Sarah Andrade
Quando Juliette e eu chegamos ao carro, as crianças e o mordomo nos questionaram a demora, mas minha chefe foi mais esperta e deu uma desculpa qualquer.
Agora estávamos a caminho de casa, um clima leve estava instalado no carro e todos ali aparentavam estar realmente felizes. Uma música calma tocava na rádio e pude perceber Juliette cantarolar baixinho, desejava internamente que cantasse mais alto para que pudesse escutar nitidamente sua voz.
Como se lesse meus pensamentos, Gustavo pediu em voz alta:
— Canta pra gente, mãe.
Juliette pareceu se espantar com o pedido do garoto, mas pude notar em sua face sua felicidade diante daquilo. Foi aí então que percebi, Gustavo não a estava maltratando como normalmente fazia e até mesmo a chamava de mãe de uma maneira carinhosa. Não era como se todos os problemas deles houvessem sumido assim, mas já era um começo para a reconstrução da relação de mãe e filho deles.
— Ah, filho, não sei... Estou com um pouco de vergonha.
— Não precisa ter, sua voz é linda. — comentou, olhando rapidamente para ela e depois desviando o olhar para a estrada novamente. — Mas se não quiser tudo bem.
O garoto deu de ombros e soltou um longo suspiro. Quando olhei para minha chefe mais uma vez, vi em sua expressão que ela não estava disposta a perder aquele momento com ele. Levando sua mão até o rádio, selecionou uma música e começou a cantarolar uma linda música.
De todo o amor que eu tenho
Metade foi tu que me deu
Salvando minh'alma da vida
Sorrindo e fazendo o meu eu
Gustavo sorriu de canto ainda olhando para a estrada, ele estava claramente gostando de ouvir sua mãe cantar, provavelmente aquilo deveria ser algo recorrente num passado feliz daquela família. Juliette, percebendo a felicidade não só do seu menino mais velho como dos outros filhos, continuou cantando:
Se queres partir, ir embora
Me olha da onde estiver
Que eu vou te mostrar que eu tô pronta
Me colha madura do pé
Conhecia bem aquela música e a amava, mas ouvir Juliette cantando tão bem daquele jeito me fez amar mais ainda. Quando dei por mim já havia me juntado a ela na cantoria.
Salve, salve essa nega
Que axé ela tem
Te carrego no colo e te dou minha mão
Pensei que seria repreendida por todos, mas eles apenas sorriram com nossa interação e por fim estávamos todos cantando juntos, menos o pequeno Bento, acredito que ele ainda precisasse de mais algum tempo para sair cantando por aí.
Minha vida depende só do teu encanto
Cila, pode ir tranquila
Teu rebanho tá pronto
[...]
— Todo mundo pro chuveiro e depois cama! — declarou Juliette ao entrarmos em casa.
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Por um Triz - Sariette
RomanceDurante uma fuga da polícia, Sarah Andrade acaba parando na mansão Freire, onde conhece Juliette, uma advogada fechada para o amor, que vive para o seu trabalho e seus quatro filhos; Vitória, Gustavo, Júlia e Bento. No meio da confusão de sua chegad...