Um amor para toda vida e nada mais [COMPLETO]

Capítulo 16 | Two Drifters Off to See the World

Capítulo 16 | Dois errantes a ver o mundo

Status de Relacionamento: 87 MESES + 21 SEMANAS

- Malas prontas, tudo pronto, aqui vamos nós! – diz Leo, assim que coloca seu violão e a última mala dentro do carro.

Ao vê-lo como um adolescente partindo para o acampamento de férias de verão, apenas espero ao chegar lá ele leve a viagem mais a sério e eu não me arrependa de tentar mais uma vez criar um relacionamento saudável com o pai do meu filho.

- Eva, estou fazendo a coisa certa? – pergunto, em voz baixa para minha irmã na beira da calçada, enquanto Leo se abaixa para se despedir de uma vó Marta inesperadamente lúcida em sua cadeira de rodas. Será que ela está feliz por mim ou por se livrar de mim?

- É claro que está fazendo a coisa certa, Anna! Por que esta pergunta agora? - rebate Eva.

- Porque parece que está tudo acontecendo de forma tão radical. Não estou acostumada com esse tipo de mudança. Pegar as malas e mudar de cidade com o Leo? No que estou pensando?

- Você está pensando em aproveitar uma oportunidade de ouro! Não apenas pelo emprego, mas por vocês. – diz ela, indicando Leo com um aceno de cabeça e um brilho esperançoso no olhar.

- Eva, no dia que me encontrei com a Rosa, eu te disse que ia contar para ela sobre a gravidez e a separação, mas na verdade preferi emitir este pequeno fato... Até chegar lá. – confesso e recebo um olhar de reprovação. – Não tive coragem, não quis arriscar. – continuo a me justificar.

- Você não quis encarar o fato de ter que enfrentar isso, é o que quer dizer?

- É, tipo isso. – respondo e abaixo a cabeça como quem sabe que aprontou.

- Sinto lhe dizer, mas você vai chegar lá em menos de uma hora.

- Eu sei. - confesso.

- Bom, Anna, agora é tarde demais, encare o que vier. Nós estaremos aqui torcendo por você. Te apoiando se tudo der certo e te esperando de braços abertos se tudo der errado.

- Obrigada! – agradeço, emocionada com as palavras de Eva. – Pena que papai não conseguiu vir se despedir.

- É... Mas é a última hora extra que ele vai fazer este mês. Tudo vai melhorar, mana, você vai ver.

Dois braços gigantes se aproximam de nós e nos unem em um abraço coletivo. A encenação de novela mexicana continua quando Leo finge estar aos prantos e só termina quando Eva retira seu cotovelo de cima dela e lhe dá tapinhas no antebraço.

- Ok, chega de despedidas, vocês vão me fazer chorar! – diz ele em uma de voz ridícula de desenho animado. - A gente vai estar pertinho e, se a saudade apertar, mandamos uma carta, tá?

Entramos no carro e acenamos uma última vez para Eva e vovó. Leo dá a partida e me despeço, as vejo sorrindo de volta para mim, cada vez mais longe. Percorremos alguns metros até que Leo interrompe o silêncio em um tom mais sério do que o de costume.

- E aí, está pronta? – pergunta ele.

A noite na lagoa vem até minha memória novamente. Não apenas por ser exatamente a mesma pergunta que ele me fez aquele dia, mas porque ela se tornou uma frase feita entre nós em nossos momentos mais importantes, e fazia tempo que não a ouvia. A adrenalina que sinto hoje é praticamente a mesma daquela primeira vez, só que maior, diferente. Considerando tudo que está em risco, é uma adrenalina que vem cheia de responsabilidade agora. 

- Vamos lá. Nunca tive medo do frio, não é? – respondo, sugestiva.

Leo entende e não consegue esconder o tamanho de sua felicidade pela lembrança, mostrando como aquela noite não foi inesquecível apenas para mim.

- Não. E nunca vai precisar ter. – afirma ele, me encarando profundamente antes de se voltar novamente para a estrada.

Ele retira sua mão direita do câmbio, segura minha, e seguimos em frente.