Capítulo 14

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Mesmo depois de duas semanas, Marion ainda mancava pelo apartamento de Adam enquanto buscava um copo de água na cozinha. Desde quando o noivo a encontrara, ela não voltou para a casa. Não por medo, ou coisa do tipo, mas para evitar que vizinhos comentassem sobre o quão ferida estava. Nem mesmo ir para a empresa ela arriscou desta vez.

Depois de beber a água, a empresária volta para o escritório de seu noivo e liga o monitor do notebook outra vez. Estava desde cedo trabalhando remotamente, já que os machucados do rosto tinham sumido o suficiente para esconder com maquiagem. Ela respira fundo e quando o relógio marca exatamente quatorze horas, Andy já está ligando para a patroa. Embora ainda não tivesse aparecido na empresa, estava colocando o trabalho em dia com chamadas feitas por aplicativos.

- Boa tarde senhora. Está se semtindo melhor? - Andy pergunta, dando um leve sorriso em seguida.

- Estou sim, Andy. Se tudo der certo, nas próximas semanas eu volto para a empresa - Marion exala um suspiro longo. - E então, como estão as coisas por ai? Temos novidades? Adam comentou comigo que os investidores estão satisfeitos com os resultados que estamos apresentando nos últimos meses.

- Sim, é verdade. Inclusive, marquei duas reuniões para você essa semana. E ao que parece - a assistente acrescenta - não são apenas os investidores que estão felizes com os resultados positivos. Todos estão comentando sobre o assunto pelos corredores.

Por um longo instante, Marion não diz nada. Na verdade, ela não precisava dizer. O brilho em seus olhos falava por si só.

- Senhorita Davies? - A voz de Andy ecoa pelo escritório e Marion parece se lembrar de que ainda estava em reunião.

- Me perdoe, Andy - um sorriso sútil -, eu apenas fiquei emocionada com notícia. Mas vamos voltar ao assunto: duas reuniões essa semana, correto? Mais alguma coisa?

- Acredito que de mais importante seja isso mesmo. Ah! Também há uma crescente no número de compradores de ações no mercado.

E assim a reunião continua da melhor maneira que Marion poderia imaginar. Depois de tanto esforço para conseguirem reerguer a empresa, finalmente estavam conseguindo tirá-la do buraco. Marion não deixa de pensar se o pai estaria orgulhoso dela por ela estar conseguindo tal feito, já que ele não conseguiu. Ao finalizar a reunião, Marion procura por algo para comer. Adam ficaria fora o dia inteiro, já que estava na empresa.

Desde o dia que ele a encontrou, não pegaram nenhum caso e, apesar dela gostar do que fazia em segredo, ela estava feliz por isso.

***

Marion estava na cama quando Adam chegou. Não estava fazendo nada além de ler um de seus livros preferidos e estava tão entretida que nem notou a presença de Adam no ambiente.

- Acho que já leu esses livros inúmeras vezes, não já? - Ele diz rindo do susto que ela leva, enquanto se aproxima da cama. - Isso é tédio por estar sem mim?

A mulher sorri e solta o livro, então se ajeita melhor na cama e o olha.

- Eu gosto, tudo bem? É uma forma de me esquecer dos problemas.

- O que? essas fadinhas ai? - Adam pergunta em tom de brincadeira e ri.

Marion o fuzila com o olhar.

- Em primeiro lugar: não são fadas, são feéricos. E em segundo lugar: são muito melhores do que esse bruxinho com um raio na testa que você tanto gosta.

- Ah não! Isso não. Prefiro que termine comigo do que fale do Harry.

Marion gargalha.

- Não fale mal dos meus feéricos, que eu não falo mal do seu bruxo de cabelo de cuia.

Adam respira fundo e tira o livro das mãos da mulher e se aproxima, engatinhando na cama.

- Que tal não discutirmos sobre isso? Nem sobre essas fadinhas aqui - ele diz batendo os dedos na capa do livro -, nem sobre o Harry. Até por que, sabemos que ele é muito melhor do que os seus personagens - um sorriso surge nos lábios de Adam.

