Quando cheguei em casa, chorei sentada no sofá da sala. Chorei muito, tremia. Levantei pra beber água e derrubei um porta-retrato quando trombei no lugar que eles ficavam. Vi ele quebrar no chão, e ficou com a imagem da minha família toda trincada. Peguei ele com a mão. Era uma foto minha, com Luan e Pedro no nosso casamento. Depositei ela virada novamente no local e fui pegar um copo d'água. Mas, quando toquei nele, ele caiu ao chão de tanto que eu tremia. Tratei de limpar a bagunça para Luan não desconfiar e sentei novamente chorando na sala.
- Meu Deus, onde eu estava com a cabeça? - Passava a mão no rosto. - O Luan me mata se descobrir, ele me mata.
Fiquei um bom tempo alí e depois tratei de voar pro banho. Estava me sentindo suja. Minha cabeça dava nós, eu não sabia o que fazer. Me sentei ao lado dele, e olhei Luan dormindo como um anjo. Eu não conseguiria dormir ao seu lado. Fui me levantar, mas quando pisei fora, pensei no quê ele me diria se eu dormisse no quarto de hóspedes. Me deitei ao seu lado e fiquei chorando baixinho, martelando minha culpa, até adormecer.
Abri os olhos devagar, minha cabeça latejava. Eu não sabia se era pela bebida, ou por tanto chorar. Coloquei as mãos na cabeça.
- Você tá bem? - Luan apareceu em cima de mim, entrando na minha visão.
- Não. - Evitei olhar pra ele.
- Bebeu demais ontem, não foi? - Fechei os olhos me preparando pra bronca, mas ela não veio. - Fica tranquila, eu não vou falar nada. Só levanta e toma. - Ele botou um remédio do meu lado no criado mudo.
Eu não conseguia olhar pra ele. Levantei devagar e tomei o remédio, mas depois fiquei parada olhando pra frente. Luan saiu do banheiro.
- Ah, e você não vai amamentar o Pedro hoje. Se ele pedir, eu não quero que você dê pra ele.
Pedro tinha saído do peito, mas eu ainda tinha leite e as vezes ele me pedia para dar de mamar pra ele. Luan saiu, me tratando com desprezo. Olhei o relógio, quase 12h00. Levantei da cama e desci pra fazer algo pra comer. Pedro estava sentado no sofá da sala assistindo desenho com Luan. Fui fazer almoço, mas Luan tirou a panela da minha mão.
- Luan, eu vou...
- Eu pedi comida, você não precisa se esforçar pra ser boa esposa.
Fiquei olhando pra ele por um tempo e subi correndo pro quarto. Eu merecia aquilo, mas estava estranhando a frieza com que ele me tratava. Fiquei chorando lá e depois ele bateu na porta.
- Vem comer, Jordana.
Levantei e desci, ele mesmo dava de comer pro Pedro, enquanto comia a comida dele.
- Me dá aqui eu dou pra...
- Pode deixar.
Sentei e comia devagar, mais olhava o prato que comia. Estava esperando o interrogatório. Onde tinha ido na noite anterior, com quem, que horas cheguei... Mas ele não falou nada. Tomei iniciativa.
- Luan, olha...
- Não, eu não vou perguntar nada, questionar nada. Onde você foi ontem, que horas chegou, o quanto bebeu, quem tem que me dizer é você. Vai da sua consciência, Jordana. Eu esperava chegar aqui ontem e me acertar com você, mas me decepcionei. Então, pra mim, essa história já deu. Eu fiz minha parte e estava aqui, cuidei de Pedro e tudo mais, agora não posso "estar aqui" por você. E não vem com justificativas baratas pra cima de mim, eu não quero e não vou ouvir. Você passou dos limites ontem. Eu não casei com você pra ser seu pai.
Eu não disse nada, somente comi mais devagar ainda, em silêncio. Eu não sabia o que faria agora, se contaria pra ele ou não.
- Luan, eu posso conversar com você? - Fui procurá-lo pela tarde. Ele estava no quarto onde guardava suas coisas de música.
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As lembranças vão na mala (Luan Santana)
FanfictionAproximadamente oito anos se passaram desde aquele fevereiro de 2010. Luan Santana um cantor já consagrado no Brasil e Jordana Corradini uma atriz formada em Londres vivendo a plenitude dos seus sonhos em terras inglesas. Quanto o destino pode ser i...