Meu coração estava disparado enquanto olhava a faixada da casa grande que eu havia crescido junto a Apolo. Não havia mudado muita coisa além de algumas novas flores na faixada sempre recém pintada.
O carro de meus pais não estava na garagem, mas o meu sim, como o deixei há dois anos e meio atrás.
Acariciei a barriga saliente, sabendo que não estava sozinha nessa, antes de seguir com passos nervosos até a porta enorme de entrada. Devemos tocar a campainha quando voltamos para casa depois de mais de dois anos e meio, levando em conta que nossos pais acham que estamos do outro lado do país?
Destranquei a porta com minha chave e entrei, respirando fundo e me preparando para lutar qualquer batalha que estivesse por vir.
— Vamos lá, Alice. Seremos eu e você contra eles. — disse tocando mais uma vez minha barriga — Mãe? Pai? — gritei.
Ouvi passos no andar de cima, certamente havia alguém em casa. Logos os fios grisalhos de meu pai tomaram forma na minha frente e seu rosto se iluminou enquanto vinha em minha direção me abraçar.
Parou há dois passos de mim quando olhou para meu corpo, sendo mais específica; minha barriga. O desprezo o preencheu.
— Alpha? — a voz de sono de minha mãe preencheu o ambiente. — Querida, o que está fazendo aqui? — disse caminhando em minha direção, e fazendo a mesma coisa que meu pai ao olhar para a barriga saliente de seis meses de gestação.
— Alpha, o que é isso? — disse minha mãe com os olhos ficando marejados.
— Eu acho que fiz uma centena de coisas horríveis. — disse enquanto o choro me dominava. — Preciso de ajuda.
Minha mãe se aproximou me puxando pela mão até o grande sofá a alguns metros de nós e me sentou, vendo que a qualquer momento eu desmaiaria. Checou meu pulso por alguns instantes e buscou um copo de água.
— Beba querida, sua pressão caiu.
Tomei o conteúdo do copo de uma vez, em seguida olhei para meu pai me encarando sério do outro lado da sala, sentado em sua costumeira poltrona.
— Bem, estou gravida. — disse alegando o óbvio fazendo com que meu pai ficasse ainda mais vermelho.
— Alpha como... Por que não nos contou antes?
— Eu sinto muito, eu... Eu não sabia como contar.
Minha mãe me encarava com o pesar no olhar. Seu olhar deixava claro o que ela pensava; eu estava arruinando a vida que ela e meu pai construíram para mim. A vida perfeita que planejaram para mim.
— De quem é? — perguntou meu pai com frieza.
E então eu menti. Foi naquele momento que descobri que eu não podia contar para eles quem era o pai daquela criança, dizer que estava esperando um filho de Apolo seria a lastima para meu pai, ele nunca o aceitou.
Meu pai queria para mim um homem com pedigree. De uma família boa e rica, que garantisse meu futuro e mantivesse o bom nome da família. E claro, é valido lembrar que apesar de Apolo estar rico neste momento, ele nunca seria o homem dos olhos de meu pai.
— Vocês não o conhecem. É só um cara que conheci na faculdade e bom... Aconteceu. — disse nervosa.
— Por que não tira? — cortou meu pai.
Eu estava preparada para tudo; gritos, decepção e lagrimas, mas para aquilo não.
Tirar uma criança? Fruto do amor mais puro que eu já senti em toda minha breve vida? Isso nunca se passou pela minha cabeça. Eu criaria aquela garotinha com meu sangue se necessário, mas nunca poderia desistir dela.
— Está louco? — disse nervosa. — É uma criança! Não tem culpa de nada, não vai pagar pelo meu erro! — gritei.
— Eu me recuso a assumir essa criança como da nossa família. Uma criança bastarda, fruto de uma relação que não resultou em um casamento? Sequer conhecemos esse rapaz, por que ele não veio com você dar a cara a tapa? — disse nervoso.
— James, se acalme. — disse minha mãe, nos interrompendo.
As lagrimas rolavam em meu rosto e meu coração doía, poderia culpar aos hormônios, mas quem eu estava querendo enganar? Eu estava devastada, e isso era apenas a cereja do bolo que eu mesma assei.
— Não aceito isso, minha filha. Pode sair por aquela porta agora mesmo e esquecer que sou seu pai, diga adeus a seus estudos que eu mesmo pago e a vida de princesa que está levando, ou vamos resolver esse problema. — disse encarando minha barriga que, instintivamente, protegi com os braços.
— Não vou tirá-la. — disse com convicção, assustada com a frieza de meu pai.
— Podemos dar a criança para alguém. Muitas famílias têm interesse em adotar. — disse dando ombros e enchendo um copo com seu whisky
— Isso está fora de cogitação! — gritei. — Mamãe, por favor. — completei, desesperada.
— James, precisamos de um meio termo. — olhou desesperada para meu pai. — Por favor.
Meu pai nos encarou por alguns minutos que pareciam uma eternidade, com frieza, antes que chegasse em uma nova conclusão.
— Se quiser ficar com a criança, tenho apenas duas condições. — e eu sabia antes que ele dissesse quais eram, e eu aceitaria qualquer coisa. — Se formar é a primeira delas, e a segunda, quero que se case, o quanto antes possível.
Meu corpo estremeceu. Como explicar que eu sequer tinha um pretendente, quem dirá um aspirante a marido? Como se lesse minha reflexão, meu pai completou;
— Se não tiver ninguém no mínimo decente em vista, arranjarei alguém com orgulho. Mas saiba, minha filha, que nenhuma das duas condições são negociáveis. É aceitar meus termos ou abrir mão da criança. — então virou o resto de seu whisky. — Tem até ela nascer para me responder.
E então saiu da sala, me deixando sozinha com minha mãe que me olhava assustada.
Senti um chute de Alice, como um pedido. Lute por mim, mamãe. — eu iria lutar.
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Trajeto Paralelo - Alpha e Apolo | Parte II
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