OITO.

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Sábado à noite e eu acabo de receber um e-mail do endereço oficial da banda: carinhas felizes e um convite para um almoço de domingo na piscina do Calum. Eles de fato não tem noção, provavelmente estará um frio do cacete amanhã e digo isso só pelo vento que está fazendo agora na rua do mercado, onde espero impacientemente por Josh e sua compra do mês, encostada no carro que eu sei que é dele; uma picape cinza chumbo.

Nós havíamos combinado pelo telefone de nos encontrarmos, e como ele tinha que fazer compras para casa, eu disse que o encontraria na porta do mercado depois de passar pelo meu dispensário favorito, o the green door. Nome nem um pouco óbvio, o que torna o lugar bastante popular entre os moradores e os turistas interessados em artigos que são ilegais em seus países.

Obviamente eu ocultei do Walker a informação sobre minha ida a loja, já que ele odeia tabagismo, mas aqui estou adiantada ao nosso horário combinado e com mais um segredo no bolso.

— Você sabe que esse não é o meu carro, né? — A voz dele tira toda a atenção que eu estava dedicando aos meus tênis all stars, e quase engasgo com a fumaça que eu estou tragando. — E guarda essa merda

Ele se refere ao meu cigarro, revirando os olhos.

— Eu to aqui faz o maior tempão esse não é o seu carro? — Eu devo estar rosa choque de tanta vergonha.

— De onde você tirou que esse é meu carro? — Agora reparo que ele está cheio de sacolas nas mãos, tentando atravessar a rua. — Aquele é o meu carro.

Ele aponta com a cabeça para um Fiesta preto, o que me deixa bastante surpresa.

— Desde quando você dirige um Fiesta, Josh?

— Desde que eu arrumei um emprego, meus pais cortaram minha mesada e disseram que eu vou ter que bancar tudo sozinho. — Ele explica, o que me deixa ainda mais chocada.

— Morando naquela casa gigante? Você está recebendo tanto assim? — Pareço enxerida, mas com ele eu sei que posso fazer milhares de perguntas.

Nós não somos os melhores amigos da história, pelo contrário, nem nos falamos por mensagem com frequência, mas quando decidimos estar juntos, é como se nunca estivéssemos distantes. Josh Walker sempre esteve por mim de uma forma que eu não sei explicar, mesmo quando eu não estava por ele. Como hoje, nós sabemos que eu estou aqui porque eu não tenho mais ninguém de confiança na cidade, porque antes dele eu tenho duas pessoas que estão do outro lado do país, na minha lista de prioridade. E mesmo assim, algumas vezes, parece que eu sou a única na lista do meu antigo parceiro de laboratório e romance conturbado.

— Eu vou sair da casa, Scodelario... — Ele ri fraco, balançando a cabeça em negação, me entregando metade das sacolas para conseguir pegar a chave do carro bolso. — Eu briguei com eles, sabe? Joguei na cara todas as merdas que eu sofri durante o ensino médio e tal, e depois decidi dar o pé da vida deles.

Meu coração se aperta ao ouvi-lo falar.

— Eu sinto muito...

— Não precisa, estava na hora de eu me livrar deles mesmo. — Ele dá de ombros.

Eu não posso nem discordar. Josh sempre foi carente demais, talvez por isso ele gostava dos pais dos amigos, mas agora que cada um seguiu um rumo, ele deve estar mais carente de família do que nunca.

— Agora que eu estou na cidade, você pode ir pra minha casa sempre que quiser. — Tento soar reconfortante.

— Relaxa, Evie, eu sei que você tem seus lances. — Sua postura se enrijece. — Eu posso me virar sozinho com os meus.

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