PARTE 14

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Parte 14 - Sob a Luz do Sol

No dia seguinte me pego distante da realidade, refletindo sobre o que anda acontecendo na minha vida, sorte que a delegacia estava vazia, sem atendimentos, me deu até certa paz aquele silêncio todo por lá.

Estou analisando os fatos, a forma que olhei para Karen, jamais olhei assim pra Fernanda, é como se... Fernanda fosse apenas uma pessoa que me faz bem, mas, que não me deixa intrigada, ou, até mesmo curiosa... Não desperta algo intenso em mim, enquanto a Karen, já desperta.

Quando levei Karen pro centro, não trocamos nenhuma palavra e nem olhares.

- Agente Júlia, bom dia. Tem uma pessoa querendo falar com você aqui na recepção.

- Quem é?

- Karen.

Falando no diabo...

- Pode deixá-la entrar. Obrigada.

Me ajeito na cadeira e fico numa postura e expressão meio intimidadora. Era quase horário de almoço meu.

- Em que posso servi-la ?

- Recebi uma mensagem de um número anônimo, que achei muito estranha.

- Posso ver?!

Ela foi me entregando o celular e pedi para sentar na cadeira, seu olhar estava apreensivo.

"Você teria uma vida de luxo se tivesse me escolhido, mas, você preferiu aquela lá pra namorar e viu no que deu, meteu chifre em ti e ainda era abusiva." - Da pessoa que te ama por muitos e muitos anos.

- Uma pessoa que te ama por muitos e muitos anos?! Que mensagem mais bizzara!

- E o pior, não consigo nem imaginar quem seja essa pessoa. Nem se é homem ou mulher, Júlia. Isso quer dizer que estou sendo vigiada?!! Me diga!!

- Calma... Precisamos saber se essa pessoa sabe do que aconteceu recentemente com você. E descobrir como sabe também do seu passado.

- Como?

- Não irá gostar do que irei sugerir...

- Fale!! - Responde impaciente.

- Puxe assunto com seu admirador ou admiradora, filtre informações através das conversas que terão e me passe tudo pra eu analisar. Você sabe ser uma boa atriz? Senão... Terá que ser e posso te ajudar nisso, já fiz aulas de teatro cênico. - Falei com certa glória e estufando o peito, até para descontrair a situação.

- Você consegue me fazer sorrir mesmo numa situação macabra dessas, Agente Júlia...

- Pra você, apenas Júlia senhorita... - Sorri de lado estando meio tímida.

- Quando começamos o meu treinamento de atriz?

- Quando quiser... Depois do nosso serviço se quiser, todos os dias, por meia-hora. Agora, mudando de assunto, meu almoço vai chegar, deseja comer aqui comigo?

- Sim, senão for atrapalhar você.

- Vai sim, não vê o quanto de pessoas estão lá fora precisando da minha ajuda? - Usei ironia e ela sorriu de novo.

Gostava de vê-la sorrir, parecia abrigar um pedaço do sol ali. E meus olhos quase vibram em êxtase com tamanha doçura que emite. 

Sob a luz do SolOnde histórias criam vida. Descubra agora