𝟎𝟖. Scorpions

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─ Eu disse que você não vai, Taeyong.

─ Por que não?

Taemin se virou para o filho mais velho enquanto prendia a arma no traje escuro que usava, ele suspirou, umedecendo os lábios e dando de ombros.

─ Você vai ficar aqui e pensar em como vai me explicar a porcaria do seu comportamento quando eu voltar ─ respondeu, soltando o ar ─ , depois nós vemos o que acontece.

─ Mas, pai...

O click alto da arma destravando ecoou pela sala, Taemin e Taeyong levaram a atenção para Kibum, que segurava uma pistola em mãos. O Kim levantou o olhar, a expressão fechada fez Taeyong engolir seco e ele sentiu as pernas bambas quando Kibum começou a caminhar em sua direção.

─ Não sei que porra você tava pensando, Taeyong, mas é bom você torcer para eu morrer lá, porque quando eu voltar, a sua conversa vai ser comigo.

O tom de voz do homem fez até mesmo Taemin engolir seco. Taeyong teve a sensação que o coração parou e tinha certeza que naquele momento seu rosto devia estar mais branco que papel ofício, as pernas pareciam um pouco moles e ele não sabia dizer como ainda estava de pé. Ele não conseguiu nem mesmo assentir.

Kibum o encarou por um curto tempo, apertando a arma em sua mão. Queria, sim, dar um tiro no Lee, e só não o havia feito ainda pelo enorme respeito que tinha a Taemin e Saeron. Podiam fazer qualquer coisa, falar o que quisessem, mas a partir do momento em que suas filhas estivessem envolvidas, a coisa tomava outro rumo e Kibum não engoliria aquilo tão fácil.

Quando o Kim se afastou, seu ombro se chocou com o de Taeyong, que engoliu seco mais uma vez e encarou o pai, que apenas balançou a cabeça.

─ Espero que tenha uma boa explicação sobre o que fez, porque eu não vou segurar ele, se ele quiser te bater.

Taeyong soltou o ar assim que o pai passou por ele. A sala de armas ficou vazia e ele pressionou os lábios, em passos lentos saindo dali.

Seu rosto doía um pouco, assim como parte do corpo por conta da briga anterior com o irmão, suas roupas estavam um pouco manchadas de sangue e o gesso em seu braço possuía alguns respingos em vermelho. Assim que ele entrou no quarto, a primeira coisa que fez foi caminhar em direção ao banheiro, decidindo tomar um banho para tirar toda aquela sujeira do corpo.

Enquanto a água morna caía sobre sua pele, ele se perguntou que merda estava fazendo e desde quando agia tão impulsivamente assim. Seus pensamentos estavam tão embaralhados que ele mesmo se perdia naquela bagunça. Tinha alguém de olhos neles, Lana estava saindo com alguém que ele não fazia a menor ideia de quem era, sua irmã tinha sido pega.

Tudo parecia bagunçado demais para ele poder manter a calma.

Queria confiar em Lana e esperar que ela estivesse pronta para lhe contar o que quer que seja, mas não conseguia, não quando tudo indicava que ela tinha outra pessoa.

Taeyong reconhecia muito bem o quão problemático tinha sido com as pessoas ao seu redor e ele mesmo se socaria se pudesse. Mas a ideia de ser traído não lhe descia. Se tinha uma coisa que ele repugnava era traição, não somente em um relacionamento, mas em tudo. Crescera em um meio onde traição não era aceita, onde todos aqueles que traiam não mereciam mais do que a morte. Não mereciam misericórdia e perdão.

O nome de Hongjun ecoava por sua mente, como se aquilo pudesse lhe dar uma luz de quem era aquele, mas ele simplesmente não tinha a menor noção de quem era.

Ele desligou o registro do chuveiro, alcançando a toalha para secar o corpo e se preocupando em apenas vestir uma boxer antes de seguir até o quarto e deixar o corpo cair no colchão macio. Os pensamentos ainda se faziam presentes em sua mente.

NO MERCY, Lee Taeyong ✓Onde histórias criam vida. Descubra agora