastara para a montanha russa e ela se recusava aos berros, no final o professor venceu a batalha e a advogada foi no brinquedo mais agitado do parque.
— Nunca mais vou num daqueles. — murmurrou ao se lembrar do seu desespero em casa decida rápida que o brinquedo deu.
Apesar da briga com Gustavo ter sido um grande gatilho para suas lembranças ruins, estava disposta a se aproximar dele, para tentar reconstruir a relação com o garoto e também com seus outros filhos.
Enquanto fechava a porta do carro, lembrou-se das palavras da babá.
"Eles sentem sua falta"
Juliette suspirou sentindo aquelas palavras a atingirem em cheio. Ela tinha total razão, seus filhos sentiam sua falta e ela precisaria fazer algo para mudar isso. Um sorriso se formou em seus lábios e ela caminhou em direção a porta principal da casa. Seus passos eram lentos e foram parando ao escutar alguns gritos vindo de dentro.
— Sarah!. — a voz infantil ecoou e o coração de Juliette pulou dentro do peito.
— Essa voz... — foram as únicas palavras que conseguiu dizer antes de correr até a porta a abrir o mais rápido possível.
Ao adentrar sua casa mal pode acreditar no que via e ouvia. Em meio a escuridão, aos prantos, seu pequeno Bento chorava e chamava pela babá. Não se atentou muito ao detalhe dele estar praticamente se esperneando, ela estava emocionada demais por, depois de tanto tempo, ouvir aquela vozinha que havia se calado diante de uma perda fatal.
— Meu pequeno... — murmurrou com a voz embargada.
A essa altura a bolsa de Juliette já estava largada em algum canto do chão, ela largou tudo e correu até o seu filho caçula.
— Você está falando meu amor... — fungou enquanto virava o corpo do menino para si. — Você tá falando! — sorriu emocionada e abraçou fortemente o garoto que apertou os bracinhos ao redor da mãe.
— Sarah... Sarah... — o garoto repetia enquanto chorava no colo da mãe.
— Vamos chamar a Sarah, meu amor, ela vai amar saber que você esta falando — sorriu entre lágrimas enquanto encarava o rosto de seu caçula.
Mas esse sorriso logo sumiu quando o pequeno ergueu para mãe um certo papel. Era a carta de Sarah, a carta de despedida. Bento pouco sabia sobre ler mas sabia o suficiente para entender o conteúdo daquele papel, sua babá havia ido embora, havia ido assim como seu pai e talvez não voltasse mais.
Juliette pegou a carta das mãos de seu filho e começou a ler, ao chegar no "com amor, Sarah" entendeu o choro de seu filho. Movido pelo desespero ele voltará a falar e agora a motivadora disso estava sabe se lá aonde.
Antes que a advogada pudesse proferir palavras de consolo para seu filho, mais vozes se fizeram presentes na sala.
— Mãe? Era o Bento falando? — Gustavo questionou ao descer as escadas correndo.
— Meu irmãozinho está falando de novo!? — foi Julia quem falou dessa vez.
— Bento! Meu Deus você está falando! — diz Vitória, atônita ao ouvir a voz de seu irmão após tanto tempo.
— Sim ele está falando — diz Juliette soltando um suspiro em seguida. — O único problema é o motivo... Aliás, acredito que Vitória poderá me explicar.
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Por um Triz - Sariette
RomanceDurante uma fuga da polícia, Sarah Andrade acaba parando na mansão Freire, onde conhece Juliette, uma advogada fechada para o amor, que vive para o seu trabalho e seus quatro filhos; Vitória, Gustavo, Júlia e Bento. No meio da confusão de sua chegad...