Apolo - Capítulo sete

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 Eu estava bebendo como um marginal, e não estava nem aí. Ligaria para Dr. Emily amanhã e pediria para termos cinco consultas por semana, que seja.

Talvez devesse pensar em considerar também o grupo de apoio ao alcoolismo depois dessa noite.

Porque a verdade é que Alpha Moody é como um câncer. Ele vem no seu melhor momento e destrói seu organismo. Por um tempo você pensa que está tudo bem, vai dar tudo certo, mas reconhece que as chances são pequenas. Eu não confio na minha sorte, e sei que não seria comigo que essa doença teria uma cura. E pelo visto, quando acho que foi embora e acabou para sempre, ela volta, me puxando de volta e deixando claro que nunca vou me livrar dessas cicatrizes. Dessa dor.

Sinceramente eu já sabia que se eu chegasse no ponto que havia chegado a mais de dois anos atrás, eu não voltaria. Para mim era o suficiente.

Já havia sido uma vez. — me lembro com intensa tristeza e vergonha.

Sabemos que nossa dor não é a maior do mundo, mas é a nossa dor. E isso destrói qualquer homem.

— Quer mais um, garoto bonito? — disse a garçonete quarentona do outro lado do balcão. — Te dou, mas com a única condição de que as chaves do seu carro passem a noite comigo.

— Melhor ainda, estou sem elas. Me vê mais três shots de tequila e uma cerveja para lavar a boca.

Ela riu e se afastou, me trazendo o que havia pedido. Virei os três shots e metade da garrafa de cerveja, me sentindo completamente nauseado em seguida.

— Não devia beber assim. — disse o monstro terrível chamado Alpha. — A bebida tende a fazer mais efeito nesse calor absurdo.

Sua voz me enjoava. Claro que a tequila também podia estar fazendo isso, mas eu preferia culpá-la.

— Você não devia estar em um casamento, ou melhor, no seu casamento? — disse com escarnio e raiva, tentando não enrolar muito as palavras.

Eu estava realmente enferrujado quando o assunto era álcool.

— Na verdade, eu já me casei. Devia estar fazendo sexo enlouquecidamente com meu, agora, marido. — sua voz estava mais arrastada que o normal, e o vocabulário mais chulo. Ela também havia bebido mais do que de costume.

Meu bom senso disse "saia daí Apolo." Não o escutei mais uma vez.

— Então porque está nesse bar nojento ao invés de, como disse? Ah, fazer sexo enlouquecidamente com seu maridinho. — a palavra me dava enjoo.

— Deb, me dá mais dois shots? — perguntou de forma carinhosa para a garçonete quarentona, que agora sorriu para ela e logo trouxe os dois shots. Alpha os tomou seguidos e eu apenas consegui observar.

O jeito que jogava a cabeça para trás e os fios loiros se movimentavam com fluidez. O líquido desceu em sua garganta e ela passou a língua pelos lábios nas duas vezes, me fazendo lembrar do quanto eram macios. E ao fim das duas doses, respirou fundo e me encarou.

Eu me sentia quente e meu olhos estavam fixos em seus lábios ainda húmidos. Eu os desejava com tanta intensidade que o pouco que me restava se agarrava com força a garrafa de cerveja.

— Deb, linda, mais um aqui. — disse piscando para a garçonete que virou os olhos — Vou precisar. — completei em um sussurro, para que Alpha não me ouvisse.

Minha humilhação também tinha um limite.

Ouvi o riso rouco de Alpha ao meu lado, mas àquela altura tudo era mais leve, mais engraçado, e muito mais sensual do que eu esperava.

— Então, veio ver se eu já havia ido embora? Sinto te informar, princesa, mas estou bêbado demais para pegar a estrada. — disse antes de entornar a garrafa de cerveja e esvaziá-la. — Não que você se importe com isso.

Virei o novo shot de tequila e uma garrafa de cerveja me esperava ao lado. Deb, garota esperta. — pensei comigo mesmo. Alpha me encarava séria ao meu lado, sem resposta para meu comentário grotesco.

Sua mão agarrou meu braço, fazendo com que um formigamento se espalhasse por lá. Coisa estranha.

— Eu preferiria morrer no seu lugar a existir em um mundo que você não exista, Apolo. Mesmo que não seja comigo, como eu gostaria. Eu preciso saber que em algum lugar do mundo, você respira. Que você está bem. — disse sem tirar os olhos dos meus e sem piscar, me fazendo engolir em seco e tomar a primeira decisão imbecil daquela noite.

Em menos de dez minutos com sua presença, Alpha havia pego os dois anos e meio passados com uma profunda dor em meu peito, e jogado no lixo. Estar bem? Eu não me lembro da última vez em que estive bem.

— Vamos sair daqui? — disse me levantando e a puxando pela mão, que agora estava entrelaçada com a minha me acompanhando em meus passos bêbados e acelerados. 

Trajeto Paralelo - Alpha e Apolo | Parte IIOnde histórias criam vida. Descubra agora