César em: "Vocês que se danem!"

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Irritado era pouco para retratar o estado de espírito de César. Devido a exaustão ele havia dormido por várias horas no fundo da van. Quando deitou para descansar estavam completamente perdidos, sem nenhuma pista. Ao acordar descobriu que basicamente tudo havia acontecido, desde mensagem de Íris dos outros grupos até intervenções divinas com GPS mágico. Já ele, a única coisa que havia tido eram cenas intermináveis de tortura de seu irmão e das outras reféns pelas mãos de Alastor.

-Ele não vai ficar nada feliz. Você tá ligado, né?! A gente deveria ter conversado com ele - Thiago sussurrava.

-Fizemos o que deveria ter sido feito, cara. Do contrário, ainda estaríamos vagando por aí sem destino algum. Só seguimos o que nos ordenaram. - Mike era inflexível.

O filho de Dionísio despertou automaticamente com aquele diálogo. Possuía uma curiosidade incontrolável, principalmente para polêmicas e assuntos aleatórios que não lhe diziam respeito. Na escola o chamavam de fofoqueiro, mas ele preferia o termo "bem informado". Afinal, quem detém informação consegue negociar e estar preparado para qualquer situação.

-O que vocês fizeram? - César tentava parecer despreocupado, mas não era bom em disfarçar suas oscilações de humor. Quando se dirigiu à frente do automóvel percebeu três coisas: Já era tarde da noite, fazia frio e a van estava estacionada em uma praça arborizada. Ficou também claro o desconforto dos dois amigos pela reação surpresa ao serem flagrados no meio de uma conversa potencialmente sigilosa.

-Hey, amigo! Conseguiu descansar? - Thiago estava tenso.

-Consegui! Mas assim, me conta, o que rolou? - César estava inquieto.

-A gente sabe que você não vai ficar feliz com isso, mas precisa entender que tudo foi em prol da missão - Mike gaguejava e tamborilava a mão sobre o banco, contou todos os detalhes das últimas horas de forma objetiva. Ele não era do tipo que se arrependia das ações que tomava, principalmente por levantar a bandeira de ser alguém totalmente racional.

-Ou seja, vocês fecharam um acordo com um dos juízes do inferno e julgaram que isso não era importante o suficiente para saberem a minha opinião... -O conselheiro do chalé 12 desatou a falar.

-Não é bem assim... Você sabe que quando lidamos com esses seres divinos...- Thiago foi interrompido.

-E ainda seguiram prontamente um mapa mágico que nos trouxe até aqui achando que seria a única opção... -César começou a falar num tom de desdém que começou a incomodar Mike.

-É um GPS na verdade... - O filho de Hipnos tentava amenizar a situação inutilmente. Sua personalidade era calma, mas já estava chegando a um limite.

-Não interessa! A única coisa que eu vejo aqui é que vocês se sentiram na autoridade de líderes e me ignoraram completamente - o rosto de César ardia, ele odiava ser ignorado e mais do que isso, não ser levado a sério o perturbava profundamente -Vocês sabem que isso pode ler julgado em tribunal, certo?! Não é possível que vocês achem certo isso que fizeram!

Se fosse possível Mike teria ficado em pé, mas como não era, ele revirou os olhos e se empertigou todo. Como romano, jogar uma regra assim, no meio de uma discussão, engatilhava todos seus sentidos para o debate, e ele entrava pra destroçar. E estranhamente ele e César eram parecidos, mas ao mesmo tempo, inversamente proporcionais. O filho de Dionísio fazia o drama parecer natural e sempre usava abordagens filosóficas e existenciais. Já o conselheiro de Mercúrio era muito legal, no sentido jurídico da palavra. Usava leis, padrões e lógica para seus embasamentos. Mas no momento, diferente das reuniões de guerra no Acampamento Perdido, a cordialidade e a elegância era descartáveis:

O Conto das Parcas: As Três Maldições - Vol IIOnde histórias criam vida. Descubra agora