{eu me lembro}

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Eu me lembro das tardes de dezembro que você me acompanhava até em casa. Me lembro do cheiro de pão fresco vindo da padaria, o sol laranja das 18hrs refletindo em nossa pele, e o canto dos pássaros sob o conjunto de árvores que enfeitavam as ruas. Era tudo muito aconchegante. Era tudo felicidade. 

Seus dedos emaranhavam aos meus, o aroma de lavanda que suas roupas deixavam emanar chegavam até minhas narinas e acertava meu coração com leveza. Eu flutuava a cada toque seu, sorria a cada nova palavra que saia de seus lábios os quais sempre pareciam atrativos para mim. Fui enlaçada pelo seu amor, e nunca mais quis me desenlear.

Eu me lembro do clima natalino daquele dezembro em que estávamos juntos. As ruas enfeitadas com as luzes de natal, o aglomerado de pessoas procurando por presentes nas lojas. E pela primeira vez, me senti bem em ver tanta gente em um lugar só. Mesmo eu, me permiti desfrutar de cada segundo, observando cada sorriso, cada alegria, cada abraço. Tudo me lembrava você ali.

Afinal, o amor é isso. É sorrisos bobos, é lembranças repentinas, é frio na barriga, é o desejo de estar o tempo todo ao lado daquela pessoa. Amor é aconchego. Amor é lar. E você me permitiu conhecer esse lado da vida.

Afloraste em mim meu melhor lado, uma parte a qual eu nunca havia visto antes. Você me amou, e me fez capaz de amar. Você me fez desejar que todas as pessoas também amassem, porque eu queria que todos sentissem o que eu sentia. Era singelo. Era lindo. Mas não era duradouro.

Por muito tempo me peguei eludindo memórias daquele dezembro, na falha tentativa de fugir da dor, da tristeza. Mas hoje eu não vejo mais razões para fugir. Tudo o que vivemos foi amor, foi poesia, foi melodia. Ao olhar para trás vejo nostalgia, tristeza e até desapontamento. Mas ainda vejo o amor. 

Ainda vejo o brilho nos olhos. Ainda vejo as manhãs bem humoradas. Ainda vejo o aconchego, a poesia, a música, a paixão que irradiava a cada momento que passávamos juntos.

Eu me lembro daquela noite no parque, seus braços me envolviam como se eu fosse maior preciosidade do mundo. Eu lhe contava cada detalhe do meu dia e você me ouvia atenciosamente, ganhando ainda mais meu coração.

Ainda posso ouvir a voz de Bruno Mars ecoando meus ouvidos enquanto nossos lábios se juntavam e nossas línguas formavam um casal sincronizado dançante.

Era cena de filme. Como se o resto do mundo desaparecesse, e só eu e você importasse. Era nossa trilha sonora. Era nós.

Talvez não fossemos feitos para ficarmos juntos. Talvez você seja o meu romance juvenil e daqui muitos anos eu conte nossa história para meus netos.

Ou talvez o destino goste de brincar com a gente, trazendo todo esse sofrimento agora, mas em um futuro próximo estaremos juntos de novo, e eu te abracarei forte como costumava fazer, e você mexerá no meu cabelo com aquele cafuné preguiçoso como costumava fazer.

dezembroOnde histórias criam vida. Descubra agora