Louis se pergunta dia e noite o porque de tudo.
Ele quer saber o porque da vida, o porque da morte. Se Deus quer que sejamos todos felizes, porque complicar tanto? Porque têm de ser tão difícil?Esses pensamentos são consequência da fase ruim que Tomlinson estava passando. Depois da morte de sua mãe, Johanna, seu mundo virou de ponta cabeça e oque fazia sua dor diminuir era ler, para fugir da realidade. E ele leu. Bastante.
O problema era que não tinha como fugir da realidade para sempre, e perceber que ele tinha de encara-la sozinho, foi oque o fez piorar.
Talvez você que esteja lendo entenda, eu sinceramente espero que não, mas quando essa fase ruim chega, dói, mas depois de um tempo dentro de tantos pensamentos negativos, você se acostuma e começa a não se importar mais, deixa de fazer as coisas que gosta, se afasta das pessoas e oque mais dói, deixa de sentir as coisas. Soa bem deixar de sentir a dor que tanto te incomoda mas eu garanto que, desse jeito, não é.
Porque não conseguir rir ou chorar é torturante.
É torturante não poder falar oque sente porque ja doeu tanto que a dor simplesmente não existe mais, mas ela leva tudo com ela. E é isso que mata Tomlinson, aos poucos.xx
A madrugada se inicia trazendo com ela esses pensamentos novamente, todos de uma vez.
Louis nunca fora religioso, nunca tentara ir á igreja ou rezar antes, dessa vez era diferente por que ele pensava seriamente em concretizar tudo oque passava em sua mente, e só ele sabe o quanto se sentiu culpado na época por não conseguir.Então depois de mais uma crise de ansiedade ele tenta pela primeira vez, rezar. Ele pede um motivo, um único motivo pra ficar. Algo que dissesse que ele deveria lutar contra o estava passando porque no final, valeria a pena.
Mas Louis não recebe nada de imediato. Nada. No dia seguinte aconteceram as mesmas coisas de sempre: faculdade, trabalho, casa.
No caminho de volta para casa existe uma ponte, que hoje, Louis via como uma oportunidade. Uma oportunidade pra começar de novo, do zero.
Em questão de segundos, Louis se vê sentado na mureta da ponte. Ele olha pra baixo, fecha os olhos e respira fundo. Ele chora, pois sabe que sua mãe não se orgulharia dessa atitude e nunca o perdoaria por isso.
Era fim de tarde, fazia frio e não existiam pessoas ou carros por ali, oque fazia os olhos azuis acreditarem que aquilo era o certo.
Ele ergue seus braços ainda de olhos fechados, sentindo o vento gelado no rosto.
Quando nada além de coragem há em seu corpo, Tomlinson houve uma voz. Uma voz rouca e masculina, mal sabia ele que o dono daquela voz salvaria sua vida, em todos os sentidos.
- Alto, não é? - A voz do desconhecido parece ecoar na cabeça de Louis enquanto o dono dela tira um vidro de bebida do bolso de sua jaqueta, abrindo a tampa e logo em seguida, bebendo.
Louis abaixa seus braços e seca lágrimas involuntárias em seu rosto com as mãos trêmulas.
Ele sabia, de algum modo, que aquele era o sinal que pedira noite passada.- Eu pularia com você se não tivesse que trabalhar amanhã - O cacheado continua quando vê Louis descendo de onde estava ainda tenso - Quer um pouco? - Ele oferece a bebida com um sorriso gentil no rosto, deixando á mostra suas covinhas.
Louis apenas assente com a cabeça e bebe um gole do que ele descobre na hora, ser vodka.
Uma tensão se inicia quando o menor devolve o vidro já vazio para o desconhecido. Mais alguns poucos mas, torturantes minutos se passam e a voz rouca decide quebrar o silêncio:- Porque? - O maior diz, agora com os olhos em Louis.
- Porque não? - Tomlinson se vira para encarar o cacheado á sua frente.
Ele tinha lindas orbes verdes em seu rosto. Eram os olhos mais lindos que Louis ja vira em toda sua vida.
O contato visual faz Tomlinson sentir seus órgãos todos revirarem dentro de si. As borboletas...
Um sentimento que os olhos azuis tinham se esquecido como era. Mas ele sentiu. Ele ainda é capaz de sentir algo. Foi naquele momento que Louis percebeu que não estava tudo perdido e que talvez ele finalmente conseguisse sentir algo que não fosse angústia ou dor. Era disso que ele precisava.
- Você tem um ponto - O dono das orbes verdes diz rindo sem humor, quebrando o contato visual. - Quer conversar?
- Não precisa fazer isso. - Louis abaixa a cabeça encarando seu vans com os cadarços desamarrados.
- E se eu quiser fazer? - O cacheado guarda o vidro vazio de vodka no mesmo bolso que tirara a pouco, põe os olhos no menor novamente e chega mais perto.
Não perto o bastante para um beijo, mas perto o bastante para fazer o coração de Louis quase sair pela boca.- Porque viver? - Tomlinson se vira voltando a fazer o contato visual com o moreno.
- Porque não? - A voz rouca responde sem hesitar fazendo ambos rirem.
Louis relaxa o rosto e assiste o maior fazer o mesmo chegando mais perto ainda.
- Olha... - O cacheado começa com suas mãos no queixo de Tomlinson. - Eu não sei qual o sentido da vida nem nada mas se você quiser, a gente pode descobrir junto.
As pausas que o maior fazia enquanto falava com aquela voz calma e reconfortante fazia Louis se sentir como não se sentia a tempos, em casa.
O abraço que os olhos verdes recebera como resposta foi tão sincero. Depois de alguns minutos, eles atravessam a ponte, cada um em uma direção, basta dar alguns passos e os dois olham para trás e sorriem um para o outro, porque sabiam que apartir dali, tudo iria mudar.
- É Harry! - O dono dos os verdes grita de longe sorrindo para Tomlinson - Harry styles. - Fazendo Louis rir e mostrar o dedo do meio.
Eles sabiam onde se encontrar.
Um tempo se passa e depois de muitas visitas á ponte, mensagens de texto e encontros, Louis se pergunta oque teria acontecido se só atravessado a ponte aquele dia, se tivesse passado reto. Harry diz para ele não se preocupar, ele o encontraria de qualquer jeito.