- Se você não parar de falar essas besteiras agora, eu vou fazer greve de sexo até que admita que está errado - ela fala, colocando as mãos no peito dele enquanto ele se aproxima mais dela.

- Vou ter que fazê-la calar a boca?

- Se conseguir isso. Tente a sorte sem usar um daqueles feitiços ridículos. - Um sorriso travesso escapa dos lábios da mulher.

- Ah, pode ter certeza de que eu não preciso de nenhum deles, quando tenho total poder sobre você.

Adam se inclina, colocando seu peso sobre os braços e beija a noiva. Marion sobe as mãos do peito para a nuca dele e entrelaça seus dedos. Ele continua os beijos, passando uma das mãos pelas curvas do corpo de sua noiva e assim que seus lábios se separam dos dela, ele diz sorrindo e com a voz ainda falhando:

- Preciso de banho. Por que não vem comigo? - Pergunta beijando a curva de seu pescoço. A mulher o olha e sorri para ele. Um sorriso que Adam particularmente adora e conhece muito bem. Sem precisar dizer nada, Adam sorri de volta e se levanta. - Te espero lá.

Ele dá uma piscadela e sai.

Adam estava esfregando seus cabelos rasos quando escuta a porta do box se abrir. Se apressa em tirar a água do rosto para espiar.

Marion está nua bem em sua frente e ele não consegue disfarçar o sorriso. Ele segura em sua mão e a puxa para perto de si. A beija com calma, e embora o desejo de ambos estivesse evidente neste, ele cola sua testa na dela, passa as costas dos dedos indicador e médio em sua bochecha, então diz:

- Eu amo tanto você, May! Não sei o que eu faria se te perdesse.

- Você não vai me perder, Adam - Ela envolve seus braços em volta do pescoço dele e sorri. - Nunca! Daqui alguns poucos meses vamos nos casar e eu serei a mulher mais feliz deste planeta. Vou aproveitar cada segundo ao seu lado, fazer jus a cada promessa feita, e...

Adam a interrompe, colando os lábios nos dela mais uma vez. Marion retribui sem pensar duas vezes. A língua dele pede permissão para invadir a boa dela e ela consente. Ele explora aquele espaço tão conhecido como se fosse a primeira vez.

— Eu amo ouvir quando você fala assim — o homem sorriu e a observou por um instante e Marion pôde notar a mistura de desejo e paixão em seus olhos. — Sabe, May, qual foi uma das primeiras coisas que pensei quando começamos a namorar?

— O quê? — A assassina quis saber. Seus olhos brilhavam.

— Momentos como esse. Nós dois juntos, apenas curtindo o momento, embora o mundo esteja desmoronando lá fora.

— O mundo é uma grande droga — constatou Marion. — É por isso que amo esse mundinho aqui que construímos. Nós dois e, agora, o Doug também. Nossos trabalhos, nossos amigos. É o que me motiva a continuar.

— Você tem noção do quanto eu admiro você?

Marion se afastou um pouco dele, para que pudesse lhe olhar melhor. Por mais que não fosse necessário, a assassina refletiu sobre a pergunta, fazendo com que centenas de pensamentos invadissem sua cabeça em questão de segundos. Ela respirou fundo, afastando-os e mostrou seu melhor sorriso.

— Em qual sentido?

— Em todos. Absolutamente e definitivamente todos — o noivo sorriu de volta. — Estou falando sério, May! E quando nos casarmos, quero fazer de você a mulher mais feliz de todas, para que você nunca perca esse sorriso encantador.

— Não preciso de muito para ser feliz. Eu tenho tudo o que preciso bem aqui em minha frente.

— E o que seria?

Foi a vez de Marion correr o olhar pelo homem e Adam não se fez de desentendido ao interpretar o sorriso malicioso que a mulher esboçava e a puxar para perto de si mais uma vez.

Assassina de Luxo [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora