Max e eu ainda não comemoramos a nossa vitória. Nossa porque no sábado os meus dois times venceram e eu pude respirar aliviado por mais uma semana.
No domingo Leo e eu ficamos em casa depois dele ter passado todo o sábado na casa dos avós. Cozinho nossas refeições, o coloco para dormir depois do almoço, participo de suas brincadeiras, faço tudo o que um pai responsável faria, mesmo eu não sendo tão presente como gostaria.
No entanto, estar com o meu filho não supre a falta que Max começa a fazer. Estou me apegando rápido demais, mas isso se deve ao fato de eu conhecer Max a mais tempo do que qualquer outra pessoa que eu já tenha me relacionado. Não sinto sua falta pelo que nós fizemos nos últimos dias. Sinto a sua falta porque o conhecimento há muito tempo e agora eu sinto algo novo por ele. É fato de ele ser o antigo e um novo Maxon tudo ao mesmo tempo.
- Filhão, vamos patinar? – Pergunto a um Leo com a cara amassada de quem acabou de acordar. Ele ainda está adormecido demais para ficar animado.
Eu quero fazer um teste. Então pego meu celular e mando uma mensagem para Max, que está tão ansioso para nos encontrarmos quanto eu. Confirmo o nosso "encontro" e começo a preparação de Leo. Esta é a parte mais demorada: dar banho e escolher uma roupa para uma criança de três e depois faze-la vestir as roupas.
Depois do que parecem ser horas, Leo está pronto e o deixo assistindo TV para me arrumar. Tomo um banho e escolho uma roupa que diga pai solteiro procurando por companhia por aqui. Sempre funciona quando saio com Leo, mas hoje eu quero impressionar apenas uma pessoa. Pego um casaco para mim e outro para Leo, as chaves do carro e o celular.
Vamos cantando por todo o caminho. Sempre me impressiono com a capacidade de Leo aprender tantas letras de músicas, mesmo sendo tão novo. Ele está animado, eu estou animado e talvez até um pouco ansioso. Chegamos na pista de patinação da Boston University e Max já está esperando por nós.
- Oi. – Diz ele timidamente para mim. – Oi, Leo, como você está?
Leo parece envergonhado e esconde o seu rosto no meu pescoço. Eu não entendo como ele pode sentir tanta vergonha com Max, mesmo que eles já tenham se encontrado algumas vezes.
- Leo, é o Max, amigo do papai. Você precisa cumprimenta-lo, campeão.
- Oi. – Leo diz estendendo a mão para cumprimentar Max.
Posso ver o alívio passando pelo rosto de Max ao ver a mão de Leo estendida para ele. Eles se cumprimentam formalmente e posso ver que os dois estão mais confortáveis. Eu finalmente relaxo.
Vamos comprar os ingressos, só precisamos alugar os patins de Leo, Max e eu trouxemos os nossos, obviamente. Depois de colocar os meus patins e de amarrar os cadarços dos patins de Leo, vamos finalmente para a pista.
Leo parece um pouco inseguro. Aperta a minha mão com força. Mas assim que coloca os pés diminutos no gelo e consegue se manter de pé, ele relaxa. Damos alguns passos deslizando sobre o gelo. Ele sorri animado por conseguir patinar. Está claro que ele nasceu para isso assim como eu. Será um grande jogador de hóquei, não há dúvida. Ano que vem, ele estará matriculado em algum time infantil.
Max nos acompanha. Se mantendo num ritmo muito mais lento do que ele está acostumado nas quadras. Maxon é praticamente um cometa no gelo com o seu corpo esguio, e hoje ele mantém a mesma velocidade de Leo. Max também solta algumas palavras de incentivo para ele.
Depois de algumas voltas, e de um ou dois tombos, Leo está um craque. Seus genes não negam que ele nasceu para o gelo. Ele consegue patinar sozinho por alguns metros mesmo que por poucos segundos.