the perks of being a wallflower; romione.

Prólogo.

31 de agosto

Querido amigo, estou lhe escrevendo porque ela disse que você ouviria, entenderia e não tentaria dormir com aquela pessoa embora você tivesse a chance. Estarei lhe contando essas coisas porque diferente das outras pessoas, eu sei que você entenderá pois você está vivo e aprecia o que isso significa.

Então, esta é a minha vida. E eu quero que você saiba que eu sou feliz e triste ao mesmo tempo, mesmo não sabendo como posso ser assim. Bom, tento pensar nos acontecimentos da minha vida como um dos motivos para que tudo seja dessa forma, principalmente depois do dia em que meu amigo Dom não foi à escola em um dia qualquer no outono passado e ouvimos a voz da Sra. Miller ecoar nos altos-falantes de toda a escola, noticiando que um dos alunos havia falecido e que na quinta-feira faríamos uma cerimônia em memória de Dom Russel.

Ninguém havia me contado o que realmente aconteceu, eu escutei por acaso em um dos corredores quando Josh, o do aparelho dentário, comentou que Dom havia se matado. Sua mãe estava na casa da vizinha ajudando-a com a chegada da mobília nova quando ouviu o som do disparo.

Eu não lembro bem do que aconteceu depois de eu ter escutado isso, exceto que meu pai apareceu na escola e me abraçou para que eu parasse de chorar. Depois ele tentou me animar, pedindo para que eu tentasse ser forte, mas eu não sei se eu conseguiria. Papai me levou para tomar milkshake e comentou algumas coisas sobre o trabalho, e eu amava ouvir sobre as invenções que ele fazia no trabalho dele. Depois disso, fomos para casa.

Nos dias seguintes, por causa do acontecimento com Dom, a Sra. Miller nos levou para ouvir palestras de psicólogos que falaram sobre suícidio. Eu não entendia o porquê de estarem fazendo isso só agora, talvez, meu irmão Fred estivesse certo quando falou que as pessoas só dão atenção para a gravidade do suícidio, quando alguém finalmente o comete. Depois de todas as palestras, a Sra. Miller pediu para que os alunos que gostassem de Dom falassem algumas palavras bonitas para homenageá-lo e depois pediram para que falássemos como nos sentíamos com aquela situação. Eu acho que eles tinham medo que algum de nós tentássemos fazer o mesmo que Dom fez, porque todos pareciam nervosos e ansiosos com a situação, principalmente quando começamos a falar sobre a situação. Lacey que recentemente havia sido diagnosticada com Transtorno de personalidade Boderline, disse que às vezes enquanto tentava dormir, pensava em suícidio. Ela foi sincera e isso deixou a Sra. Miller confusa. Depois, foi a vez de John falar sobre isso. Ele é um dos garotos mais engraçados da turma, sempre está sorrindo, mas ele contou que se sentia muito triste mas que nunca pensou em suícidio porque isso era pecado. E isso me deixou confuso, porque por mais que o John fosse feliz por fora, ele não era nada feliz por dentro. Depois de falar com todos, um dos teraupetas finalmente se dirigiu até mim. — E você, Ronald? Como se sente com isso.

Eu estava confuso, era um misto de sensações que envolvia dúvidas por eu não ter ideia de como ele sabia o meu nome e tristeza por tudo que havia acontecido. — Bom, o Dom era o meu melhor amigo e ele era muito legal. Eu não estou triste, apenas estou aborrecido por não entender o porquê dele ter feito isso e nem o porquê dele nunca ter me dito nada. Parando por um momento, esse não parece nada com o jeito que eu falo... Principalmente porque eu nunca parei de chorar naquela sala, em nenhum momento. — Ronald, talvez o Dom tivesse problemas em casa. Foi isso que o terapeuta me falou e agora eu estava confuso. — Por que ele nunca me disse nada?! Éramos melhores amigos! Eu poderia ajudar! E eu estava gritando e chorando ainda mais e o terapeuta não conseguia me acalmar, nem a senhora Miller conseguiu me fazer parar de chorar. Mais uma vez meu pai precisou aparecer na escola para me acalmar.

Pelo final daquele ano letivo, todos os professores me tratavam de uma forma diferente e me davam boas notas, mesmo que eu não tivesse me tornado mais inteligente. Talvez eu os deixasse nervosos... Mesmo nunca tendo entendido o porquê.