From Boston with Love - Merluca

01 - A fuga

A sombria e nebulosa Meredith estava de volta. Naqueles dias, os pensamentos de luto pela morte de Derek eram confusos. Nunca houveram tantas pessoas em sua casa, na casa que Derek havia construído para eles. Meredith não suportava todas aquelas pessoas. A família de Derek se encarregou de organizar tudo. Carolyn, sua mãe, era uma estátua de cera, as irmãs de Derek estavam inconsoláveis. Amelia por outro lado, viveu dias difíceis, ela e Meredith eram as que mais preocupavam. Meredith só se sentiu melhor quando viu a silhueta de Cristina saindo de um táxi em frente a sua casa. Assim que ela se aproximou, Meredith começou a chorar amargamente e Cristina a abraçou bem a tempo, antes que ela caísse no chão da porta de sua casa, a mesma porta, onde o policial a informou sobre o acidente de Derek.

O tempo não tinha forma, Cristina e Meredith dormiam juntas na cama e acordavam juntas, não demoravam muito para se entender, afinal eram irmãs gêmeas. Cristina abraçou-a e ao invés de tentar consolá-la. Ela sabia como estar perto de Meredith como ninguém. O coração de Cristina chorou por ter que ir embora deixando sua pessoa naquelas condições, mas Meredith a tranquilizou, pois ela sabia que a clínica não iria continuar sem ela por muito tempo, então relutantemente a deixou ir embora novamente acenando pela janela do táxi.

Meredith, tinha uma ideia em mente. Todas as outras pessoas pareciam irritá-la um pouco, até mesmo Alex. Todos continuavam ao seu redor e ela queria ficar sozinha. Ela se sentia sozinha, e estar entre as pessoas que constantemente a entediavam só piorava a situação. Ele planejou tudo rapidamente, sem dizer nada a ninguém. Pediu licença por e-mail, fez as malas e foi para Boston com as crianças. Ninguém, nem Maggie, nem Alex, nem Amelia sabiam onde ela estava, as tentativas de ligar para ela eram em vão, pois sempre caíam na secretária eletrônica. Mesmo Cristina não sabia de nada, e mesmo se soubesse, Meredith teria pedido a ela para não dizer nada e ela certamente não teria quebrado seu código de honra.

Pouco depois de chegar a Boston, Meredith começou a ter sintomas estranhos, náusea, fadiga, exaustão, então uma luz acendeu em sua cabeça. Como uma simples paciente, ela foi para o hospital perto de sua casa levando os filhos com ela, ela não tinha vontade de deixá-los com estranhos, muitas coisas já haviam acontecido. Ele foi até a emergência e pediu um exame de sangue, não era um hospital grande, mas as pessoas eram profissionais e gentis. O que parecia ser um interno, que não sabia como lidar com uma mulher e duas crianças pequenas, chegou ao leito onde ela estava, demorou dois minutos e o médico não encontrou sua veia. Meredith, que já estava pouco paciente, ficou ainda mais irritada e começou a agir como Medusa, deixando-o pasmo.

- Você precisa de um gps para achar minha veia e tirar 2 míseros ml de sangue?

Ele congelou no local.

- Não, Sra. Grey, me desculpe.

Mas isso não a acalmou.

-Talvez se você tivesse colocado o torniquete do jeito certo não estaria tateando no escuro.

Ele a encarou com os olhos arregalados.

- Sou médica, cirurgiã. Sei que errou ao colocar o torniquete, tenho que fazer sozinha ou você chama outro médico que faça melhor que você? Você é residente do primeiro ano?

A voz alterada de Meredith não passou despercebida, outra pessoa percebeu seu desapontamento.

O outro médico se aproximou de sua cama. Ele era alto, tinha cabelos escuros e olhos verdes. Tinha a barba ligeiramente a fazer, e um bom tipo físico.

- Carson, algum problema?

- Doutor Deluca, essa senhora não me deixa tirar seu sangue, fica me distraindo.

Meredith ficou irritada.

- Eu o quê? Isso já é demais, eu vou embora.

Mas imediatamente a mão do outro médico pousou em seu antebraço de forma tranquilizadora, impedindo-a.