Capítulo 12

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Eu ainda estava a caminho do castelo quando o céu em Senka escureceu. Naquele momento senti arrependimento por não ter ficado para ver o que Kardama faria. Eu ainda estava curiosa para descobrir o que levava todos a temerem tanto o príncipe sombrio.


A empregada silenciosa aproximou-se confusa quando percebeu que eu voltei mais cedo do que os outros. Apesar de confiar que o príncipe cumpriria sua parte em nosso novo acordo, eu ainda estava irritada e por isso fui diretamente em direção ao meu quarto.


Comecei a caminhar de um lado ao outro enquanto ela ouvia meu desabafo assustada. Eu estava cansada de Senka, da família real Halfu e de todas as regras estúpidas que eles criavam, então não conseguia sequer imaginar quão frustradas deveriam estar as pessoas que viveram toda a vida naquela situação.


— Como consegue não falar nada diante de tudo isso? — questionei com certa irritação.


A empregada silenciosa apontou em direção ao seu próprio pescoço e eu arqueei as sobrancelhas surpresa.


Engoli seco e senti meus olhos lacrimejarem.


— Eles tiraram sua voz com magia?


Ela balançou a cabeça para concordar. Aquela explicação fazia sentido. Todos os empregados do castelo eram tão silenciosos quanto ela e agora eu entendia o motivo. Eles não queriam que os empregados contassem para o povo sobre as coisas que aconteciam ali. Fiquei ainda mais irritada com a família real.


Embora aquela fosse a saída mais fácil para evitar que todos soubessem sobre os segredos da família real, era também desumano desconsiderar que os empregados eram pessoas, com vidas pessoais que estavam sendo prejudicadas. Aquilo acabava com a liberdade deles.


— Mostre onde fica o jardim, por favor — pedi irritada.


Se eu ficaria, não continuaria permitindo todas aquelas injustiças.

A empregada finalmente indicou o caminho para o grande jardim de inverno onde ficavam todas as plantas que eram usadas para fazer poções. Eu ainda não conhecia todas as receitas, mas devolver a voz de alguém era simples. Eu precisaria apenas das folhas de raleesa, de água destilada e de algumas especiarias que eu já sabia que existiam na cozinha. Não era uma boa bebida, mas serviria para resolver aquele problema.


Fui até a floresta que cercava o castelo para preparar a mistura, porque não queria que ninguém visse, então entreguei o pequeno frasco com o líquido amarelado para a empregada silenciosa, que observava cada movimento meu com atenção.


— Beba antes de dormir e não conte para ninguém, porque nós duas morreremos se souberem — avisei enquanto entregava.


A empregada silenciosa continuou me encarando por alguns segundos, então adiantou-se para me abraçar. Ela parecia feliz pela primeira vez desde quando cheguei em Senka.

O Príncipe Sombrio [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora