Baby?

164 7 4
                                    

Com poucos dias, retornaram ao Japão, as férias tinham terminado e de volta ao trabalho normalmente. Assim que chegaram da viagem, resolveram ir contar aos pais de Shuichi sobre o noivado, eles ficaram felizes com a novidade e comentavam como seria. Seria uma nova etapa a ser conquistada no futuro não tão distante. Até que hoje, iria ocorrer algo tão especial em relação a todo esse contexto...

Kokichi Pov:

— Shumai, já largou do trabalho? - Havia acabado de o ligar.

— Ainda não Koki, vou ter que ficar mais uma hora, pois o delegado quer concluir algumas coisas aqui comigo. - Ele deu um suspiro — Queria eu ter largado agora.

— Pensei pelo fato que está chovendo, irmos juntos.

Hoje o clima estava terrível, só viria ter a piorar esses dias, realmente não sei o que está causando isso. Até os noticiários estão alertando para que fiquem em casa ou tenham cuidado, acidentes de trânsito e até de aeronaves tem acontecido por conta dessa variação extremada que já não acontecia há alguns anos.

— Entendo, mas como está chovendo muito, pega um táxi e vai indo pra casa se quiser. Imagino que você esteja cheio de fome.

— Ok, realmente vou, pois eu estou bastante faminto. - Não posso negar, precisava urgente comer qualquer coisa.

— Foi isso mesmo que eu imaginei, te vejo mais tarde, Koki. - Ele se despedia.

— Até mais tarde, Shumai. - Desliguei a ligação e guardei meu celular. — Ele é sempre tão ocupado, apesar do clima ruim, eu vou andando mesmo já que trouxe as botas e o guarda-chuva.

Não era a melhor das ideias e eu sabia bem, mas não custava me arriscar um pouco que seja ou o dia ia estar repleto de melancolia. Eu organizei as coisas em meu escritório, depois peguei os papéis que precisava e coloquei em pastas de plástico para que mesmo minha bolsa acabe molhando, eles estão bem protegidos.

Quando saí da empresa, estava uma chuva e tanto, ainda bem que estava agasalhado e protegido da ventania. É bastante sem graça andar sem meu amor, amava fazer qualquer coisa que seja junto dele, mas também ele está cheio de problemáticas a serem resolvidas. Na metade do caminho, comecei a ouvir um barulho de choro.

Não era um choro qualquer, é um choro de criança, o estranho que não tinha ninguém nas proximidades para justificar o que seja e nem vinha de alguma casa ou apartamento. Ainda estava próximo, como se estivesse ganhando um eco sem fim, eu resolvi parar e olhar em minha volta em busca de respostas, mas nada vinha na minha mente.

— Não vejo nada por aqui, mas o barulho tá vindo desse beco, melhor dar uma rápida olhada. - Meu sexto sentido alertava sobre, não custava ir averiguar se havia algo ou se era só coisa da minha cabeça.

Adentrei ao local e avistei uma pequena caixa aos fundos, a cada momento o choro começava a ficar mais alto a medida em que eu me aproximava. Resolvi em abrir, tive uma grande surpresa, acabei me deparando com o bebê. Ele tem peles claras que se assemelhava a palidez minha e de Saihara, cabelo brancos e rosados ao mesmo tempo nas pontas. Diria que é até igual a mim, sendo que os meus são roxos com pontas mais claras no final, seus olhos eram cinzas iguais de meu noivo.

Quando me viu, ele acabou parando de chorar, estava cheio de frio e pelo jeito me parece que foi abandonado aqui. Fui rápido, peguei na minha bolsa e o enrolei com uma toalha que tinha reserva, ainda bem que eu sempre andava com alguma por costume. E ainda tinha sorte que havia o achado logo ou poderia ter morrido de hipotermia, não quero nem imaginar isso. Como alguém é capaz de fazer isso com um bebê?

— Isso seria o destino? Até você é parecido conosco, não vou te deixar sozinho nesse dia chuvoso. - Falei olhando para o pequeno em meus braços.

Não tinha condições para continuar andando na chuva, não conseguiria equilibrar a sombrinha com ele no meu colo. Chamei um táxi e estariam a caminho o mais rápido já que eu tinha inventado uma estória que era uma emergência de vida ou morte. Tanto que no final da corrida, nem fiz questão de troco e apenas pulei para fora correndo para entrar em meu prédio. Finalmente, estamos em casa que por sinal estava quentinha e aconchegante.

— Chegamos meu pequenino, eu vou cuidar de você a partir de agora.

Peguei uma toalha mais confortável e o enxuguei direito para que não tremesse de frio, o coloquei na cama e em volta uma pilha de travesseiros para que ele não pudesse vir a cair ou a se machucar feio. Eu precisava de um banho, porque estava encharcado por conta da chuva que levei, quando fui apenas entrei e saí do chuveiro na maior velocidade.

Voltei para o quarto, quase levei um baque no corredor com a pressa toda, eu estava preocupado para que estivesse tudo sob ordem e ele não se ferisse com nada. Me sequei e me vesti, ele estava apagado no quinto sono. Mas não poderia deixar ele com dessa maneira que poderia deixá-lo mal e ainda no clima em que estamos, o melhor era pedir ajuda o quanto antes.

— Hmm, ele não pode ficar com essa toalha, deve tá machucando-o. - Eu falava baixo para não o acordar. — Já sei a melhor ideia, vou falar com a vizinha, porque ela tem um bebê.

Ela também era bastante legal, desde que chegamos ela quis logo conhecer a gente e deu muito certo. Nos tornamos como amigos, assim poderia dizer e somos unidos quando alguém precisa de ajuda estamos dispostos. Verifiquei os travesseiros e se ele estava dormindo direito, depois eu saí do meu apartamento e fui até sua porta. Resolvi bater do que tocar a campainha, já que seu filho poderia estar dormindo e não queria o acordar com minha interrupção.

— Oi Kokichi!,Boa noite, como você tem andado? - Ela me cumprimentava com um belo sorriso.

— Boa noite, vizinha! Estou bem cansado, muito trabalho a se resolver.

— Qualquer noite, quando quiser pode vir com o Shuichi jantarmos juntos aqui em casa com minha família, você é muito querido por nós.

— Muito obrigado, me lembrarei disso! Estou precisando de uma grande ajuda.

— Pode me falar que se eu puder fazer, eu farei.

— Acabei encontrando um bebê abandonado e- - Ela nem deixou terminar a frase direito.

— E você decidiu trazer ele não foi? Você tem um coração muito grande, Kokichi. Já sei o que precisa. - Eu acho que ela tem algum tipo de telepatia comigo. — Vou pegar umas roupas e te explicar algumas coisas.

— Muito obrigado pela grande ajuda, estou perdidinho com ele.

Ela me chamou para entrar, mas preferi ficar aqui fora a aguardando, ela voltou cheia de roupinhas e fui analisando as que caberia nele. Depois, ela foi me explicando os cuidados que devemos ter com o bebê, falou sobre comida, hora de dormir e o geral de como lidar. Havia sido esclarecedor para mim e sua presença era como de uma mãe da qual nunca cheguei a ter.

— Meu Deus! Muito obrigado vizinha, não tenho palavras de quanto o te agradecer.

— Que nada, agora vá cuidar dele.

— Claro, pode deixar comigo e até amanhã.

— Até!

Entrei em meu apartamento e fui cuidar do bebê, ele ainda estava dormindo, mas aparentava estar aos poucos se acordando. E de novo o choro estridente, peguei no colo e comecei a balançar, num instante havia se aquietado. Aproveitei para dar um banho improvisado e colocar uma das roupas que a vizinha ofereceu. Levei ele comigo para sala, porque tinha que pensar no que eu iria jantar junto com Shuichi e falando nele ouvi a porta sendo aberta.

— Kok-, Kokichi?! O que é isso? - Ele olhava como se eu tivesse matado um monte de pessoas e teria que ser preso. — Eu não acredito que você tenha me traído, dá onde arranjou esse bebê?! - Tampei os ouvidos da criança.

— Shuichi, menos também viu? Vai acabar deixando o bebê nervoso! Venha que eu explico o real motivo. 

Destino? (komahina / saiouma)Onde histórias criam vida. Descubra agora