Quatro anos e meio depois que a vida de Ana Lívia virou de ponta cabeça, a mineira tenta sobreviver a sua maneira, cuidando sozinha de seu filho, Dudu, e trabalhando em um emprego que pode não ser dos seus sonhos, mas supre seu desejo em permanecer...
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Duas semanas haviam se passado sem que Ana Lívia e Cecília se preocupassem com que suas mães de alguma forma descobrissem que elas não haviam dormido uma na casa da outra no dia da festa. O que foi um alívio enorme, mesmo que as mães compartilhassem mensagens sobre as filhas, não dava para dizer que as mais velhas eram amigas como as meninas e então não tiveram problemas com esse assunto.
Na escola, como Ana havia suspeitado, os boatos sobre sua quase briga com Jéssica na sala haviam se espalhado com o vento e não demorou para que as meninas fossem chamadas na coordenação para explicarem os rumores, mas não foi preciso dizer muito, já que Chanwoo havia chegado primeiro e acalmado os ânimos da coordenadora, explicando que as garotas já tinham resolvido a questão na sala e que os boatos eram mais escandalosos do que o acontecimento em si.
A atitude de Chanwoo de tentar proteger de certa forma Ana Lívia, deixou a estudante mais confusa do que já estava em relação ao garoto. Do mesmo jeito que ele a tinha deixado falando sozinha no meio da sala, ele fez novamente quando ela tentou chamá-lo para agradecer ao saírem da sala da coordenação, fingindo que não havia ninguém chamando seu nome.
Mais uma vez, Ana Lívia viu a amiga choramingando pelos cantos da escola por causa de um boato idiota e sem fundamento nenhum e por mais que ela não gostasse de Vinícius, pela primeira vez ele havia ficado ao lado da — de novo, pela décima segunda vez em menos de um ano — namorada. O que deixou metade de Ana feliz e a outra metade desconfiada. Ela nunca sabia quando o moreno iria deixar a amiga a ver navios de novo.
Nada estava incomodando Ana Lívia desde a fatídica festa na casa de Kaique, e por mais que ela quisesse se esquecer dos eventos finais daquela noite, o comportamento estranho que Chanwoo estava levando desde então, não a deixava esquecer.
Na verdade, ele parecia exatamente como sempre foi: ainda era o melhor aluno da sala, era elogiado constantemente pelos professores, jogava basquete perfeitamente bem e conversava animadamente com toda a turminha de amigos.
Ele só tinha mudado com Ana Lívia.
Não que ela gostasse de passar dia-sim e dia-não brigando com o garoto, era só uma parte da rotina que ela já estava habituada, e vê-lo ignorando-a sempre que ela o alfinetava com algo que sabia e tinha a certeza que o irritava, era no mínimo de se estranhar.
Mesmo sendo estranho demais, essa mudança repentina no comportamento dele fez com que Ana Lívia começasse a considerar que ele só estava alheio ao que acontecia ao redor dele. Afinal, o terceiro ano finalmente estava na reta final, o que acabava deixando os dois muito atarefados com todas as coisas que precisavam estar em perfeitas condições para a formatura deles e as pendências escolares, como presidentes de classe.
— Ana Lívia?
A voz da amiga a chamando, talvez pela milésima vez em menos de 10 minutos, chegou até os ouvidos dela, a fazendo se virar na direção dela e encontrar, não somente os olhos desconfiados de Cecília, mas como os olhos pequenos e afiados de Vinícius, que havia abandonado de vez o grupo de amigos para ficar agarrado em Cecília 24 horas por dia.