Era uma verdade universalmente reconhecida que Hogsmeade, na Inglaterra, era um verdadeiro lixão. Os super-heróis que tentavam consertar as coisas eram a única razão para toda aquela cidade ainda não ter acabado em chamas. Harry Potter, com dezessei...
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Havia um número consideravelmente grande de pessoas com superpoderes, um número que ia crescendo cada vez mais a cada ano.
Algumas pessoas nasciam assim, extraordinárias, e outras ganhavam poderes através de algum acidente louco. Algumas nem eram daquele planeta, apesar de aliens ainda serem bem incomuns. Não incomuns no universo em geral, porque haviam vários planetas com vida inteligente comprovada, mas nenhum deles parecia especialmente inclinado a visitar a Terra, muito menos a ir morar lá para sempre. Os que ficavam normalmente eram os que não tinham escolha. Os que não tinham um planeta para onde voltar.
Quando se tratava deles, Harry sabia o que todo mundo sabia, o que não era muito.
Essas pessoas que tinham habilidades não eram exatamente queridas. Você podia mostrar os seus poderes caso você fosse um super-herói, você seria adorado e reverenciado por isso, mas no dia a dia, alguém com super força só era uma aberração. Algo a ser temido e ignorado, na melhor das hipóteses, e atacado e testado na pior. Ninguém falava sobre esse tipo de coisa, nem Petúnia que tinha uma boca tão grande quanto o pescoço.
Mas, ignoradas ou não, havia um número consideravelmente grande de pessoas com superpoderes. Todo mundo sabia disso.
Harry não podia ser uma delas.
Nem o Defensor era, e se havia alguém que merecia poderes, era ele, não Harry. Harry era— bem, Harry. Só isso. Ele não era nada mágico, ele era o órfão inútil, o segredinho dos Dursleys, o menino fracote que levou um tiro e deveria ter morrido depois de só algumas semanas brincando de herói.
Não mudava o fato de que ele ainda estava ali.
Coberto de sangue. Com um buraco de bala na fantasia ridícula dele e uma barriga completamente intacta. Vivo. Andando, até, e com as pernas estranhamente firmes. Os passos dele eram lentos, mas isso era por causa de toda a confusão que ele estava sentindo, não por causa de qualquer tipo dor.
Ele ainda estava respirando.
Quando Harry finalmente chegou na casa dos Dursleys, já eram quatro da manhã. Ele entrou pela porta da frente, o que era uma prova de que ele realmente estava em choque. Harry sabia que sempre deveria entrar pela janela dele, que nunca deveria nem arriscar ser pego pelos seus tios. Felizmente, eles ainda estavam dormindo, e Harry foi até o banheiro entorpecido, sem um único pensamento passando pela cabeça dele e sem ser pego.
Harry foi para baixo da ducha, só observando a água caindo como se nunca tivesse visto nada tão incrível, vendo o sangue dele rodando e descendo pelo ralo. Demorou alguns segundos para ele perceber que ainda estava vestido e tirar as roupas dele. Ele não pegou o sabão. Não se esfregou.
Harry passou um dedo pela barriga dele, tremendo, mas nenhuma cicatriz ou buraco apareceu. Nem a menor das marcas. Nada. Haviam requisitos de sangue seco nos cantos da unha dele, mas até o resto já tinha sido lavado, o deixando com um grande vazio e muitas perguntas. Era a primeira vez desde que ele aprendeu a engatinhar em que Harry não tinha nem um único hematoma por todo o corpo dele e ele sabia, de uma maneira visceral e desesperada, que aquilo era extremamente errado.