A crise dos 29

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thejimineutron: Tentei trazer fatos históricos para essa história, não é nada muito novo, estou sempre tentando colocar algo substancial em tudo aquilo que escrevo. Espero que vocês gostem, não só dos assuntos, como da música, que gostem de Jazz tanto quanto eu.

Eu aconselho colocar uma playlist de Jazz para tocar enquanto lê, você será teletransportado automaticamente.

Boa leitura!

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Mil novecentos e vinte e nove. Logo após o final da Primeira Guerra Mundial, os Estados Unidos, que se tinham beneficiado fortemente com os grandes empréstimos que fizeram aos países que realmente estavam na guerra e estavam perdendo, enlouqueceram em sua própria soberba.

Começava os anos vinte com uma auto-estima insana, e regada dos contrabandos menos saudáveis que se podia imaginar, nas ricas noites iluminadas que enchiam os bares com danças exuberantes e sapateados exagerados, mulheres fumando e falando nomes aos quatro ventos, afinal de contas, a felicidade estava no ar.

Eram todos felizes na América, finalmente, e assim como se podia ficar rico da noite para o dia, era muito pouco provável se entristecer na euforia daquela arte nobre do engrandecimento do espírito.

A insanidade parecia estar apenas começando, mesmo com o decorrer de seus nove anos no encalço de todos, era a melhor época para ser jovem, quando fumar tornara-se um esporte charmoso e as mulheres o faziam porque libertava o espírito.

Tudo tinha um novo cheiro, as cidades em si cheiravam a fumaça, com as indústrias trabalhando sem parar para suprir o consumismo desenfreado que a felicidade tinha, também, incitado.

Todos trabalham loucamente para ter, porque agora era fácil ter, e quem queria viver sem ter um pouquinho do que todo mundo tinha?

Até a arte tinha um novo gosto, e Kim Seokjin sabia muito bem disso, caminhando pelos corredores bem iluminados, coordenando os últimos preparativos para a próxima exposição que a galeria da qual ele era dono, junto com seu melhor amigo, Min Yoongi.

Muitos diziam que duas coisas eram completas loucuras, o surrealismo e a facilidade de pegar empréstimos nos bancos ultimamente. Qualquer pessoa podia abrir uma empresa e apostar em ações com preços exorbitantes, que continuavam a ser apontadas como pura especulação, e que na verdade a empresa não valia tanto, mas os preços continuavam sendo aumentados porque o mercado estava positivo e acreditava que esse aumento aconteceria.

Era um golpe de sorte, mas nos últimos cinco anos Seokjin não tinha dado a mínima para aquele pensamento, afinal, tinha conseguido um empréstimo gordo e finalmente tinha aberto sua galeria de arte, o sonho de sua vida. Nunca tinha tido dom para a pintura, mas o olhar era perfeito, ia direto naquilo que faria sucesso, ou que com cem por cento de acurácia, sabia que valeria a pena um pouco de esforço e investimento.

Por isso, além de apostar em Dalí, andava sempre com um livro de Hemingway debaixo do braço.

— Ei! Ajeite este quadro, vire um pouco mais para a esquerda! — ordenou Seokjin ao homem que estava em cima da escada de ferro cru.

— Você está ficando completamente obcecado por essa exposição — disse Yoongi, surgindo de trás de uma das peças penduradas, caminhando com os olhos colados a um exemplar grosso e clássico de "O grande Gatsby".

— Eu quero que tudo saia perfeito amanhã, você sabe que vai ser a nossa reinauguração, e as pessoas estão loucas para comprar, Yoongi. Eu chequei o mercado, as pessoas estão ficando obcecadas por todas as loucuras que o Dalí tem pintado nos últimos anos, toda essa coisa de Freud e as análises da psique, as pessoas adoram um bom drama. Adoram a ideia de expor na sala algo tão vulgar quanto "O grande masturbador". É sujo, é indiscreto, igualzinho aos anos vinte! — Seokjin jogou os braços para cima e deixou cair o seu livro, ficando bem debaixo dos holofotes, fazendo brilhar a pele alva de suas bochechas.

Os loucos anos 20Onde histórias criam vida. Descubra agora