Capítulo 12 | Positively Mayhem

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Capítulo 12 | Confusão total

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Nunca estive no bar onde Rosa marcou nosso encontro. É novo na cidade e como não posso beber, estou desatualizada quanto à vida noturna agitada da minha pequena cidade.

Como as notícias correm, principalmente pela boca de Eva, sei que é um lugar bem ajeitado, de alto investimento, e preços um pouco salgados. Não quero fazer feio na frente de Rosa, então me arrumo como não fazia em muito tempo e peço um dinheiro emprestado para Eva, que, aliás, está mais empolgada do que eu por eu finalmente sair de casa para conversar com alguém diferente.

- Anna, querida! – exclama Rosa assim que dou um passo para dentro do bar.

- Oi, Rosa! – respondo, surpresa com a nova versão elegante de minha ex-chefe.

- Como você está linda! – diz ela, como uma tia que vemos apenas no Natal.

- Imagina, você é quem está maravilhosa. – replico, ao sentarmos à mesa já ocupada por ela.

- O que o dinheiro não faz, não é, querida? – diz ela, sem papas na língua, soltando uma gargalhada. Fico feliz ao perceber que por dentro ela continua a mesma. - Vamos fazer logo nossos pedidos porque estou em uma ansiedade louca para conversar com você! Uma cervejinha? – oferece.

- É... eu não estou bebendo.

- Por que não?!

- Estou dirigindo. – respondo.

Meu casaco disfarça a barriga por baixo da blusa larga e sei que Rosa não notou a gravidez. Se tivesse notado, faria um escândalo. Poderia ter sido mais honesta em minha resposta, não sei porquê escolho velar a razão para um pedido de suco de abacaxi com hortelã. Acho que meu subconsciente sabe muito bem que se tocar neste assunto agora, vou descobrir a real razão deste encontro só amanhã.

- Ah, entendo. Eu vim de táxi. – explica ela.

Rosa chama o garçom e pede sua cerveja, o suco e uma porção de bolinhos de bacalhau enquanto admiro como sua pele está bem cuidada. 

- Bom, Anninha, tenho uma proposta para te fazer e, independente de qualquer coisa, quero que você a considere com carinho, está bem?

- Hm, claro. – respondo, com um traço evidente de incerteza.

- Como você sabe, me vida mudou bastante desde que nos vimos pela última vez. – Novamente, a sinceridade à flor da pele que já me causou tantos risos internos. – Depois de muito madrugar na Rua 25 de março, enfim chegou o meu momento.

Rosa começa a contar cada detalhe de sua mudança, como está a nova vida e solta gargalhadas altas entre uma frase e outra. Finjo uma risada inaudível enquanto só penso como quero absurdamente que ela chegue logo ao ponto. 

- É o que eu sempre digo! – continua ela, retomando fôlego. – Mas, Anna, você sabe muito bem que sempre fui sua fã, não sabe?

Com certeza não definiria Rosa como uma fã e este "sempre" é um tanto exagerado, mas definitivamente não iria discordar da mulher e abrir um debate sobre o assunto.

- Claro, Rosa. Eu também sempre te adorei. – concordo, passando com sinceridade o meu lado da história.

- Seu jeito quietinho costumava me intrigar, mas logo vi que era foco. Foco no trabalho, em dar o seu melhor e aprender. - começa ela mais uma história, mas dessa vez parecemos estar mais perto do assunto que nos trouxe aqui. - Admiro muito isso e tentei aprender com você também. Sem contar sua habilidade em vender um produto sem ser insistente, como se fosse o próprio cliente que tivesse a brilhante ideia de comprar tudo e ainda estivesse saindo na vantagem. Era genial ver isso de perto! E é exatamente por isso que quero te convidar para trabalhar comigo na minha nova loja! – Rosa diz isso com tanta empolgação que solta um gritinho no final de sua frase. - Não é genial?!

Um amor para toda vida e nada mais [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora